O profeta Amós nos traz uma das declarações mais fortes de toda a Escritura Bíblica. Deus diz: “Eu odeio, eu desprezo as vossas festas religiosas.” (Amós 5:21) Aqui duas palavras centrais exigem nossa atenção: “odiar” e “desprezar.”
Em hebraico, o verbo traduzido como “odiar” (sane’) não significa apenas antipatia; carrega a ideia de rejeição total, de repulsa moral. É o mesmo termo usado para descrever a rejeição ao mal. Por incrível que possa parecer para nós, Deus não sente indiferença pelas celebrações do povo — Ele as considera repulsivas.
Já o termo “desprezar” (ma’as) vai ainda além: significa que Ele as rejeita por serem indignas. Uma celebração que deveria ser agradável tornou-se ofensiva!
Imagine um pai que recebe de um filho um presente comprado com dinheiro roubado: o objeto pode ser bonito, mas a origem mancha tudo. Assim também eram as festas de Israel: belas em aparência, mas contaminadas pela injustiça, especialmente no tratamento ao próximo. (Você está lembrado da pergunta “Qual é o maior mandamento?” A resposta de Jesus: “Amar a Deus acima de tudo, e o próximo como a ti mesmo!”)
As “festas religiosas” foram originalmente instituídas pelo próprio Deus — Páscoa, Pentecostes, Tabernáculos. O problema não estava nas datas ou nos ritos em si, mas na CONTRADIÇÃO entre celebração e vida. Enquanto cantavam louvores no templo, exploravam os pobres nos campos; enquanto queimavam incenso diante do altar, negligenciavam o órfão e a viúva.
Amós deixa claro: Deus não suporta celebração divorciada de compaixão. Ele não deseja música sem misericórdia, nem culto sem compromisso com a justiça. A liturgia que não ecoa no cotidiano torna-se farsa, e a farsa é odiosa para Deus.
Pergunta: Há esperança?
Sim!
Logo após a denúncia, o Senhor abre a porta da restauração: “Antes, corra o juízo como as águas; e a justiça, como ribeiro perene” (Amós 5:24). Aqui aparece o verdadeiro “culto” que Deus deseja: um rio de justiça que nunca seca, uma vida em que fé e ação fluem juntas.
O contraste é poderoso: de um lado, festas que Deus rejeita; do outro, justiça que Deus acolhe. Não é a música que Ele despreza, mas a incoerência. Não são as festas que Ele abomina, mas a hipocrisia.
Pergunta para nossa reflexão: Minhas celebrações de fé têm raízes em justiça e misericórdia, ou são apenas belas canções sobre um coração vazio?
Meu caro, minha cara, que você tenha uma semana muito abençoada!
Rev. Rudi A Kruger – Faculdade de Teologia Uriel de Almeida Leitão – Caratinga