UNEC realiza ato pelo Dia Nacional da Luta Antimanicomial

Alunos que participaram da atividades em alusão ao Dia Nacional da Luta Antimanicomial

CARATINGA — O campus do Centro Universitário de Caratinga (UNEC) foi palco, no último dia 18, de uma série de atividades em alusão ao Dia Nacional da Luta Antimanicomial, reunindo estudantes e professores do curso de Psicologia em torno de palestras, manifestações simbólicas e momentos de reflexão.

Mais do que um evento acadêmico, o encontro serviu como um chamado coletivo para manter viva a memória da resistência contra práticas psiquiátricas excludentes e violentas, historicamente presentes no país.

 

Entre as ações, canções de protesto foram entoadas pelos participantes, incluindo a emblemática “Em Nome da Razão”, que relembra as condições degradantes a que mulheres foram submetidas em antigas instituições psiquiátricas brasileiras. A música, carregada de história e denúncia, guiou os debates sobre a importância da dignidade no cuidado com a saúde mental e a defesa pelo tratamento em liberdade.

 

“Não podemos retroceder”, alerta psiquiatra

Presente no evento, o psiquiatra Glauco Arantes destacou a relevância do movimento antimanicomial para impedir retrocessos nas políticas públicas de saúde mental.

— Já conseguimos avanços importantes e não podemos permitir que tudo isso se perca. Um retrocesso não atinge apenas o paciente, mas toda a família e a sociedade, gerando sofrimento e altos custos sociais e econômicos — pontuou.

 

Movimento ético e permanente

O professor Marco Antônio, também participante das atividades, reforçou que a luta antimanicomial é permanente e exige o envolvimento de toda a sociedade.

— Estamos falando de pessoas em sofrimento mental, e isso vai muito além da prescrição de medicamentos. É uma causa que nasce com a redemocratização do Brasil, defendendo o direito de viver na comunidade, com inclusão, dignidade, saúde e educação. É uma memória que precisa ser renovada ano após ano — ressaltou.

 

Pós-graduação em Saúde Mental

Durante o evento, foi anunciado que o UNEC lançará em breve uma pós-graduação em Saúde Mental. De acordo com os organizadores, o objetivo é qualificar ainda mais os profissionais da área e aprofundar os debates sobre o cuidado ético e humanizado em liberdade.

— Cuidar de saúde mental é um compromisso ético com a vida. Essa pós-graduação vem para fortalecer a formação crítica e o diálogo entre teoria e prática — concluiu Marco Antônio.

 

Um chamado à consciência coletiva

O Dia Nacional da Luta Antimanicomial segue como um importante manifesto pela inclusão e pelo respeito às diferenças. A proposta do movimento é clara: ninguém deve ser isolado, excluído ou privado de sua liberdade por conta de transtornos mentais. Cuidar é, antes de tudo, um ato de humanidade.