Hoje não é um domingo qualquer, comemoramos os 170 anos de Caratinga, uma história que começou no dia 24 de junho de 1848. Portanto, uma história longa, repleta de enredos marcantes que se eternizam com o passar do tempo, mesmo sendo pouco conhecida pela maioria dos viventes da terra das palmeiras.
Mas a história continua viva, sendo construída e com possibilidades de novos marcos e rumos. Quanto mais as raízes se tornam profundas, mais firmes e frondosas as árvores se tornam. Isto quer dizer, quanto mais valorizamos e conhecemos nossa história, nossas raízes, mais propícios ao progresso nos tornamos, formando uma sociedade mais digna, próspera e justa. Um paradoxo sensacional da vida em sociedade.
Seguindo este raciocínio, podemos ver que no passado da nossa cidade, provavelmente encontraremos o caminho das possibilidades de um futuro com outra textura social. Podemos afirmar que nosso passado, nossa história, aponta-nos a todo instante que somos uma cidade de inúmeras possibilidades de crescimento e desenvolvimento.
Como o leque de alternativas é imenso, vou enquadrar a reflexão deste texto na vertente da educação e cultura. Não que seja o mais importante, mas o único que tem por essência o objetivo de mudar o rumo da história e da vida das pessoas. Um tema por si só de enorme abrangência e importância.
Somos a terra dos escritores, são tantos nomes de destaque nacional e regional, possuidores de grande acervo material de publicações, premiações e produções. Juntos poderiam possibilitar a existência de um espaço cultural fantástico, uma casa dos escritores de Caratinga.
Somos a terra de jogadores de futebol e atletas de outros esportes portadores de reconhecimento nacional; somos a terra da existência, em tempos idos, de um time de futebol profissional; em ambas as situações, com certeza encontraremos fotos, troféus, camisas, chuteiras, bolas, autógrafos, recortes de jornais e tantos outros artefatos que possibilitam uma exposição cotidiana da história do esporte da nossa cidade.
Somos a terra da religiosidade, com templos bonitos, alguns frondosos e históricos, a exemplo da Igreja de São João, que permitem um circuito de visitação. Neles podemos observar detalhes arquitetônicos, pinturas fantásticas e mosaicos maravilhosos.
Somos a cidade de uma Miss Brasil; de presidentes de grandes estatais, como a Petrobrás; de cartunistas constantemente premiados, até mesmo internacionalmente; somos a terra do dono de uma das vozes mais bonitas do Brasil, um cantor renomado. Imagine o acervo pessoal de todos eles. Daria um memorial indescritível.
Mas será que toda esta história é importante? Sou capaz de afirmar que tudo isto junto fomentaria o turismo, trabalhos de campo promovidos por escolas, a arrecadação do município, a valorização das pessoas e de nossa história. Possibilitaria o desenvolvimento das pessoas, o crescimento social, emocional e humano. Faria uma Caratinga melhor.
Temos um tesouro escondido, somos ricos historicamente e infelizmente, por não prestigiarmos a nossa história, vivemos pobres culturalmente. Desperdiçamos nossas riquezas, não enaltecemos as possibilidades que elas nos oferecem a todo instante. Mas ainda há tempo, com um pouquinho de boa vontade, principalmente dos gestores públicos e dos demais setores organizados da sociedade poderemos, se quisermos, mudar este cenário desolador.
E quando este dia chegar, teremos realmente muito mais motivos para comemorar. Por isso, viva Caratinga, o seu passado, os seus 170 anos, guarda grande parte da sua riqueza e com ele a eterna esperança que dias melhores podem existir. Pois com diz o pensador: “Um povo sem memória é um povo sem história. E um povo sem história está fadado a cometer, no presente e no futuro, os mesmos erros do passado.”
Walber Gonçalves de Souza é professor e membro das Academias de Letras de Caratinga (ACL), Teófilo Otoni (ALTO) e Maçônica do Leste de Minas (AMLM).