Adalclever Lopes
Ao longo dos últimos meses, temos percebido que, diante de um cenário político e econômico deteriorado, aumentam as manifestações de descrédito nas instituições políticas, chegando-se ao limite dos apelos, a nosso ver desmesurados, à volta do regime militar.
Ainda que a face mais extrema dessa manifestação esteja muito concentrada numa parcela da população que jamais conheceu os rigores do regime pós-64, época do cerceamento às instituições democráticas, da perda da liberdade de expressão e dos direitos políticos, para não dizer da violação de direitos humanos, é preciso que os formadores de opinião estejam atentos e comprometidos com a preservação da democracia.
Aos homens públicos do País, aos representantes das instituições democráticas e às lideranças empresariais, sindicais e comunitárias cabe, neste momento, uma ação firme na defesa dos princípios do Estado Democrático de Direito.
Não se trata, obviamente, de impor limites às legítimas manifestações populares. É próprio do sistema democrático a coexistência de pensamentos, opiniões e valores diversos e, muitas vezes, divergentes. As manifestações dão corpo e voz a grupos sociais nem sempre atuantes politicamente e por isso fortalecem a experiência democrática, em seu processo de construção e aperfeiçoamento.
É preciso, contudo, demonstrar maturidade política, que se revela na aceitação dessa convivência marcada pelo antagonismo ideológico e pelo debate acirrado, porém de forma pacífica.
O exemplo que se quer das ruas é o exemplo que a Assembleia Legislativa de Minas Gerais se propõe a oferecer ao País, corroborando a tese histórica da mineiridade na política, na qual a serenidade e o acordo prevalecem e viabilizam as decisões coletivas.
O Legislativo mineiro, mesmo posto à prova em ambiente político hostil, demonstra que as soluções que pavimentam o caminho da prosperidade passam irremediavelmente pela construção do entendimento possível, com respeito às minorias.
É nesse ambiente de entendimento que a Assembleia de Minas busca a qualidade de suas lideranças para votar as matérias que são essenciais para o funcionamento de todo o setor público e privado, em benefício da sociedade.
A votação da reforma administrativa do Estado e a recente votação da Lei Orçamentária são provas incontestáveis da capacidade dos políticos mineiros de encontrarem soluções apropriadas, não obstante o quadro político em curso.
Seguramente, será essa a marca da atual gestão da Assembleia Legislativa, em que a resultante do trabalho é direcionada pelo conjunto de forças que representam a sociedade, legitimadas por meio do voto dado a cada um de seus 77 deputados.
Nesse contexto, ganha força o trabalho com planejamento, a construção de consensos, o debate franco e o reforço à atuação conjunta, nas comissões e no Plenário.
Parte de Minas Gerais, mais uma vez, o exemplo da boa convivência e do respeito às diferenças. Resta-nos disseminar o espírito do bom mineiro, aguerrido, perseverante, mas pronto ao diálogo e à construção de consensos, dentro da mais absoluta ordem democrática.
* Presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais