*Margareth Maciel de Almeida Santos
Eu estava lanchando em uma padaria no centro do Rio de Janeiro, quando uma senhora que estava sentada ao meu lado me questionou, se o ex-presidente Lula iria ser preso? Não sei o que levou essa senhora a me questionar sobre esse assunto, talvez seriam os livros que eu estava carregando. Se bem que aqui no Rio, se tem o hábito de conversar no ônibus, no metrô, nos sinais da rua. Pessoas desconhecidas, que após conversarem, se despedem como se fossem conhecidas. Acho que é o jeito do carioca!
Eu disse a ela que se ficar provado que ele roubou, penso que seria sim. E ela voltou a me questionar, dessa vez e nova pergunta foi sobre os presentes que o ex-presidente Lula havia recebido e que foram encontrados no Banco do Brasil em nome de sua esposa e de seu filho?
Respondi que um cidadão comum, quando se apossa de algo que não o pertence, segundo a lei, ele deverá ser preso, e que agentes públicos não podem receber presentes. Falei ainda que isso é um assunto de competência do Ministério Público Federal de Brasília e que deveríamos aguardar o resultado. Citei ainda que nos Estados Unidos todo presente é de propriedade do Estado, e isso se aplica a primeira-dama e outros cargos executivos. No entanto se houve ou não o crime, deveremos aguardar a conclusão das investigações, pois até o momento nada pode dizer.
As notícias nos jornais, televisão revistas nos mostram que estamos vivendo momentos que nos levam a crer que a corrupção é uma questão social, e internacional, porque ela está acontecendo em todos os lugares do mundo, com mais ou menos intensidade. E que a necessidade de ser investigada está relacionada à classe pobre. Para que essa possa emergir, surge a necessidade de se acabar com a corrupção.
No dia 07 de abril se comemorou o Dia Mundial da Saúde e de acordo com lei 8080 de 1990, esta é um direito fundamental do ser humano e se relaciona com outros fatores, alimentação, moradia, saneamento básico, educação, transporte, etc, para que possamos obter uma melhor qualidade de vida.
Aqui no Rio, realidade, que estou que vejo de perto, existe uma pobreza que se estende de forma vergonhosa, onde o sistema único de saúde e os postos de atendimentos estão abarrotados de pessoas carentes, filas intermináveis, hospitais caindo aos pedaços, medicamente em falta, equipamentos quebrados, funcionários sem receber o salário. Não sei qual a melhor palavra para se definir essa realidade. Será que estamos no meio de uma guerra? De que adianta a lei? Será que os recursos são insuficientes, ou estão sendo desperdiçados, mal utilizados. Seria uma deficiência da máquina pública?
Quando ouço pessoas dizendo que as coisas irão melhorar, fico me perguntando de que país elas estão falando? Estou cética diante de tanta desigualdade.
Penso que para entender o Estado Democrático de Direito há de se rever a nossa história, a nossa cultura para chegarmos à conclusão que é necessário ter outra mentalidade, não é apenas a troca de governo que irá solucionar os problemas da crise econômica e política que estamos afogados.
Aprendi que tempo de crise é tempo de abordagens reflexivas das relações sociais. Finalizo citando o filósofo alemão Karl Marx: “De nada valem as ideias sem homens que possam pô-las em prática”.
*Margareth Maciel de Almeida Santos é advogada e doutoranda em Ciências Sociais. Pesquisadora CNPQ.