ZIZINHA
*Álvaro Cesar Netto
Dizem que quando no escuro, até sua sombra te abandona!! Conhecidos mudam de calçada ao nos ver como se a tristeza fosse uma lepra que contaminaria aqueles que nos destinassem um simples cumprimento. Mas os que perfilam este pensamento não conhecem a infinita misericórdia de Deus que aflora nas mais diversas formas.
Pois bem, passava eu um dos períodos mais difíceis de minha vida com problemas familiares, financeiros e de saúde.
A tristeza havia acampado em meu coração e a depressão aproximava-se perigosamente. Foi quando se mudou para a vizinhança um casal com sua filhinha de 6 anos. Bonita como ela só, e esperta a mais não poder interessei-me por ela e comecei a acompanhar-lhe os passos. Seu nome era Maria, que com a convivência passou a Mariazinha e, por fim, ficou mesmo em Zizinha.
Ela em sua inocência também começou a puxar conversa com seu novo “tio” sempre me cumprimentando de longe, timidamente a princípio e, com o passar do tempo, me dando gostosas beijocas, principalmente quando eu lhe trazia um brigadeiro e um guaraná sob o olhar atento da mãe que fazendo cara de bronca dizia que estava a estragar sua filha com tantos mimos.
Em pouco tempo nossos papos retos passaram de um distante oi para vários minutos de conversa sempre pautadas com muitas perguntas, e nessas conversas sempre que eu usava uma palavra nova que ela não entendia perguntava logo o significado.
Com o aumentar das palavras “difíceis” e logo após um dia eu qualificá-la como “supimpa” pediu-me com certa timidez se eu podia lhe dar um caderno de presente. Para que, perguntei. Tio, eu quero fazer meu dicionário com você e cada palavra nova nos vamos anotá-la. Perguntei-lhe então se sabia escrever e ela respondeu que já quase escrevia “cursiva”! E se eu achava que ela era boba, ela não era boba não e seguia tudinho que a tia da escola lhe ensinava.
Com tal argumentação não tive outro caminho senão lhe dar de presentes um caderno com princesas na capa para que ela anotasse, e sempre anotava, as palavras novas que aprendia.
Um dia, após atender ao telefone em sua frente vi que ficara interessada no aparelho e logo pediu: “Tio deixa eu falar quando tocar de novo?”. E só para ver o que daria logo que tocou o telefone deixei-a atendê-lo o que foi feito com um sonoro – “alô, quem tá falô?”. Frouxo de rir, ainda a ouvi dizer: – “Meu tio está ocupado conversando comigo, liga depois que eu sou mais importante”!!!- E sem mais delongas desligou o telefone dizendo, -“fale para ele ter educação e não atrapalhar a conversa dos outros”-.
Como não rir e não se deliciar com tal pessoinha.?!
Sei que minha tristeza foi tocada para longe e entendi quando Jesus disse o seu “deixai vir a mim as criancinhas”!!
Nada como uma criança para nos restabelecer das batalhas da vida; nada como uma criança para nos alegrar e nos fazer rir de qualquer coisa. Uma criança é um ser iluminado, ainda não tocado pelas coisas abjetas do mundo.
Aquela criança nunca saberá o bem que me fez e o quanto lhe sou grato
E é pensando em Zizinha que, revoltado, vejo a nova pauta das esquerdas ditas vanguardistas, dos tais “descolados” ao dizer que pedofilia não é crime, é doença.
Tentam inocular na sociedade um sentimento de normalidade daquilo que nunca será normal ou aceitável. E firmado este entendimento passarão logo a dizer que falar mal do pedófilo é preconceito e até crime!!
Li não sei onde, mas guardei e aqui repito: O pedófilo é um predador abjeto e tem que ser eliminado. Essa gente que defende a ignominia tem o coração negro e tem que ser combatida sem quartel e afastada da sociedade sem dó nem piedade.
Deixem nossas crianças serem crianças…
NOTA DA AMLM – Este texto, de certa forma, é uma homenagem à Professora Renata Lameu Bedeschi, falecida há dois dias, em Governador Valadares. Ela era esposa do autor deste texto e uma mulher apaixonada pela “Zizinha”. Descanse em Paz, Cunhada Renata. Ainda bem que existe a Fé. E é pela Fé que acreditamos que o leito da morte é o berço do nascimento, de onde se parte para um novo renascer, no contínuo e incessante Ciclo da Vida. Eugênio Maria Gomes – Presidente da AMLM.
ÁLVARO CÉSAR DOS SANTOS NETTO é Advogado, Mestre em Direito, Membro da Loja Maçônica Mestres do Vale, de Governador Valadares e Membro Efetivo da Academia Maçônica de Letras do Lese de Minas – AMLM