Aquele abraço amigo do esporte, amigo da bola. Depois de recordar um pouco da história do começo do Campeonato Brasileiro, lembrar dos poderosos Palmeiras e Santos maiores vencedores da competição, chegou a hora do Brasil começar a conhecer o Cruzeiro. Tanto o Torneio Roberto Gomes Pedrosa (Robertão) como a Taça Brasil eram dominados pelos clubes do chamado eixo Rio-São Paulo. Porém, o ano de 1966 foi diferente. Depois de conquistar cinco títulos consecutivos, de 61 a 65, o Santos, de Pelé e Cia. chegou obviamente como grande favorito ao título. Entretanto, o Cruzeiro time formado por jovens como Tostão e Dirceu Lopes surpreendeu a todos jogando um belo futebol e atropelando os adversários. A campanha Celeste não deixa dúvida disso. Foram 08 jogos, 07 vitórias, nenhuma derrota, 25 gols a favor e apenas 08 contra.
O torneio reuniu 21 campeões estaduais e o Santos, que defendia o título. A competição foi disputada em etapas eliminatórias, sendo que alguns clubes entravam direto em determinadas fases: Santos e Fluminense, por exemplo, representantes de São Paulo e da Guanabara, começaram a disputar o campeonato nas semifinais e fizeram somente quatro jogos em suas campanhas. Como sempre digo, organização e regulamentos claros, assim como hoje, não faziam parte do nosso futebol. Ainda assim, a Raposa superou tudo isso, e bateu um dos maiores times do mundo nos anos 60. Só para se ter uma ideia, dos 15 estaduais de São Paulo na época, o Peixe venceu 11. Sem falar em conquistas brasileiras e mundiais. Além do Rei Pelé, o time santista ainda era base da Seleção Brasileira: Gilmar, Zito, Mauro Ramos, Pepe, Carlos Alberto Torres, tantos outros craques.
O encontro com o Santos foi mágico e entrou para a história dos clubes e do futebol brasileiro. Diante do Peixe, campeão das últimas cinco edições do torneio, o Cruzeiro abriu 5 a 0 no primeiro tempo e venceu o jogo no Mineirão por 6 a 2. Na volta, no Pacaembu, o Santos foi para o intervalo vencendo por 2 a 0 – o que obrigaria um jogo-extra. Mas o Cruzeiro conseguiu uma grande reação e venceu por 3 a 2, quebrando a hegemonia santista. Depois do apito final do folclórico Armando Marques, o Cruzeiro comemorou enfim seu primeiro triunfo no certame nacional. Um dos principais jornais da época dava o destaque da seguinte forma, “A capital mineira comemora delirantemente a grande vitória do Cruzeiro. Populares festejam pelas ruas e a grande alegria deverá prolongar-se por muito tempo. O governador Israel Pinheiro receberá amanhã à noite, em praça pública, a delegação do time alvi-celeste, promovendo a entrega das faixas de campeão brasileiro”.
Cruzeiro campeão: Raul, Pedro Paulo, William, Procópio e Neco; Piazza e Dirceu Lopes; Natal, Tostão, Evaldo e Hílton Oliveira – Técnico: Aírton Moreira.
Recentemente os ídolos daquele timaço foram homenageados na Toca da Raposa. Tostão teve os pés eternizados no hall da fama do clube. Raul Plassmann e Zé Carlos também foram lembrados.
Semana que vem estarei de volta pra recordarmos e conhecer mais da história de nossos grandes times e craques no Brasileirão.
Rogério Silva
Leia mais comentários acessando o site: www.diariodecaratinga.com.br