*João B. A dos Reis
A comunidade científica encolheu com a partida aos quatorze de março de 2018 do físico e matemático inglês Stephen Hawking (Oxford, 8 de janeiro de 1942 – Cambridge, 14 de março de 2018) no Reino Unido. Um ser humano fora dos padrões normais. Transcendeu a origem de todas as coisas relativa aos segredos secretos ocultos do cosmos mais longínquo e complexo, apesar da ELA (esclerose lateral amiotrófica) imobilizá-lo, que o confinou aparentemente inerte em uma cadeira de rodas por décadas, apenas os músculos da bochecha se moviam e assim proporcionava toda a sua comunicação com o mundo externo, controlando seu sintetizador de voz através do Apple II.
Hawking deixa o planeta no dia internacional do Pi (3,14), um tempo inacabado referenciado em alguma dobra do espaço-tempo, como ele dizia. Deixando o planeta Terra mais próximo da compreensão da origem cosmológica, incitada pelas explanações didáticas de sua obra inspiradora e precursora, refletora da sua evolução intelectual científica de divulgação a “Uma Breve História do Tempo” (1988), traduzida em 35 línguas, teve mais de 10 milhões de cópias vendidas em 20 anos. Tratava as diversas teorias existentes e carentes de ordenação sistêmica como a do princípio quântico da incerteza, a teoria das supercordas e buracos negros, descrevendo-as com maestria e elegância a famosa fórmula da equivalência entre matéria e energia de Albert Einstein (Ulm, 14 de março de 1879 — Princeton, 18 de abril de 1955): E = mc², famosa fórmula da equivalência entre matéria e energia de Einstein, síntese do princípio dos buracos negros, o caos e a ordem nessas singularidades (um ponto infinitamente pequeno e denso) na obra o “Universo numa casca de noz”.
Hawking pensou e desvendou o cosmo além da nossa imaginação, explicando a evolução dele através de uma retórica de fácil acesso dogmático. Nessa empreitada atravessou séculos da ciência, reportando o universo de Newton (4 de janeiro de 1643, Woolsthorpe Manor, Reino Unido e faleceu em 31 de março de 1727, Kensington, Londres, Reino Unido), as teorias da relatividade de Einstein, o espaço curso – a dobra do espaço-tempo, o universo em expansão: o big bang, a gravidade quântica e a impossibilidade das viagens através da estrutura teórica dos buracos de minhoca (atalhos entre pontos distantes no espaço insustentáveis, pois deveria ser uma curvatura negativa – muito improvável). E, finalizando, descreveu as possibilidades de uma probabilidade da unificação das forças da natureza. Responderia também a ideia de espaço-tempo de Kurt Gödel (1906-1978) compor um efeito colateral matemático, no caso, de se houvesse uma viagem por uma enorme distância para longe da Terra, e depois voltasse, seria possível voltar à Terra antes de você ter partido. Assim, na forma de sua prosa, ele acreditava que o universo não era arbitrário, mas era governado por leis bem definidas. Inclusive, se viajantes do tempo existissem, nós já teríamos sido visitados por eles. Dizia Hawking não haver limites para o espírito humano. Popularizou uma física teórica que matematicamente mapeou a origem de onde viemos e para onde poderemos ir pelos nossos desatinos mentalmente reais e os originados da criação artificial. Podemos dizer que ele adentrou metaforicamente o interior dos buracos negros para decifrá-los além do espaço-tempo por ele concebido, sendo presenteado a conviver por alguns anos na caverna do demiurgo. Daí Hawking uniu conceitualmente duas poderosas teorias, a relatividade geral (aspectos gravitacionais do universo) e a mecânica quântica.
Falar de Stephen Hawking é de extrema dificuldade… vamos continuar olhando para as estrelas…
* João B. A. dos Reis – Doutor e Mestre em História da Ciência – PUC/SP. Pesquisador em Filosofia, Epistemologia e História da Ciência. Físico, Especialista em Meio Ambiente e Gerenciamento de Recursos Naturais FAFIC/UFMG. Pesquisador e Professor do Ensino Superior – UNEC/Caratinga-MG
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