CARATINGA- Fabiano Martins de Abreu, 41 anos. Uma história de superação e recomeço, saindo do vício em drogas (maconha, cocaína e crack), as práticas de furtos e da prisão para a liberdade de uma vida recuperada. Hoje, Fabiano é inspetor de Segurança na Associação de Proteção e Amparo aos Condenados (Apac) de Inhapim e conta sua história que foi transformada quando foi acolhido pelo Centro de Atenção Psicossocial de Caratinga e conheceu o método Apac.
Fabiano se recorda que o envolvimento com as drogas se deu aos 18 anos. “Foi uma experiência bem ruim, que ninguém quer para a vida dele. Pelo fato do envolvimento com as drogas vieram as passagens, infelizmente, estive dentro de cadeias e presídios”.
A vida no vício acabava afetando outros aspectos, impactando diretamente a qualidade de vida. “Não trabalhava nessa época, os empregos que arrumei no passado, infelizmente, por estar no vício das drogas, não prosseguia neles. Destrói tudo, tudo que a pessoa constrói, ela destrói rápido. Graças a Deus, hoje construí muita coisa e tenho a vontade de ajudar as pessoas que estão nas drogas”.
Estudos apontam que os fatores do abuso de drogas também estão ligados ao núcleo familiar. A história de Fabiano, como de tantos outros, também envolve esse aspecto. Porém, um dia foi decisivo para ele. “Vamos ser realistas, minha estrutura familiar nunca foi daquelas muito boas. Sempre foi uma família cheia de problemas com drogas. Mas, um certo dia resolvi conversar com Deus e falar: “O Senhor me tira dessa vida ruim ou tira a minha vida”. E Deus resolveu me dar uma segunda chance. Estou aqui hoje aproveitando essa segunda chance que Deus me deu”.
A decisão partiu do próprio Fabiano, o desejo de mudança, de uma vida melhor. “Todo mundo pode recomeçar. Deitado na minha casa, eu já tinha perdido tudo, vendido tudo por causa das drogas. Estava deitado em cima só de uma cama, já estava imaginando se eu venderia ela ou não. E falei com Deus para mudar minha história. Em 2012 cometi o último crime e desde então, graças a Deus, meu organismo está limpo, nove anos sem drogas, álcool, qualquer tipo de droga lícita ou ilícita. Vida transformada”.
Assim, personagens importantes entraram na vida dele. Eles foram fundamentais para que esse processo fosse concluído com sucesso. “Tive uma passagem pelo CAPS, o Ridley (psicólogo Ridley Vasconcelos), toda equipe me lá me deu o maior apoio, me ajudaram muito. Inclusive, um dos episódios que aconteceram lá, o CAPS me abraçou mesmo, o médico queria me transferir para um hospital psiquiátrico. Hoje (dia da entrevista, 20 de dezembro de 2021), acordei pensando nisso, o que seria o meu futuro se eu estivesse em um hospital psiquiátrico hoje? O CAPS foi uma ferramenta fundamental na minha vida”.
Ao conhecer a Apac, ele se deparou com uma frase de Mário Ottoboni: “Todo homem é maior do que seu erro”. Mais uma motivação para que ela buscasse um novo caminho. “Ninguém é irrecuperável. Vi que tinha solução sim, a partir do momento que eu já tinha conseguido o CAPS, o amor deles pelos pacientes e, depois infelizmente com envolvimento com as drogas e o crime, fui preso e nessa prisão, conheci a Apac. A Apac foi um diferencial grande na minha vida também”.
Agora, Fabiano também busca ressocializar os recuperandos que estão passando pelas mesmas situações das quais ele enfrentou. A tarefa não é fácil. “Muitos estão se recuperando, tendo uma segunda oportunidade, como Deus me deu. Muitos passam segurança que vão mudar de vida, mas, outros, infelizmente, a família é o pilar de tudo e eles não têm a estrutura. Então, automaticamente, ele vai voltar. Às vezes a própria família ajuda nisso, um copinho de cerveja aqui, outro ali, amanhã o cara está afundado nas drogas de novo”.
Reintegrado à sociedade, Fabiano Martins de Abreu reescreveu sua história e deixa sua mensagem para aqueles que também estão à procura de mudar as suas trajetórias. “Procure querer mudança. Por exemplo, o Fabiano quer a mudança de um parente dele, mas, se o parente dele não quiser mudança, não adianta. A pessoa que está ali usando a droga tem que saber que aquilo vai ser ruim para ela, para a família, para todos que estão a volta dele. É um efeito dominó, atinge do mais velho até o que ainda não nasceu”.