Aquele abraço amigo do esporte, amigo da bola. Nossa viagem pela história do Brasileirão continua em seus primórdios. Depois de o Bahia ter conquistado o primeiro Campeonato em 1959, nos anos seguintes os títulos ficariam quase todos no chamado eixo Rio-São Paulo. Isso porque o regulamento embora dividisse os clubes regionalmente, paulistas e cariocas entravam na competição apenas nas semifinais. Assim, precisavam de apenas quatro jogos para conquistar o título. Em 1960 o Palmeiras levantou o caneco após passar pelo Fluminense, e derrotar o Fortaleza na decisão por 3 a 1 e 8 a 2. Porém, de 1961 até 1965, o Santos de Pelé se tornou imbatível e conquistou cinco competições. Entretanto, a polêmica esta exatamente no número de jogos. Para se tornar pentacampeão brasileiro o Peixe precisou jogar apenas 24 jogos nas cinco conquistas. Só para comparar, em 2003 o Cruzeiro, comandado por Wanderlei Luxemburgo, precisou de 46 jogos para sagrar-se campeão brasileiro na primeira edição dos pontos corridos. Resumindo, o Santos ganhou cinco títulos jogando praticamente a metade da Raposa em apenas um. Como disse na primeira coluna, publicada no domingo passado, organização e regulamentos justos nunca foram o forte no futebol brasileiro. Aliás, o Torneio Rio-São Paulo disputado na mesma época, tinha até mais prestígio que a Taça Brasil. O motivo óbvio era a presença dos grandes clubes do país. Além disso, a disputa em pontos corridos em turno único, obrigava os clubes a jogarem mais partidas até o título. A partir de 1967, com a entrada de clubes de Minas, Rio Grande do Sul e Paraná, o torneio ganhou o nome de Roberto Gomes Pedrosa. Como a Taça Brasil e o Robertão passaram a ser disputados paralelamente, em 1967 o Palmeiras ganhou dois títulos brasileiros. Afinal, ganhou a Taça Brasil e o Torneio Roberto Gomes Pedrosa. Em1968, tivemos dois campeões brasileiros, o Santos venceu o Robertão, enquanto o Botafogo conquistou a Taça Brasil. Como a CBF decidiu em 2010 reconhecer esses títulos como brasileiros, a confusão foi formada. Uma equipe ganhando o mesmo título duas vezes no mesmo ano, no ano seguinte o mesmo campeonato tendo dois campeões diferentes. Coisas do país do futebol. Ainda assim, com tantas confusões e polêmicas, dentro de campo os jogos tinham muita qualidade e craques de sobra. Para ilustrar a coluna de hoje, Palmeiras e Santos, os dois maiores vencedores.
Apesar da total falta de organização fora de campo. Dentro das quatro linhas nosso futebol sempre produziu grandes esquadrões que marcaram época e conquistaram e encantaram o mundo. Na próxima coluna vamos contar um pouco do Cruzeiro de 1966, que bateu o time da Vila e se apresentou para o Brasil e revelou muitos craques.
Rogério Silva