Não, isto não é uma alusão ao grito de guerra da torcida atleticana. Também, é mais do que uma complementação ao artigo da semana passada, conforme prometido. É um grito de teimosia, de insistência, dizendo para mim mesmo que nem tudo está perdido e que o brasileiro e a humanidade têm jeito. Um grito a me dizer que não posso perder a esperança em mim e no Ser Humano, a cada má ação de alguém ou de um grupo da nossa espécie.
Eu preciso acreditar que nós, um dia, não apenas seremos mais tolerantes com aqueles que consideramos “diferentes”, mas respeitaremos as diversidades e compreenderemos que caráter, altivez, bondade e felicidade são conceitos que devem e podem pertencer a todos de nossa espécie, independentemente de suas características ou de suas escolhas pessoais.
Eu preciso acreditar que um dia deixaremos de descartar sofás, geladeiras e tantos outros objetos nos rios; que passaremos a cuidar do nosso planeta com o mesmo empenho com que cuidamos das nossas casas, dos nossos carros ou das nossas roupas.
Eu quero acreditar que a paciência e a gentileza serão nossas companheiras permanentes e que as dificuldades serão, sempre, encaradas com dignidade, esperança e fé.
Eu preciso acreditar que, um dia, não teremos mais crianças passando fome, sendo violentadas, deixando de brincar por conta de terem que trabalhar precocemente, ou estarem fora da escola por conta da ignorância dos pais.
Eu quero acreditar que a benevolência para com os equívocos de outrem fará parte do nosso dia a dia, assim como o espírito crítico será uma rotina em relação aos nossos próprios erros.
Eu quero acreditar que todos os filhos serão bem-vindos, que serão sempre amados e criados para serem pessoas de bem, pessoas felizes.
Eu preciso acreditar que o perdão se colocará em primeiro plano a cada ofensa recebida e que nenhuma mágoa será guardada e carregada vida a fora pelos corações.
Eu preciso acreditar que todos os filhos amarão seus pais, que os respeitarão e que deles cuidarão na velhice ou na doença, retribuindo-lhes tudo o que receberam com o que de melhor possam lhes dar.
Eu quero acreditar que, um dia, o nosso professor será valorizado e respeitado pelos governos e pela sociedade, que serão bem remunerados e que não precisarão fazer “bicos” para complementação da renda, despendendo tempo com atividades outras que não seja a Educação.
Eu preciso acreditar que, um dia, aprenderemos a ter equilíbrio em relação aos nossos desejos, passando a possuir apenas aquilo que de fato nos faça falta, deixando de descartar entulhos e mais entulhos de objetos armazenados por conta do nosso consumismo desenfreado.
Eu quero acreditar que, um dia, respeitaremos mais a nossa vida e a vida dos outros, que cuidaremos de ambas como dádivas, recebidas Daquele que nos ama e nos conduz.
Eu também quero acreditar que nós, professores, cada vez mais nos qualificaremos e que faremos de nossas atividades em sala de aula uma oração, uma oportunidade de aprender, de ensinar e de compartilhar valores e princípios que dignifiquem a Criação e a Criatura.
Eu quero acreditar que, um dia, aprenderemos a conquistar nosso espaço sem interferir ou colocar obstáculos no espaço de quem quer que seja e que conseguiremos auferir ganhos com ética, retidão e decência sem jamais nos apropriar daquilo que não nos pertence.
Eu preciso acreditar na boa Política e na sua importância para mudar o rumo de um país; eu preciso acreditar que, um dia, aprenderemos a fazer o melhor uso do nosso voto e que um dia teremos o maior número possível de políticos realmente comprometidos com algo que não seja seus umbigos.
Eu quero continuar acreditando que todos nós somos, essencialmente, bons. Que a falsidade, a dissimulação, a negatividade, a inconsequência e a maldade que às vezes se escancaram em nossos atos são, apenas, acidentes de percurso.
Eu preciso acreditar que, um dia, teremos a sabedoria necessária para fazermos as nossas escolhas, para aceitarmos os resultados obtidos com o caminho escolhido e que teremos coragem para mudarmos quantas vezes forem necessárias.
Sim, eu acredito. Aos 56 anos de idade eu persisto em minha crença em Deus, nos Homens e na Vida!
* Eugênio Maria Gomes é professor e escritor. Membro das Academias de Letras de Caratinga e Teófilo Otoni e do Núcleo de Escritores e Artistas de Buenos Aires.