Amor ou Ódio
Uma notícia que me chamou a atenção nestas últimas semanas é o aumento de casos de violência contra mulheres. Homens que se acham no direito de bater, espancar uma mulher. Estes indivíduos, em minha opinião e para a maioria absoluta da sociedade, não passam de covardes.
A Bíblia Sagrada nos mostra como Jesus tratou as mulheres com todo respeito, mesmo naquela época, pois as mulheres eram tratadas como inferiores ao homem. Jesus valorizou as mulheres e, se analisarmos, em uma época que elas eram quase invisíveis. Ele mostrou amor e respeito indo contra uma cultura que não a valorizava. Observarmos em João 8:1 -11, que os fariseus trouxeram-lhe uma mulher que foi apanhada em adultério para testar qual seria a reação de Jesus, pois a Lei de Moisés mandava apedrejar qualquer mulher apanhada nesta situação. E Jesus, vendo a mulher que foi pega em adultério, disse no alto de sua sabedoria: “Atire a primeira pedra quem estiver sem pecado”. E depois perguntou a ela: “Onde estão os teus acusadores mulher?”; quando ela respondeu que ninguém havia ficado, Jesus disse: “Nem eu te condeno, vá e não peques mais”. Essa situação no mundo de hoje, talvez estaríamos vendo mais uma notícia de um espancamento ou homicídio. Vivendo em um tempo e numa cultura em que esse tipo de coisa (apedrejamento de mulheres), acontecia com frequência, Jesus disse a ela: “Nem eu te condeno, vá e não peques mais”.
Vemos que o amor de Cristo é soberano, se a mulher era considerada um sexo frágil, hoje as coisas são diferentes ao vermos muitas mulheres trabalhando, ajudando o homem a manter as despesas do lar ou até mesmo sendo a provedora da casa, assumindo toda a responsabilidade de colocar alimentos no lar, muitas vezes por ser abandonada com filhos pelo homem da casa.
Vamos ver uma outra situação narrada em Mateus 26:6-13, quando durante um jantar na casa de Simão, o leproso, diante de todos que ali estavam, uma mulher derramou sobre a cabeça de Jesus um perfume caríssimo. Naquela época, a mulher não participava desse tipo de jantar a não ser se estivesse servindo os que estavam à mesa.
Ao ver essa cena, os fariseus disseram que se Jesus soubesse quem era aquela mulher, não deixaria que ela o tocasse. Segundo eles, porque ela era uma pecadora e todos ali presentes condenaram o que ela fez e também o desperdício de um unguento tão caro. A reação de Jesus foi imediata ao defendê-la, dizendo no versículo 10: “Deixem-na em paz, ela praticou uma boa ação para comigo”. E disse mais ainda a valorizando: “Onde quer que este evangelho for pregado em todo o mundo, também será referido o que ela fez, para memória sua.”
Jesus recebeu o presente dela e fez ela ser lembrada em todo o lugar do mundo onde o Evangelho é pregado, pelo que fez a Ele, como ela se sentiu importante pra Ele ali.
Mas, vemos que mesmo a Bíblia nos mostrando estas passagens, têm pessoas que as distorcem ao seu favor, por exemplo: “Mulheres, sujeitem-se a seus maridos, pois ele é o cabeça da mulher” (Ef 5:22,23). “As vossas mulheres estejam caladas nas igrejas. Se querem aprender, interroguem em casa a seus próprios maridos” (I Co 14:26,35). Podemos ver nestes dois versículos bíblicos muitos homens aproveitadores que, em nome da fé, interpretam o texto de forma totalmente distorcida para atacar e humilhar suas esposas, dentro de casa, com palavras de desprezo, gritos, xingamentos e agressões físicas. Muitas mulheres, por não terem o entendimento correto do significado do que Paulo quis transmitir, sentem-se menosprezadas. As vezes estas mulheres com medo das ameaças dos maridos ou de se exporem a sua situação diante da sociedade e da igreja, aceitam o abuso, não denunciam e optam por viver com a dor e o sofrimento de uma falsa submissão, que não passa de distorção de uma fé jamais ensinada por Jesus.
Em uma pesquisa realizada pela Folha de São Paulo, o Brasil registrou uma média de 164 casos de estupro por dia no ano passado. Em 2017 foram mais de 60 mil. Segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a taxa de crime registrada representa 28,9 de estupro a cada 100 mil habitantes, isso representa um aumento no ano anterior 26,7 casos referente a 100 mil habitantes. Os dados revelaram que 40% das mulheres que se declaram sujeitas a agressões físicas e verbais de seus maridos são evangélicas. Temerosas de desobedecerem à Palavra de Deus, ficam divididas entre a fé e a denúncia. Não sabem se oram ou se procuram a polícia.
Devemos fazer uma reflexão: a construção da masculinidade e da feminilidade pela Igreja Cristã. Você já frequentou uma reunião de oração de qualquer igreja? Quantas mulheres oraram ou pediram oração para que seus maridos mudassem, que não fossem violentos, que não as desrespeitassem?
Pois bem, a oração é essencial na vida do cristão e devemos praticá-la, mas existem coisas que devem ser resolvidas na delegacia de polícia e isso não podemos negar. As mulheres têm que procurar seus direitos, devem denunciar os agressores e assim proteger tanto elas quanto os filhos. Se isso não mudar, continuaremos a ter mulheres subservientes e homens irresponsáveis. As mulheres se sentem obrigadas a fazerem suas famílias darem certo, enquanto os maridos não as respeitam. Isso, infelizmente, é muito comum nas nossas comunidades.
Devemos lutar, constantemente, contra esse “padrão” familiar que onera as mulheres no cuidado dos filhos, no cuidado do lar, na subjugação aos maridos e, infelizmente, isso tudo é agravado pelo julgamento das comunidades cristãs. Precisamos ensinar os homens que uma masculinidade inspirada pelo padrão de Jesus Cristo é aquela que se preocupa com os filhos, com o lar, com o cuidado de suas famílias e que preza pelo respeito às esposas. Afinal, se somos todos imagem e semelhança de Deus e, após a vinda de Jesus, somos um n’Ele, não cabe qualquer tipo de violência na vida do Cristão! Deus nos abençoe e ajude a combater a este mal, que é a violência doméstica!
Adenilson Geraldo
Palestrante para casais e jovens
Renovando as Alianças: (33) 99974-2040