No caminho da vida temos posse de uma máquina altamente poderosa e utilizamos dessa máquina para tornar escolhas e sonhos uma realidade no nosso dia a dia. Dentre as escolhas que podemos fazer, algumas pessoas decidem dar passos largos em busca dos seus sonhos, outras um suave caminhar e apreciam o caminho ao seu entrono e algumas decidem gozar do que a vida já lhe permitiu e decidem parar e aproveitar uma sombra já perto da linha de chegada.
Como seria bom se a nossa vida fosse simples assim.
Como tudo que fazemos, a construção do nosso caminho não depende somente de nós e, por vezes, sonhos são tidos como inalcançáveis e mudanças inesperadas são necessárias.
Atualmente entre o nosso caminho a ser trilhado e a conclusão e realização dos nossos objetivos e sonhos está a atual forma que tratamos o ambiente ao nosso entorno e, também, as mudanças no clima.
Acredito que em breve iremos alcançar o ponto de não retorno em relação às mudanças no clima e a manutenção do equilíbrio dos ambientes naturais. Este ponto é conhecido pela comunidade científica como um limite em que o meio ambiente consegue se recuperar e tornar o mais próximo das suas condições naturais frente ao nosso impacto negativo.
Digo isso pelo fato que as mudanças no clima estão se intensificando a cada ano que se passa e tais mudanças se conectam e geram feedbacks negativos para outras áreas como a política e econômica.
Nessa semana, no Brasil em pleno inverno, recordes de temperaturas foram observadas para esse período. Numa escala global esse ano de 2015 deverá ser o ano mais quente da história recente do nosso planeta. O clima está mudando e recordes meteorológicos estão sendo quebrados a todo tempo e os riscos de um evento grave estão próximos de um limite aceitável.
As crises se tornam mais evidentes e as altas temperaturas unidas às secas observadas para algumas regiões mostram o que ainda está por vir: uma onda escassez mundial de alimentos.
Numa população crescente e esfomeada, nós devemos nos antepor a uma futura elevação dramática dos preços de produtos provenientes do campo.
Segundo a ONU que prevê um amento da população mundial de 7,3 bilhões hoje para 10 bilhões em 2050 para mantermos a nossa demanda a produção de alimentos precisa crescer mais de 60%. Note que para um aumento de 37% da população a estimativa de aumento na produção é de quase o dobro.
Tem-se que as probabilidades da falta de alimentos, volatilidade do mercado ou picos de preços serão excepcionalmente altas até 2040.
Sendo assim, caso haja falta de produtos pode resultar num cenário péssimo para na área político-econômica global, pois as quebras no mercado provocadas pelo clima poderiam levar a perturbações sociais.
Isso é claro, pois “quem tem fome tem pressa”.
Desta forma, mesmo a globalização e as novas tecnologias que tornaram o sistema alimentar global mais eficiente não poderiam, nesta atual observação, serem descritas como a solução para tal preocupação.
Em relação à produção alimentar, a FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) estima que, das 100 espécies de lavouras que abastecem 90% dos alimentos em todo o mundo, 71% são polinizados por abelhas.
No entanto, tem-se relatado que na última década que um número elevado de colônias de abelhas desapareceu e que isso poderia estar relacionado com a utilização de agrotóxicos nas lavouras. Desta forma, o nossos atos juntamente com os efeitos já observados no clima irá impactar a produção de alimentos em regiões das Américas do Norte e do Sul e na Ásia, que produzem a maior parte dos alimentos mais consumidos no mundo.
Por fim, pelas mudanças que já fazem parte do nosso dia a dia e as projeções para o futuro já podemos prever que nossos pais não tomaram as medidas necessárias para cuidar da nossa geração, nós não aprendemos com seus erros e agora iremos comprometer o futuro das próximas gerações.
Paulo Batista Araújo Filho é formado em Ciências Biológicas e Recursos Naturais pela UFES. Atualmente trabalha no renomado Lawrence Berkeley National Laboratory (LBNL), Berkeley – Califórnia/EUA