- Eugênio Maria Gomes
Há três anos, quando Graça Foster assumiu a presidência da Petrobrás – Petróleo Brasileiro S/A, sociedade de economia mista que tem o governo brasileiro como sócio majoritário -, senti um orgulho muito grande. Ter uma caratinguense administrando, na época, a maior empresa em valor de mercado da América Latina foi, de fato, algo que mexeu, positivamente, comigo.
Ademais, a história de Foster é mesmo algo impressionante: uma menina que saiu de Caratinga para morar no Morro do Adeus, no Rio de Janeiro e que conseguiu livrar-se da provável sina destinada às meninas pobres que perambulam pelos lixões, para tornar-se a primeira mulher a ocupar o posto mais alto da empresa, na qual ingressou como estagiária em 1978, após a conclusão do curso de Engenharia Química pela Universidade Federal Fluminense.
Graça Foster não teve sua trajetória profissional construída através dos “mimos” distribuídos pelo Partido dos Trabalhadores, como ele – e tantos outros, sabem fazer muito bem aos seus “apadrinhados”. Ela sempre foi funcionária de carreira, com Mestrado em Engenharia de Fluidos, Pós-graduação em Engenharia Nuclear e MBA pela Fundação Getúlio Vargas. De estagiária, passou por diversos setores da estatal, sendo eleita em 2010 a Diretora Executiva mais poderosa da América Latina, assumindo posteriormente a condição de ser a primeira mulher no mundo a comandar uma empresa petrolífera, período em que, também, foi considerada a mulher mais poderosa além das fronteiras dos Estados Unidos da América.
O que Graça não sabia (e eu acredito nisso!) era que a presidente Dilma estava lhe dando um presente de grego – herdado de Lula -, já que a empresa que lhe foi entregue para administrar em muito se assemelhava ao Cavalo de Troia, com toda a sua exuberância exterior – muito bem explorada pelo marketing político -, mas completamente podre por dentro, carcomida por um processo de corrupção sem precedentes na história da Administração Pública brasileira.
Definitivamente, a engenheira Maria das Graças Silva Foster, nossa conterrânea, não merecia passar por todo esse dissabor. Não se trata, apenas, da perda de um cargo tão importante, mas da mancha que um partido – e seus principais representantes -, conseguiram impor à sua imagem, construída ao longo de tantos anos, de forma meritória.
De quebra, Graça Foster se tornou um bom exemplo a ilustrar todo esse “medo” que passou a permear a atitude dos mais diversos profissionais, os quais poderiam prestar ótimos serviços à população como agentes governamentais -, em relação à atuação pública. Poucos são os que se arriscam a assumir um cargo público, hoje em dia. As pessoas sabem que, no dia seguinte à sua posse, não apenas elas, mas toda a sua família – de maneira especial as sua mães -, passarão a ser chamadas pelos apelidos mais escabrosos. Basta uma rápida olhada na internet, de maneira especial nas redes sociais, para verificar pelo que tem passado Graça Foster, a menina pobre que venceu a miséria, que fez da educação e da determinação os alicerces de seu sucesso profissional, e que foi derrubada pela ganância de políticos inescrupulosos…
O mesmo tem acontecido com muitas pessoas de bem por se aventurarem a governar e ou a colaborar com governos… Infelizmente, o mau uso da Política tem feito com que praticamente todo agente público apresente-se como alguém que usurpa, que rouba, que dilapida a coisa pública…
Como disse, a Petrobrás é uma empresa de economia mista, ela não é o governo. Por isso, Graça Foster caiu. Governantes e agentes públicos, mesmo desenvolvendo uma administração desastrada, quase sempre permanecem em seus cargos, dele saindo, normalmente, quando a Justiça entra em ação, já que o povo brasileiro não é dado a exigir retorno do voto que os elege. No caso das empresas, não. Neste quesito, o Mercado resolve a questão: ou o administrador saí, ou a empresa sucumbe.
Talvez Graça Foster esteja pagando a conta para que a nossa Petrobrás renasça das cinzas. Torçamos para que ela não renasça, porém, como mais um filhote da “Petrotoia”!.
Bom, pelo menos a Graça Foster é funcionária efetiva da Petrobrás, e, assim, não precisará se inscrever no Pronatec.
- Eugênio Maria Gomes é escritor e professor.