Polícia concluiu que Everaldo Gregório de Souza e Thomas Stephen Lydon foram envenenados em Governador Valadares. Irmã de uma das vítimas e amigo do casal foram presos.
A Polícia Civil de Minas Gerais investiga as mortes de Everaldo Gregório de Souza, de 60 anos, e Thomas Stephen Lydon, de 65, ocorridas em junho deste ano, em Governador Valadares, no Vale do Rio Doce. O casal, que mantinha um relacionamento há mais de 30 anos, foi encontrado morto em circunstâncias inicialmente tratadas como naturais, mas as investigações mostraram que eles foram vítimas de envenenamento com fenobarbital, um sedativo de uso controlado.
Duas pessoas próximas às vítimas — a irmã de Everaldo e um amigo do casal — foram presas suspeitas de planejar e executar o crime.
Veja o que se sabe sobre o caso:
- O que aconteceu?
- O que causou a morte do casal?
- Quem foi preso?
- Qual a relação entre as vítimas e os suspeitos?
- Qual é a principal linha de investigação?
- Quais são os próximos passos?
1. O que aconteceu?
Thomas morreu no dia 20 de junho, e Everaldo, seis dias depois, em 26 de junho. Inicialmente, os registros indicavam causas naturais: o americano teria morrido em decorrência de um câncer de pele, e o companheiro, após um suposto coma alcoólico.
Os corpos, no entanto, não passaram por perícia na época. A versão começou a ser questionada em julho, quando familiares de Everaldo procuraram a polícia. Eles relataram estranheza com a rapidez no enterro de Thomas e com o fato de Everaldo ter sido internado sem que os parentes fossem comunicados.
2. O que causou a morte do casal?
Com o avanço da investigação, a polícia pediu a exumação dos corpos, e o exame toxicológico de Everaldo confirmou a presença de fenobarbital no fígado, substância que, em alta dosagem, paralisa o sistema nervoso central e pode causar a morte.
3. Quem foi preso?
Foram presos uma mulher de 52 anos e um homem de 35 anos, apontados como os responsáveis por planejar e executar o crime. A mulher é irmã de Everaldo, e o homem, amigo próximo de Thomas. Ambos tinham acesso livre à casa onde o casal vivia e prestavam assistência a eles, o que facilitou a execução do plano sem levantar suspeitas iniciais.
4. Qual a relação entre as vítimas e os suspeitos?
A relação era de confiança e intimidade. A irmã de Everaldo e o amigo de Thomas frequentavam o lar do casal com frequência, sob o pretexto de ajudar nas rotinas diárias e cuidados de saúde. No entanto, segundo a polícia, eles se aproveitaram dessa proximidade para administrar o medicamento e manipular documentos médicos e financeiros após as mortes, tentando mascarar o crime.
5. Qual é a principal linha de investigação?
A principal linha de investigação aponta motivações financeiras. Após as mortes, os suspeitos movimentaram mais de R$ 1,3 milhão em valores e bens das vítimas, incluindo o resgate de uma aplicação de R$ 379 mil e a venda do imóvel do casal, avaliado em cerca de R$ 950 mil.
Os investigadores também encontraram:
uma apólice de seguro de vida em que a irmã de Everaldo aparecia como beneficiária vitalícia;
uma procuração que concedia amplos poderes ao homem preso sobre Everaldo — inclusive para impedir o acesso da família ao prontuário médico;
tentativas de transferência da casa do casal para o nome de uma terceira pessoa, o que indicava a intenção de ocultar patrimônio.
Para garantir a reparação de danos, a Justiça determinou o bloqueio de R$ 1,5 milhão em ativos financeiros e a restrição de veículos registrados em nome dos suspeitos.
6. Quais são os próximos passos?
Os dois suspeitos estão presos preventivamente. A Polícia Civil ainda aguarda o resultado do exame toxicológico de Thomas e o laudo pericial dos documentos falsificados.
Eles deverão responder por homicídio duplamente qualificado, além de falsificação e uso de documento falso. A Justiça também determinou medidas cautelares contra a advogada do homem investigado, suspeita de orientar testemunhas a mentir e criar histórias falsas para justificar movimentações financeiras.
O advogado da família das vítimas, Thiago de Castro, afirmou que os parentes esperam uma punição exemplar.
“Foi uma perda irreparável, e o mínimo que a família espera é que a Justiça responsabilize quem fez isso com tanto cálculo e crueldade”, disse.
Fonte: G1









