Margareth Maciel de Almeida Santos
Advogada e doutoranda em Ciências Sociais.
Pesquisadora CNPQ.
Em momento atual de grave crise política nacional, vemos Michel Temer apresentar pouca disposição ao diálogo, muita articulação política. Quando Dilma era presidente, ele alegava que ela não estava aberta ao diálogo, e se apresentava como uma figura inexpressiva. No entanto, após ocupar o cargo de Presidente da República, as referências para a construção desta pessoa demonstram um personagem arrogante, frio e desumano com o povo que a cada dia carece mais de saúde, educação e segurança.
O país está na UTI, apequenado em sua potencialidade! Pensamos que chegou a um ponto que o governo Temer vive sobre gritos de protestos e de antipatia. Isso devidos os critérios políticos usados para deixar cair o desemprego e as atividades econômicas.
É inacreditável quando me pergunto se realmente não houve nenhum progresso social que foi tentado pelos ex-presidentes Dilma e Lula, se as suas atuações não tiveram algum valor para o Brasil? As contradições se perdem quando um lado vê de forma positiva e o outro de forma negativa. Quem está com a razão?
Eu sei que o quadro que se apresenta, demonstra que já se passou da hora de atender ao anseio popular e colocar um fim no troca-troca de favores e privilégios não republicanos. Esta é a única fórmula para garantir a esperada e necessária reforma política com maturidade e relação menos imprópria entre os poderes.
O Conselho Nacional de Justiça, simplesmente trocou os políticos, representantes do povo, com a finalidade de beneficiar o presidente Temer. Essa é uma forma arcaica para obter resultados positivos, a fonte de tantos males para que o nosso país esteja a cada dia mais doente.
Apesar dos pesares, a transparência sobre os atos do presidente veio à tona. Fora Temer e fora políticos corruptos. ‘Fora’ é a palavra de ordem no mundo de hoje! Todas as informações deverão ser divulgadas, seja de quem quer que seja. Paciência tem limite! Os escândalos na vida do presidente em sua vida pregressa dominaram a cena. Além disso, Temer celebra a cada dia em sua fala os valores e os ideais neoliberais.
O que posso dizer é que Temer finge ainda não perceber que os recursos estão escassos e o desemprego está levando às famílias a buscarem mais os serviços de saúde, a desigualdade cresce ainda mais, e que perdeu a sua legitimidade que já era baixa.
A nossa República teve um começo com turbulências políticas onde se apresentavam instabilidades econômicas e consequentemente resultou no apego aos hábitos. Agora é difícil se livrar do jeitinho brasileiro, incapacidade de se adaptar a ética e ao respeito ao povo!
Quando falamos em violência pensamos em uso de força, com vista aos indivíduos de uma dada situação de poder, um comportamento que causa dano à outra ou em outras pessoas.
No entanto o exemplo da classe política contribui de forma direta para o cotidiano dos cidadãos, transmitindo com todas as suas forças o seu ideal. E qual seria o ideal do Estado, de nossos representantes? Estariam mesmo dispostos a viver a República Federativa com o lema ordem e progresso? Porque tantos crimes acontecem em cada minuto em nosso Brasil?
Se uma sociedade não é capaz de encaminhar seus jovens para o mercado de trabalho, não lhe oferece oportunidades para o desenvolvimento da criatividade, saúde, educação básica e desvaloriza os cidadãos com palavras e atitudes de desmerecimentos, gera violência física que pode ser descrita como: matar, estuprar, tiroteio, assaltos e também o induz a participar das gangues.
A desigualdade social é um dos fatores que também levam os jovens a cometerem atos violentos e as gangues irão influenciar nas respostas de suas necessidades humanas básicas. Esse sentimento de pertencimento, que o indivíduo passa a ter com o grupo, traz ofertas de oportunidades fantasiosas para os jovens a fazerem o uso de drogas, bebidas, armas de fogo, contribuindo assim para a geração de conflitos.
Se uma arma mata e traz danos irreversíveis, podemos também falar que a ausência da dignidade para o ser humano, de hospitais, de educação, de emprego, da falta do que comer, gera uma onde de violência e também danos irreversíveis óbvios a sociedade.
É uma guerra urbana, não podemos sair de casa, pois a qualquer segundo uma bala é disparada e muitas vezes um inocente é assassinado.
Concluindo, estamos inseridos em uma cadeia de violência gerada pela desilusão por uma vida melhor. É a individualização do sujeito, que está distante do poder público e de todas as oportunidades.
O Estado é o grande exemplo de corrupção e de uma violência simbólica a partir do momento em que ele não dá ao povo respostas para uma vida digna! Ficamos sem forças e continuamos escravos do ideal que ele nos impõe! Os nossos representantes cria em nós um sentimento de desilusão e passamos a conformar com o nosso cotidiano, nos impõe a pensar da mesma maneira, programa a nossa mente, para compartilharmos das mesmas palavras e crenças: Não tem problema roubar, não tem problema matar!