MARTIN SCORSESE – A VERSATILIDADE DE UM CINEASTA
O diretor Martin Scorsese foi revelado em meio a uma geração na década de 70 que renovou o cinema americano, ao lado de nomes como Francis Ford Coppola, Steven Spielberg e Brian de Palma. Vindo de uma família italiana, seus curtas fizeram sucesso suficiente para ser chamado pelo famoso produtor Roger Corman para dirigir seu primeiro longa, chamado “Sexy e Marginal”, em 1972.
ANOS 70: INÍCIO DA PARCERIA COM ROBERT DE NIRO
Em 1973, chama a atenção com “Caminhos Perigosos”, filme policial que inicia seus inúmeros projetos com o ator Robert de Niro. No filme, um jovem interpretado por Harvey Keitel, encontra-se dividido entre a Igreja Católica e a lei das ruas, ao mesmo tempo em que tenta ganhar confiança de seu tio, chefe da máfia. O tema policial, desde o começo, mostrou ser um dos preferidos de Scorsese. Porém, isso não o impediu de realizar obras magníficas de outros gêneros. No ano seguinte, em “Alice Não Mora Mais Aqui”, uma viúva luta para sustentar seu filho, em um papel que deu o Oscar para a atriz Ellen Burstyn, que escolheu o cineasta para dirigi-la. O auge, no entanto, ocorreu em 1976, com o cultuado ‘Taxi Driver’, novamente com Robert de Niro, obra prima que entra facilmente nas listas de melhores de todos os tempos com frequência. No filme, um taxista veterano da Guerra do Vietnã vai aos poucos enlouquecendo, em meio ao cenário urbano e violento de Nova York. O filme teve 4 indicações ao Oscar, inclusive de Melhor Filme, porém perdeu a estatueta para “Rocky”, de Sylvester Stallone. No ano seguinte, mais uma contribuição com Robert de Niro no filme “New York, New York”, desta vez no gênero musical.
ANOS 80: EXPERIMENTAÇÃO DE ESTILOS
Em 1980, sua quarta parceria com Robert de Niro gerou o drama esportivo “Touro Indomável”, que foi indicado a 8 Oscar, vencendo 2, um deles de Melhor Ator. A história do boxeador Jake LaMotta é considerada por muitos a melhor trama sobre o esporte no cinema, um grande trunfo se considerarmos que Scorsese nunca teve muito interesse por esportes, segundo declaração dele. Em 1982, dirige “O Rei da Comédia”, também com De Niro, incluindo mais um novo gênero a sua eclética carreira. Neste longa, o cineasta trabalha com o gênio Jerry Lewis. A trama, que tem menos comédia que o título, conta a história de um comediante novato que sequestra um famoso apresentador de TV para tentar ter direito a mais espaço na televisão. Em 1985, dirige “Depois de Horas”, mergulhando um pouco mais na comédia, com a história de um sujeito que embarca em uma jornada noturna de acontecimentos bizarros. “A Cor do Dinheiro”, de 1986, retoma seu caminho de premiações, trazendo um jovem Tom Cruise com um consagrado Paul Newman em outro drama esportivo, desta vez no mundo da sinuca. Foi indicado a 4 Oscar. Dois anos depois, surge uma grande responsabilidade: dirigir “A Última Tentação de Cristo”. Dirigido com pequeno orçamento, o filme foi lançado em meio a protestos nacionais nunca antes visto por outro filme. Scorsese conseguiu sua segunda indicação ao Oscar de melhor diretor.
ANOS 90: CONSAGRAÇÃO NA BILHETERIA
Em 1990, o cineasta lança “Os Bons Companheiros”, grande sucesso de crítica e bilheteria, voltando ao gênero policial e tratando de máfia. O filme teve 6 indicações ao Oscar, incluindo a terceira de Scorsese para melhor diretor e a volta da parceria com Robert de Niro. O filme retrata o submundo de Nova York e o sonho de um sujeito em ser um gangster. No ano seguinte, lança outro clássico, “Cabo do Medo”, no qual De Niro interpreta um estuprador que sai da prisão disposto a se vingar de seu advogado. Em 1993, chega o drama romântico “A Época da Inocência”, com Daniel Day-Lewis e Michelle Pfeiffer, com 5 indicações ao Oscar. Dois anos depois, a máfia está de volta em “Cassino”. E Robert De Niro também. Os cassinos de Las Vegas são retratados sem moralismos e Scorsese acaba vencendo o Globo de Ouro de Melhor Diretor. “Kundun” chega em 1997, contando a história do Dalai Lama, e não foi tão festejado assim, apesar das quatro indicações ao Oscar. Já “Vivendo no Limite”, de 1999, traz Nicolas Cage em meio a rotina estressante dos plantões médicos, onde aos poucos começa a enlouquecer, em uma trama similar a Taxi Driver.
ANOS 2000 EM DIANTE: UMA ENXURRADA DE PRÊMIOS
Em 2002, inicia uma parceria com Leonardo Di Caprio, que começa no filme “Gangues de Nova York”. A imigração irlandesa e a Guerra Civil é retratada em um filme que teve 10 indicações ao Oscar e traz novamente Daniel Day-Lewis irreconhecível. “O Aviador”, em 2004, continuou sua parceria com Di Caprio e faturou 11 indicações ao Oscar, inclusive melhor diretor, no qual perdeu novamente. A história de Howard Hughes foi grande sucesso de crítica. “Os Infiltrados”, de 2006, foi a grande consagração de Scorsese. Trazendo nomes como Matt Damon, Leonardo Di Caprio e Jack Nicholson, o filme policial foi o primeiro Oscar de Scorsese como diretor, vencendo outras 3 estatuetas. Na trama, a máfia infiltra um dos seus na polícia, que faz o mesmo. Em 2010, a incursão de Scorsese pelo terror gerou “A Ilha do Medo”, em um suspense psicológico que trouxe novamente Di Caprio, dessa vez investigando um desaparecimento em um hospital psiquiátrico. No ano seguinte, muda para um gênero completamente diferente, o infanto-juvenil, na excelente e comovente história “A Invenção de Hugo Cabret”, uma homenagem ao cinema e seu primeiro filme 3D, que inova ao trazer a tecnologia para um filme dramático. O resultado foram 11 indicações ao Oscar e sucesso de crítica. Em 2013, Leonardo Di Caprio volta com “O Lobo de Wall Street”, uma saga que conta a história real de Jordan Belfort, um jovem corretor da Bolsa que fica milionário. Conseguiu 5 indicações ao Oscar. No ano passado, lança “Silence”, belo filme esnobado pelo Oscar, que conta a jornada em 1640 de dois padres jesuítas no Japão.
Warny Marçano é blogueiro do WCinema (www.wcinema.blogspot.com), composto por resenhas de filmes e notícias em geral da sétima arte.
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