Tenho usado este espaço para colocar a Teologia num ângulo acessível ao maior número de pessoas, não importa qual sua filosofia, crença ou estilo de vida. Sem pestanejar, continuo crendo que cada um de nós tem sua própria teologia, e que, por isso, pode contribuir para o debate teológico.
Duvido que no tema de hoje eu consiga a unanimidade nas opiniões. E talvez esteja representando principalmente a corrente dita bíblica – isto é, que se baseia na revelação que nos é oferecida nos 66 livros da Bíblia. Contudo – e quem sabe já ficará como assunto da próxima semana – há outras respostas à pergunta que abre o artigo: Atividade teológica – qual é a principal?
Tenho certeza que entre nossos alunos da Factual (Faculdade de Teologia), poderemos ter discordância sobre qual é essa principal atividade.
Não podemos esquecer o que o grande teólogo S. Agostinho expressou em meio a sua famosa obra sobre a Trindade. Este trabalho do século V é muito importante, porque ele abre o caminho para o casamento entre a razão e a fé.
O autor estava se esforçando para colocar no papel como ele compreendia o Deus revelado na Bíblia. O título, apontando para o ensino da trindade divina, deixava claro: Deus é um, mas Deus é três em um. A lógica humana, a razão, portanto, não consegue acompanha-la. Carecemos de ajuda especial. O que o autor faz? Ele clama pela ajuda do Altíssimo no ‘entrevero’ de seus pensamentos!
Logo no início desta obra Agostinho decide: – Vou escrever assim: pensando sobre o tema, e orando sobre o tema. O que temos é uma maravilhosa combinação no interior do ser humano do seu pensar, e do seu buscar a seu Criador. Só por este detalhe a obra merece um prêmio de literatura!
Mas qual é a atividade número UM do teólogo? Seria a de ler, pensar (e escrever), mesmo que seja sobre as nossas origens, donde viemos, para onde vamos, por que estamos aqui neste mundo?
A resposta é ‘não’. A atividade que cada teólogo de todas as diferentes ramificações deve ter, buscar, desenvolver é a oração.
A oração pode ser compreendida de formas variadas. E talvez nem todas seriam enquadradas nesta atividade primeira do teólogo.
Ao se tranquilizar, relaxar e olhar para dentro de si, o ser humano começa a descobrir um mundo totalmente diferente. Por quê? Porque o foco ali é totalmente outro daquele que nos move quando nos externamos, e endereçamos a exterioridade. Quando estamos centrados no nosso espírito, o equilíbrio entre o valor e importância é estabelecido como que automaticamente. A partir deste momento na nossa intimidade vemos ao nosso Criador como aquele que está no controle de todas as coisas, mas que está sempre a nos convidar para participarmos com Ele tanto dos grandes acontecimentos como dos menores.
A oração nos mostra a importância eterna de um bebê, de um doente, de um deficiente. Os tabus e preconceitos caem por terra. Não que tudo se torna uniforme, mas os rótulos revelam seu valor efêmero, e aquilo que é de verdade surge na plataforma de nosso interior.
A oração como nos revela a Bíblia não é limitada pelo tempo nem pelas circunstancias, mas depende única e exclusivamente da inteireza do nosso íntimo, ou, na linguagem tradicional, do nosso coração.
Sinceramente, é essa atividade que é central, básica e fundamental na vida do teólogo: se você quer crescer e conhecer mais a fundo sua natureza, e a do Seu Criador e Deus, cultive mais e mais este “estar na presença de Deus”.
Graças a Deus pela nossa capacidade de raciocinar, e de tomar decisões. O ensino de Teologia irá ajudar você nesta conquista, aprimorando sua forma de pensar e de chegar a conclusões, e a entender melhor o seu próximo. Afinal, o diálogo é um dos maiores alvos da Teologia.
Mas a intimidade com Aquele que te fez supera a tudo o mais, e por irracional que pareça, uma hora nesta atividade, vale mais que 50 horas de estudo.
Da próxima, pensaremos mais sobre a oração. O mundo precisa mais do que nunca de homens, mulheres, crianças – jovens e velhos, que investem tempo em oração.
Vamos juntos nessa também!?
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FACTUAL – Faculdade de Teologia de Caratinga Uriel de Almeida Leitão é credenciada e autorizada pelo MEC, e mantida pela Rede de Ensino DOCTUM.
