Secretaria de Saúde realizará ação emergencial de vacinação no final de semana, em busca de alcançar público-alvo. Saiba em quais postos haverá funcionamento
CARATINGA- Caratinga registrou um caso confirmado de H1N1. Trata-se de um paciente morador da área urbana, sexo masculino, 36 anos e profissional da área de saúde. Devido à esta confirmação e a baixa adesão o público alvo à Campanha de Vacinação contra influenza, que se encerraria hoje, a Secretaria de Saúde de Caratinga traçou uma estratégia para estender a vacinação em oito pontos estratégicos.
Hoje, as unidades de saúde, inclusive nos distritos, funcionarão até as 19h. No final de semana haverá funcionamento no horário de 8h às 17h (sábado) e 8h às 13h (domingo) para as seguintes unidades de saúde: Santa Cruz, Anápolis, Santo Antônio, Praça da Estação, Santa Zita, Limoeiro, Bairro das Graças e Vale do Sol.
Na tarde de ontem, uma reunião foi realizada com os enfermeiros dos postos de saúde, com objetivo de organizar a ação e traçar estratégias com os profissionais.
De acordo com a secretária de Saúde, Jacqueline dos Santos, além deste caso confirmado, Caratinga contabiliza algumas notificações de casos suspeitos e tem um caso em que o exame já foi encaminhado e aguarda resultado. “Alertamos porque uma população sem estar vacinada corre grande risco. Tivemos um caso confirmado de um paciente positivo com H1N1, isso para nós traz uma situação alarmante, porque entendemos a falta da vacinação, esse paciente não estava imune, contraiu o vírus, isso é muito complicado. O paciente estava transitando livremente no município e agora trabalhamos em cima de outros casos suspeitos que poderão vir a aparecer e, infelizmente até positivos, por esse paciente estar livre na sociedade. Enquanto saúde pública, estamos com as unidades abertas diariamente, um mês de campanha, dia D e o público prioritário não aderiu na totalidade”.
PÚBLICO-ALVO
São aguardados para essa ação emergencial da prefeitura de Caratinga os grupos prioritários da campanha de vacinação contra influenza que são crianças de seis meses a menores de seis anos de idade; trabalhadores de saúde; idosos; gestantes; puérperas, que são aquelas mães que tiveram crianças até 45 dias; e a população que tem qualquer tipo de comorbidade que está relacionada no boletim da vigilância epidemiológica.
A meta de cobertura para a campanha é de 90% para todos esses grupos. No entanto, conforme Bruno Albano, coordenador de imunização, as atenções estão voltadas principalmente às gestantes e crianças, que registraram cobertura muito abaixo do esperado. “Estamos com uma cobertura de aproximadamente 55%, ou seja, mais de duas mil crianças sem vacinar. E quando falamos de gestantes, temos uma cobertura aproximada de 60%, ou seja, temos ainda mais ou menos 330 gestantes sem vacinar. Queremos alertar esse público que está com a cobertura mais baixa, mas não esquecendo dos demais”, destaca.
A cobertura total da vacinação no município está em 77%. Este percentual é atribuído exatamente devido ao fato das crianças e gestantes, que representam um grande número de pessoas que necessitam da vacinação ainda não terem procurado os postos. “Então, queremos resgatar este público, às vezes as pessoas precisam de um ‘gatilho’ para procurar a unidade, temos o exemplo da febre amarela que muitas das pessoas desconheciam a necessidade de vacinação, acho que agora esse momento vai trazer isso de novo. Estamos refazendo o convite que já fizemos há dois meses, quando iniciou a campanha. A campanha de vacinação contra influenza é anual. O Ministério da Saúde, nos meses de julho a outubro faz um estudo para determinar quais vírus tiveram mais circulação no ano anterior, para produzir a vacina do ano subsequente. A vacina utilizada o ano passado não é a mesma desse ano, daí a necessidade de se vacinar todo ano, até também porque o prazo de validade da vacina no organismo é aproximadamente 12 meses”.
Até domingo (2), a campanha é somente para o público alvo da campanha. A partir da segunda-feira, caso haja estoque disponível, o restante da população poderá ser imunizado.
A DOENÇA
Paulo Henrique Nunes Borges, enfermeiro investigador, explica que o H1N1 é um dos subtipos do vírus da influenza, infecção viral aguda, que pode ser causada por três vírus. “O tipo A em termos de saúde pública é mais sensível, temos mais cuidado por produzir mutação muito fácil e são os maiores implicados nas grandes epidemias na história. A influenza tem vários reservatórios que são os seres humanos, cavalos, suínos, aves e outros mamíferos. A sintomatologia começa com uma febre alta e abrupta, cefaleia, mialgia, náusea, vomito, diarreia, tosse, garganta doendo e muitos casos podem evoluir para graus de gravidade, pode atacar o sistema nervoso central, coração e rins. E, principalmente o H1N1, que foi constatado nesse paciente, tem o agravante de que o vírus pode causar uma pneumonia viral, que nos grupos mais sensíveis pode se transformar numa forma grave ou a porta de entrada para infecções secundárias bacterianas”.
A partir do caso confirmado no município, a Vigilância Epidemiológica intensifica suas ações. Por meio de uma parceria com as unidades de saúde do município, qualquer caso que se enquadre nos sintomas da doença deverá ser imediatamente comunicado, para que haja coleta de material e monitoramento. “Além de fazer o que chamamos de quarentena, para que a pessoa fique em casa, para evitar o contágio a outras pessoas. Deixamos ainda algumas recomendações de que a pessoa que tem qualquer gripe não deve ficar em aglomerações; além da chamada etiqueta da tosse, ao tossir, colocar o braço na frente do nariz para evitar de espalhar as gotículas. Para se ter ideia, quando a pessoa espirra lança a um metro de distância as partículas virais”.
ESTRATÉGIA
As unidades de saúde de Caratinga têm trabalhado estratégias de busca ativa do público alvo. Segundo Ângela Maria Silva, enfermeira responsável pela unidade de saúde do Bairro Anápolis, a população ainda apresenta certa resistência na imunização, por isso é preciso conscientização. “O público-alvo é bem extenso, os pacientes que são acamados e domiciliados, com mais dificuldades de se deslocar até a unidade, estão recebendo a vacina no domicílio para garantir a vacina. Os demais podem procurar o posto de saúde, temos reforçado da importância dos pais levarem as crianças, estamos intensificando, indo até as creches, mas isso não dispensa a responsabilidade dos pais. Existe muito mito, pessoas que não querem vacinar, falando que a doença vai fazer a pessoa ficar doente. A doença não vai fazer isso, pode ter alguma reação leve, que é dor no corpo, no local onde foi aplicada a vacina, mal estar, dor de cabeça e se, por acaso, a pessoa já estiver com um pouquinho de sinais de gripe, pode até aflorar, mas não é nada grave. A vacina é segura”.