UMA HOMENAGEM PARA “TOTA”

Lígia Maria Reis Matos apresenta livro em homenagem a seu pai

Livro trata vida política e particular de Antônio Machado da Cunha, em seu centenário de nascimento

CARATINGA- Mais que uma homenagem da filha para o pai. No livro “Tota – Homenagem ao Centenário de Nascimento de Antônio Machado da Cunha”, a autora, Ligia Maria dos Reis Matos, presidente emérita da Academia Caratinguense de Letras buscou ouvir pessoas que acompanharam de perto a trajetória política e a vida particular daquele que é considerado uma figura ilustre da história de Caratinga.
Antônio Machado da Cunha nasceu no dia 19 de janeiro de 1924 em Vargem Alegre, que na época era distrito de Caratinga. Entre 1955 e 1957 foi vice-prefeito no mandato de Joaquim Vicente Bomfim, o “Quinzim Bonfim”. No ano seguinte exerceu o cargo de prefeito, no período entre 1° e 31 de maio. Também se elegeu vereador em três mandatos e presidiu a Câmara Municipal entre 1973 e 1974. Por muitos anos foi também servidor público e vicentino, contribuindo para o crescimento das obras assistenciais da Sociedade São Vicente de Paulo na região.
Lígia destaca alguns ensinamentos que teve com o pai, dentre eles, a forma de fazer política, voltada para o bem comum. “Acho que todo filho vai falar isso do pai, mas meu pai realmente é essa pessoa diferenciada. Não só como pai, a pessoa humana, mas, assim, também como político. Então, na verdade, essa homenagem que eu pretendia fazer a ele era exatamente nesse aspecto de o político Tota. Ele, ao longo da vida, foi ensinando para os filhos dele, para todos que conviviam com ele, a verdadeira política, o que de fato é ser político, o que a política pede da pessoa. E meu pai foi exatamente isso. Política como a ciência do bem comum. E eu achei que ele merecia essa homenagem. Às vezes, as pessoas dizem assim, agora estou homenageando porque morreu, que tinha que fazer enquanto vivo. Mas, ele soube a vida inteira da minha grande admiração por ele, de quanto eu busquei e continuo buscando seguir os passos dele em todos os sentidos. Como pessoa humana, cristã, na família e na política também. E político não é só aquele que se candidata a um cargo eletivo, mas, é aquele que se envolve em uma comunidade, em uma sociedade, e busca o bem daquela comunidade com a qual está convivendo e onde pode fazer alguma coisa.
Ela ainda destaca a trajetória de Tota como trabalhador e seus feitos na vida política, conquistando o eleitorado. “Ele veio para Caratinga já buscando trabalho, começou a trabalhar em farmácia, porque meu avô era farmacêutico em Vargem Alegre, prático. Ele manipulava medicamentos, essas coisas e meu pai adquiriu essa experiência com ele e veio trabalhar aqui. Depois, ele retornou a Vargem Alegre, foi trabalhar com meu avô e em seguida veio para a Caratinga trabalhando mesmo. Trabalhou na Caixa Federal, na Receita Federal, até que, finalmente, foi chamado a trabalhar na Prefeitura também. E estando na Prefeitura envolvido com os políticos, ele acabou entrando e enveredando mesmo pela política partidária, no sentido de fazer o melhor para a sua comunidade. Ele foi inúmeras vezes vereador por Vargem Alegre, uma votação inclusive expressiva, Isso que impressiona muita gente, sempre impressionou todo mundo. Era eleição geral, ele teve, na comunidade aqui, mais votos que o próprio prefeito. Ele, enquanto candidato a vice, tendo mais votos, porque era voto separado”.
Para Lígia, Tota era uma pessoa digna de confiança e que sempre buscou apoiar seus conterrâneos e familiares. “Os primos, os conterrâneos, que queriam seguir estudando, o pai trazia aqui pra casa. Então, aqui em casa, a gente tinha o quarto dos meninos, o quarto das meninas e o quarto do pai e a mãe. E o quarto dos meninos tinha, assim, quatro beliches, dormiam um em cima e um embaixo. Eram dois filhos. E o resto, pessoas que vinham pra morar. E no quarto das meninas também. A gente era em seis, em três camas. Éramos as três filhas e mais três primas ou pessoas de Vargem Alegre mesmo, vinham pra cá pra estudar. Muitas pessoas, muito gratas a ele. E a gente aprendeu a ser dessa forma. Uma casa escancarada, um coração escancarado, uma vida escancarada a outra”.
Tota faleceu em janeiro de 2015, aos 91 anos. Em sua homenagem, a Prefeitura Municipal de Caratinga na ocasião decretou Luto Oficial por três dias. Lígia conta que apelidou o livro de “Relicário”, onde guarda relíquias, ou seja, as memórias de seu pai. “Memórias de pessoas que conviveram com meu pai, que o conheceram e aprenderam a admirá-lo. Quero testemunhar para o mundo que meu pai é, de fato, essa pessoa que estou falando que ele é. Então, ao invés de eu pegar o livro, a caneta e escrever, fiz contato com pessoas que conviveram com ele. Então, primos de Vargem Alegre, primos lá de Timóteo, que meu pai morou uma época também em Timóteo, atuou muito lá na vida social através do Rotary. E aí, fiz contato com essas pessoas, pessoas que moraram aqui em casa no tempo de estudantes, que já moram fora, pessoas que já são formadas, médicos, engenheiros. Choveu de depoimentos, sabe? Muita lembrança do meu pai, então, foi um período de uma grande emoção. De ratificar a ideia, o pensamento que eu tenho a respeito do meu pai. De fato, não é coisa de filha, né? Não é coisa minha. Meu pai realmente é essa pessoa que eu apresento para o mundo”.
O lançamento do livro acontecerá no dia 27 de julho, às 17h, no Auditório Professor Celso Simões Caldeira, do Centro Universitário de Caratinga. “Será num sábado e a gente escolheu esse horário, porque é um horário nobre, assim, de festa, de casamento. O auditório nos foi gentilmente cedido pela Fundação Educacional de Caratinga, que, aliás, abraçou, assim, de uma maneira irrestrita, esse meu projeto. Meu pai foi conselheiro, no início da criação da Fundação Educacional, e, então, a Fundação esteve comigo o tempo todo, através do professor Eugênio, a parte de editoração, toda a parte de montagem do livro, me entregou pronto para eu entregar para a gráfica. Estou contando com a presença de todos os meus amigos, todas as pessoas que conviveram com o Tota e que o conheceram. Quando ele seria candidato a prefeito uma vez, o Humberto, que Deus o tenha, meu grande amigo Humberto Luiz, criou um slogan: Agora é Tota. E aconteceu que não foi. A campanha dele não vingou, o partido quis outra pessoa e ele, gentilmente, cedeu espaço para essa outra pessoa. Agora é Tota, de fato. Agora é Tota na nossa homenagem, na nossa memória, no livro que eu estou lançando”.
Ligia Maria dos Reis Matos registra seus agradecimentos a Eugênio Maria Gomes, que escreveu a apresentação do livro; Marilene Godinho, autora do Prefácio; apoio da Prefeitura de Caratinga e ao cartunista Edra, que colaborou com caricaturas.

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