* Sanderson Dutra Rocha Gouvêa
Existem várias correntes de pensamentos a respeito da sustentabilidade de uma cidade, logicamente os conceitos em relação ao tema devem observar a realidade local, mas alguns eixos não podem deixar de ser contemplados em quaisquer que sejam as ideias, pensamentos ou conceitos. Ao se vislumbrar o que seria uma cidade sustentável, deve-se ter bem claro que o equilíbrio nas várias áreas que compõe uma sociedade, equilíbrio entre proteção ambiental, justiça social, viabilidade econômica, por exemplo, não podem ficar de fora de nenhuma corrente de pensamentos. É necessário haver educação de qualidade com quantitativo suficiente para atendimento a todos, o mesmo se aplica à área da saúde, nesta, além de se pensar em atendimento, deve-se pensar antes em prevenção. Tal prevenção deve estar voltada ao saneamento básico, conservação de condições ambientais como preservação de áreas de vegetação, nascentes, cursos d’água, etc.
A sociedade que compõe uma cidade, junto aos poderes executivo, legislativo, judiciário e demais seguimentos como ONGs, conselhos e clubes de serviços, devem se preocupar com o andamento de uma sociedade ao longo de anos vindouros, fazendo seu melhor e preparando para que as gerações futuras não tenham que começar do zero. O trabalho de conscientização da sociedade é um dos mais importantes, uma sociedade consciente não aceitará irresponsabilidades de governos, órgãos e instituições públicas ou privadas quaisquer que sejam, vai ter condição de cobrar o trabalho que poderá garantir a sustentabilidade.
Existem soluções sustentáveis simples que podem ser aplicadas em cidades, por exemplo, implantação de programas que visem intensificar ações que promovam aumento do nível de conscientização da sociedade nos seus diversos setores, e é responsabilidade de todos, inclusive dos poderes públicos provocarem mobilização com tal intuito. Sociedade consciente, organizada consegue participar de ações em prol da busca de soluções sustentáveis, por outro lado, governos e seus representantes devem ter a sensibilidade para trabalhar em conjunto, em parceria com a sociedade, unidos as possibilidades de soluções serão maiores, pois todos os programas, quando implantados trazem necessidade de aprendizado.
Outro assunto a ser destacado refere-se à mobilidade urbana, tema de muita complexidade em todas as cidades do mundo. O desafio de se encontrar soluções viáveis para a mobilidade urbana deve ser tema de estudo, com audiências públicas dirigidas por profissionais que possuam competência dentro da área. O mundo passa por mudanças e as cidades são as unidades destas transformações. Muitas cidades surgiram a mais de um século e possuem suas principais instituições localizadas em áreas centrais fazendo com que todos os integrantes da sociedade daquela cidade se desloquem nesta direção num mesmo e determinado intervalo de tempo. Com o crescimento do número de integrantes das sociedades é necessária uma reavaliação profunda nos moldes de mobilidade vislumbrando o crescimento populacional ao longo dos anos.
Enfim, projetos que visam estabelecer uma hierarquia das preocupações socioambientais, econômica, política e cultural a serem atendidas, devem estar sempre com prioridade nas discussões que tratam da sustentabilidade de uma cidade, pois as interações sociais em uma comunidade afetam as esferas econômicas e ambientais, particularmente no que se refere à qualidade de vida e à interconectividade.
Apesar das dificuldades a serem enfrentadas no caminho de implantação e efetivação de ações para que a sociedade venha conquistar de fato a condição de uma cidade sustentável, sabedores da realidade que os investimentos são extremamente escassos em todas as áreas, devemos acreditar na competência e no poder de criatividade daqueles que compõe a sociedade da cidade em que vivemos para a busca da tão sonhada sustentabilidade.
* Sanderson Dutra Rocha Gouvêa é professor do Centro Universitário de Caratinga, possui graduação em Ciências pela Fundação Educacional de Caratinga (1992), graduação em Matemática pela Fundação Educacional de Caratinga (1994), graduação em Química pela Universidade do Oeste Paulista (1999), especialização em Química pela Universidade Federal de Lavras (2000) e mestrado em Meio Ambiente e Sustentabilidade pela Fundação Educacional de Caratinga (2004).