Como renda, educação e moradia impactam o bem-estar da população

CARATINGA- Falar em bem-estar é falar de renda suficiente para viver com dignidade, acesso à educação de qualidade e condições adequadas de moradia. Em Caratinga, os dados do Censo Demográfico 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelam como esses três pilares — trabalho e rendimento, educação e domicílios — se conectam diretamente à qualidade de vida da população e ajudam a explicar os desafios e avanços do município.

TRABALHO E RENDA

A forma de inserção no mercado de trabalho é um dos fatores mais determinantes do bem-estar econômico e social da população, pois influencia diretamente a renda, a estabilidade financeira e o acesso a direitos trabalhistas. Em Caratinga, os dados revelam um perfil diversificado de ocupação, marcado pela predominância do setor privado e por um número expressivo de trabalhadores por conta própria.

O rendimento domiciliar mensal per capita em Caratinga é de R$ 1.369,59, valor que influencia diretamente o acesso a alimentação adequada, saúde, educação, moradia e lazer. O dado evidencia os desafios enfrentados por parte significativa da população para manter estabilidade financeira e qualidade de vida.

Segundo o levantamento, 49,94% dos trabalhadores estão no setor privado, concentrando quase metade da população ocupada. O setor público responde por 12,57% das ocupações, enquanto as empresas estatais representam 0,24%. A presença de militares corresponde a 0,07% dos trabalhadores, compondo uma parcela reduzida do total.

O Censo também mostra a relevância do trabalho informal e do empreendedorismo individual. Os trabalhadores por conta própria somam 29,67%, percentual significativo que revela tanto a capacidade empreendedora da população quanto a necessidade de alternativas diante das limitações do mercado formal. Já os empregadores representam 3,34%, grupo responsável pela geração de postos de trabalho e dinamização da economia local.

Outras formas de ocupação também aparecem no levantamento, como os trabalhadores domésticos, que correspondem a 3,24%, e as pessoas não remuneradas em ajuda a morador do domicílio ou parente, que somam 0,93%, evidenciando relações de trabalho mais vulneráveis e com menor proteção social.

O tempo gasto no deslocamento diário até o trabalho é um fator decisivo para o bem-estar do trabalhador, pois impacta diretamente a saúde física e mental, o convívio familiar e o tempo disponível para lazer e descanso. Em Caratinga, os dados do Censo Demográfico 2022 revelam como diferentes meios de transporte influenciam a rotina da população ocupada.

Entre os trabalhadores que se deslocam a pé, a maior parcela leva de 16 a 30 minutos para chegar ao trabalho (43,63%), seguida por aqueles que gastam de 6 a 15 minutos (28,99%). Outros 13,86% chegam ao trabalho em até 5 minutos, enquanto 12,32% percorrem trajetos mais longos, de 31 minutos a 1 hora. Apenas 1,2% caminham entre 1 e 2 horas, e não há registro de deslocamentos superiores a esse tempo a pé.

Já entre os que utilizam automóvel, predominam deslocamentos de 16 a 30 minutos (39,93%), seguidos por trajetos de 6 a 15 minutos (37,65%). Outros 10,87% levam entre 31 minutos e 1 hora, enquanto 9,66% realizam percursos rápidos, de até 5 minutos. Apenas 1,9% gastam entre 1 e 2 horas no deslocamento, sem registros acima desse tempo.

No caso do ônibus, o tempo de deslocamento tende a ser maior. A maior parte dos usuários leva de 16 a 30 minutos (48,61%), seguida por 32,26% que gastam de 31 minutos a 1 hora. Outros 8,76% enfrentam deslocamentos de 1 a 2 horas, e 1,66% levam entre 2 e 4 horas para chegar ao trabalho. Apenas 1,22% realizam trajetos de até 5 minutos, e não há registros acima de quatro horas.

INFRAESTRUTURA E SANEAMENTO

De acordo com o levantamento, 77,26% dos moradores vivem em domicílios conectados à rede de esgoto, enquanto 78,74% são abastecidos pela rede geral de água, números que refletem o alcance dos serviços básicos, mas também indicam que uma parcela significativa da população ainda depende de soluções alternativas de saneamento e abastecimento.

No que diz respeito à dignidade sanitária, o Censo mostra um índice elevado: 99,93% dos domicílios possuem banheiro de uso exclusivo, dado que evidencia melhora significativa nas condições de higiene e prevenção de doenças. Já a coleta de lixo atende 88,67% dos domicílios, reforçando a importância da ampliação da cobertura para garantir saúde ambiental e qualidade de vida.

A análise do tipo de material das paredes externas aponta que a maioria das residências é construída em alvenaria ou taipa com revestimento, seguida por imóveis de alvenaria sem revestimento, padrão que indica predominância de construções permanentes, com maior resistência e segurança estrutural.

Outro aspecto que impacta diretamente o cotidiano das famílias é o acesso a bens duráveis. Em Caratinga, 69,6% dos domicílios possuem máquina de lavar roupas, enquanto 30,4% não contam com o equipamento, o que reflete diferenças socioeconômicas e influencia diretamente a rotina doméstica e o uso do tempo.

EDUCAÇÃO

A educação é um dos pilares centrais do bem-estar social, pois influencia diretamente as oportunidades de trabalho, renda, autonomia e qualidade de vida ao longo da vida. Em Caratinga, os dados do Censo Demográfico 2022, divulgados pelo IBGE, revelam avanços importantes, mas também desigualdades que impactam o desenvolvimento humano no município.

A taxa de alfabetização da população caratinguense é de 93,51%, índice que posiciona o município na 1.807ª colocação no ranking nacional. O dado, embora indique que a maioria da população sabe ler e escrever, evidencia que ainda há uma parcela significativa de pessoas fora do processo pleno de alfabetização, o que reflete diretamente no acesso a direitos, serviços e melhores condições de vida.

Entre os jovens de 15 a 19 anos, a taxa de alfabetização atinge 98,69%, índice que se mantém elevado na faixa de 20 a 24 anos (98,91%) e entre aqueles de 25 a 34 anos (98,68%), demonstrando os efeitos positivos da ampliação do acesso à educação nas últimas décadas.

A partir dos 35 a 44 anos, a taxa cai para 97,16%, recuando de forma mais acentuada entre os 45 a 54 anos (94,5%) e os 55 a 64 anos (90,47%). O cenário se torna ainda mais desafiador entre os idosos: apenas 78,89% da população com 65 anos ou mais é alfabetizada, percentual que cai para 72,18% entre os que têm 75 anos ou mais e chega a 70,53% na faixa de 80 anos ou mais.

A permanência na escola é um dos fatores mais decisivos para o bem-estar social, pois está diretamente ligada à formação cidadã, às oportunidades de trabalho e à redução das desigualdades. Em Caratinga, os dados do Censo Demográfico 2022 revelam um cenário de avanços importantes na infância e no ensino fundamental, mas também apontam desafios significativos nas demais fases da vida escolar.

Na primeira infância, a taxa bruta de frequência escolar entre crianças de 0 a 3 anos é de 30,6%, índice que evidencia a limitação de vagas em creches e a necessidade de ampliar políticas públicas voltadas ao cuidado e à educação nessa faixa etária. Já entre crianças de 4 e 5 anos, a frequência sobe para 84,08%, demonstrando maior cobertura da educação infantil obrigatória.

O melhor desempenho aparece entre crianças e adolescentes de 6 a 14 anos, com 98,8% de frequência escolar, indicador que reflete a consolidação do acesso ao ensino fundamental em Caratinga. No entanto, a partir da adolescência, os índices voltam a cair: entre jovens de 15 a 17 anos, a taxa de frequência é de 80,08%, o que aponta riscos de evasão escolar em uma fase decisiva da formação educacional.

A queda é ainda mais acentuada entre os jovens de 18 a 24 anos, faixa em que apenas 24,73% frequentam a escola, reflexo da entrada precoce no mercado de trabalho, dificuldades econômicas e barreiras de acesso ao ensino superior e técnico. Entre a população de 25 anos ou mais, a frequência escolar é de apenas 6,04%, reforçando a importância de políticas de educação continuada e qualificação profissional ao longo da vida.

O nível de escolaridade da população é um dos indicadores mais relevantes do bem-estar social, pois influencia diretamente a inserção no mercado de trabalho, a renda, o acesso à informação e a capacidade de participação plena na vida em sociedade. Em Caratinga, os dados do Censo Demográfico 2022 revelam um cenário marcado por avanços, mas também por desigualdades educacionais persistentes.

De acordo com o levantamento, 42,88% da população não possuem instrução ou têm o ensino fundamental incompleto, percentual expressivo que evidencia desafios históricos no acesso e na permanência na escola. Esse grupo tende a enfrentar maiores dificuldades de inserção profissional, menor renda e maior vulnerabilidade social.

Outros 13,2% da população concluíram o ensino fundamental ou não completaram o ensino médio, enquanto 29,38% possuem ensino médio completo ou superior incompleto, faixa que concentra parcela significativa da força de trabalho e reflete a ampliação do acesso à educação básica e média nas últimas décadas.

Já a população com ensino superior completo representa 14,54%, indicador que sinaliza avanço na qualificação educacional, mas que ainda aponta a necessidade de ampliar o acesso ao ensino superior e à formação técnica especializada, especialmente como estratégia de promoção do desenvolvimento econômico e do bem-estar coletivo.

A formação superior é um indicativo fundamental do potencial educacional e da qualificação profissional da população de Caratinga. Os dados do Censo Demográfico 2022 revelam as áreas de maior concentração de pessoas com nível superior completo, um panorama importante para entender as tendências do mercado de trabalho e as necessidades de capacitação da cidade.

A área com maior número de graduados é Negócios, Administração e Direito, com 3.355 pessoas formadas, reflexo da demanda por profissionais qualificados para atuar nos setores empresariais e jurídicos. O campo da Saúde e Bem-estar também se destaca, com 1.908 graduados, um indicativo da crescente busca por profissionais da área de saúde, especialmente em tempos de valorização da saúde pública e privada.

A área de Educação conta com 1.607 pessoas com nível superior completo, o que é crucial para o desenvolvimento local, pois envolve a formação de profissionais voltados para a melhoria do sistema educacional e o investimento na qualidade de ensino. Artes e Humanidades, com 699 formados, e Ciências Sociais, Comunicação e Informação, com 489 graduados, são campos igualmente relevantes, embora representem uma proporção menor dentro do perfil educacional do município.

Outras áreas, como Ciências Naturais, Matemática e Estatística (381), Engenharia, Produção e Construção (671), Agricultura, Silvicultura, Pesca e Veterinária (186), e Computação e TIC (117), refletem o perfil técnico e científico da cidade, sendo fundamentais para a inovação e o desenvolvimento de setores econômicos estratégicos.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Manchete do dia

Últimas Notícias