O Brasil tem compromisso com a Organização Mundial da Saúde (OMS) de reduzir a incidência da doença na população mundial
CARATINGA – A tuberculose (TB) ativa em pessoas que vivem com HIV/Aids (PVHA) é a condição de maior impacto na mortalidade por Aids e por TB no país. Segundo o Relatório Global de Controle da Tuberculose desenvolvido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2011, as PVHA estão 21 a 34 vezes mais propensas a desenvolver TB ativa quando comparadas à população geral. Frequentemente o diagnóstico da infecção pelo HIV ocorre durante o curso da tuberculose.
No Brasil, em 2011 foram notificados 71 mil casos novos de TB, correspondendo a um coeficiente de incidência de 37,1/100 mil habitantes. Desses, aproximadamente 60% receberam o resultado do teste anti-HIV). É importante ressaltar que, no mesmo ano, a taxa de coinfecção TB-HIV no Brasil foi de 9,9% e a de letalidade 6% – três vezes maior do que a observada na população geral.
Entre as intervenções preconizadas pelo Ministério da Saúde para controle da coinfecção TB-HIV, destaca-se a testagem oportuna para HIV para todos os portadores de TB, por meio do teste rápido. Recomenda-se também como diretriz nacional o diagnóstico precoce da tuberculose, o tratamento da TB ativa e da infecção latente e o início oportuno da terapia antirretroviral. Além disso, recomenda-se a organização da rede de atenção à saúde de forma a garantir atenção integral aos coinfectados, estabelecendo os Serviços de Atenção Especializada (SAE) às pessoas que vivem com HIV/Aids como local preferencial para manejo desses indivíduos
Tendo em vista a nova era para o controle da tuberculose, a Organização Mundial de Saúde (OMS) redefiniu a classificação de países prioritários para o período de 2016 a 2020. Essa nova classificação é composta por três listas de 30 países, segundo características epidemiológicas: 1) carga de tuberculose, 2) tuberculose multidrogarresistente e 3) coinfecção TB/HIV. Alguns países aparecem em mais de uma lista, somando assim, um total de 48 países prioritários para a abordagem da tuberculose. O Brasil se encontra em duas dessas listas, ocupando a 20ª posição na classificação de carga da doença e a 19ª quanto à coinfecção TB/HIV. Vale destacar que os países que compõem essas listas representam 87% do número de casos de tuberculose no mundo.
CARATINGA
De acordo com dados da Sala de Situação Municipal do Ministério da Saúde (MS), Caratinga teve uma proporção de cura de casos novos de tuberculose pulmonar bacilífera (aqueles que possuem exame de basciloscopia do escarro positivo) de 60% (avaliação 2016). Trata-se do percentual de curados entre os casos novos de tuberculose pulmonar bacilífera, residentes no território, no período avaliado, ou seja, o número de casos curados no total de casos diagnosticados no período da análise, em determinada unidade geográfica.
Os números representam o êxito no tratamento de tuberculose, a consequente diminuição da transmissão da doença, além de verificar indiretamente a qualidade da assistência aos pacientes. De acordo com o MS, o tratamento diretamente observado (TDO) contribui para o aumento dos percentuais de cura dos casos de tuberculose.
Se observarmos os dados dos anos de 2002 a 2015, a proporção de casos curados foi marcada por altos e baixos. No ano de 2011 foi a melhor proporção já registrada (92%), no entanto, esse número seguiu em declínio, sendo que em 2015 houve uma queda considerável, sendo registrado 20% de casos curados. No entanto, no ano de 2016, houve um novo aumento.
Já quanto ao número de pacientes com HIV em tratamento, no ano passado haviam 94, contra 74 de 2015.
PLANO NACIONAL PELO FIM DA TUBERCULOSE
O Plano Nacional pelo Fim da Tuberculose foi lançado no dia 29 de junho pelo Ministério da Saúde, na 15ª Edição da Mostra Nacional de Experiências Bem-Sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças (Expoepi). A meta é chegar a menos de 10 casos por 100 mil habitantes até o ano de 2035.
O Brasil tem compromisso com a Organização Mundial da Saúde (OMS) de reduzir a incidência da doença na população mundial, que hoje é de 33,7 casos para cada 100 mil habitantes. Além disso, o País quer reduzir o coeficiente de mortalidade para menos de um óbito por 100 mil habitantes.
O documento traça as estratégias para acabar com a doença como problema de saúde pública no País dentro desse prazo e define os indicadores prioritários que devem ser utilizados para o monitoramento das ações empregadas por estados e municípios. Entre eles, a redução do coeficiente de abandono de tratamento e melhoras no percentual de cura da doença.
O Plano Nacional está baseado em três pilares: o primeiro é a prevenção e o cuidado integrado centrado no paciente, determinando melhorias no diagnóstico precoce, tratamento adequado e intensificação da prevenção. O segundo eixo é sobre políticas arrojadas e sistema de apoio, enquanto o último trata da intensificação da pesquisa e inovação.
Ano | (%) Casos bacilíferos curados | (%) Casos de retratamento que realizaram cultura (*) | (%) Casos com teste HIV realizado |
2002 | 0.00 | 0.00 | 100.00 |
2003 | 50.00 | 100.00 | 40.00 |
2004 | 62.50 | 50.00 | 5.55 |
2005 | 57.14 | 0.00 | 20.00 |
2006 | 35.29 | 0.00 | 10.52 |
2007 | 75.00 | 20.00 | 5.00 |
2008 | 88.00 | 0.00 | 8.82 |
2009 | 63.63 | 0.00 | 19.04 |
2010 | 50.00 | 0.00 | 20.00 |
2011 | 92.30 | 25.00 | 13.63 |
2012 | 72.72 | 0.00 | 0.00 |
2013 | 75.00 | 0.00 | 33.33 |
2014 | 71.42 | 0.00 | 23.52 |
2015 | 20.00 | 0.00 | 62.50 |