TRILHAS DE FUTURO FASE 2 - ENFERMEIRA (Mobile)

Bandidos armados com fuzis invadem Hospital Pedro II, no Rio, para matar paciente; veja vídeo

Lucas Fernandes de Sousa, de 31 anos, já havia sido levado para a enfermaria e não foi localizado pelos criminosos

Bandidos armados com pistolas e fuzis invadiram o Hospital municipal Pedro II, na Zona Oeste do Rio, na madrugada desta quinta-feira. Oito homens armados, que seriam ligados a uma milícia e estavam encapuzados, renderam os seguranças às 2h40 e foram para o centro cirúrgico, no segundo andar. A ação foi para encontrar Lucas Fernandes de Sousa, de 31 anos, que sofreu uma tentativa de homicídio e estava sendo operado. De acordo com informações da polícia, o grupo armado tinha como objetivo matar o paciente. O homem, no entanto, já havia sido levado para a enfermaria e não foi localizado pelos paramilitares. A Polícia Militar realiza uma operação na comunidade do Gouveia, também na Zona Oeste, em busca dos envolvidos do crime.

Além do ferimento pelo disparo, ele tinha outras lesões de raspão. Morador de Paciência, também na Zona Oeste, Lucas deu entrada na unidade na tarde de quarta-feira. Informações recebidas pelos policiais apontavam possível envolvimento dele com um grupo paramilitar.

Os policiais da 36ª DP (Santa Cruz) estão no local para encontrar pistas dos homens armados que realizaram a invasão. Os agentes já sabem que os bandidos usaram uma passagem em um muro que separa o Pedro II de um estacionamento para entrar na unidade de saúde.

O secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, relatou a gravidade da situação:

— Eles entraram atrás de um paciente que foi baleado, tentando executá-lo. Foram até o centro cirúrgico, mas ele já havia descido para a enfermaria. Essa situação é muito crítica, porque os bandidos não respeitam mais os hospitais. Quinhentas e dezesseis vezes esse ano, as unidades tiveram que parar de funcionar devido à insegurança pública, devido à dificuldade da segurança pública em manter a ordem nos territórios. E, agora, até as unidades de mais alta complexidade tendo que interromper o funcionamento. Está cada vez mais difícil conter essas ações, e o risco durante as operações aumenta muito. Já havia acontecido outra invasão desse tipo. Inclusive, o terreno ao lado também foi dominado pela milícia, que está cobrando dos pacientes e dos funcionários para estacionar. A equipe médica sabia que o rapaz que deu entrada tinha sofrido uma tentativa de homicídio.

Soranz classificou o episódio como “uma situação que mostra total falência da política de segurança no Estado do Rio de Janeiro”.

— Uma unidade de alta complexidade que cuida de pacientes em estado grave, que realiza cirurgias extremamente complexas. Teve seu funcionamento interrompido por oito pessoas fortemente amadas com fuzis, pistolas, invadem a unidade, interrompem o atendimento para buscar uma pessoa que havia sido baleada e realizar o assassinato dentro da unidade hospitalar. Mostra o quanto a situação é frágil na segurança do nosso estado, os profissionais de saúde todos profundamente abalados, os pacientes que estavam sendo atendidos em estado grave correndo risco por conta dessa interrupção — afirmou.

Saiba mais: Polícia Civil prende miliciano investigado por homicídios na Zona Oeste do Rio
O secretário destacou que a situação foi “muito grave, que precisa ser respondida com muita força pelas forças de segurança”:

— Com uma investigação séria, para situações como essa não voltarem a acontecer. É inadmissível o desrespeito à unidade de saúde, nem em situações de guerras extremas, em situações de conflitos armados extremos, as unidades de saúde são tão atacadas como têm sido atacadas no Rio de Janeiro.

‘Terror’
Imagens das câmeras de segurança do hospital mostram o momento em que os homens chegam ao local. Eles acessam o estacionamento e vão até uma das entradas. Todos estão vestidos de prestos e têm as cabeças cobertas por toucas. Os criminosos se dirigem ao local onde fica o segurança do hospital. Em todos os momentos, eles demonstram calma. Um deles vestia um colete da Delegacia de Repressões Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco/IE).

No momento em que os criminosos buscavam matar Lucas Fernandes de Sousa, que passava por cirurgia no hospital, 36 pacientes em estado grave e oito gestantes eram atendidos por lá.

Daniel Soranz relatou, ao Bom Dia Rio, que quem estava no hospital viveu momentos de pânico durante a invasão.

— Profissionais que faziam os transportes dos exames de sangue, das bolsas de sangue, foram impedidos. Uma situação muito grave, uma cena de completo terror — disse.

O Bom Dia Brasil mostrou uma ambulância, escoltada por carros da polícia, passando pela Avenida Brasil após deixar o Pedro II com Lucas, na manhã quinta-feira. A Secretaria municipal de Saúde afirmou que a segurança no hospital e também na unidade para onde o paciente foi transferido está reforçada.

O Pedro II tem dez andares e 332 leitos, distribuídos entre serviços de emergência, UTIs adulta, pediátrica e neonatal, maternidade, clínica médica, cirurgia-geral e bucomaxilofacial, neurocirurgia, psiquiatria, pediatria e ortopedia. O hospital realiza também exames de imagem (raio-x, tomografia, ultrassonografia, eletrocardiografia e ecocardiografia) e análises laboratoriais.

Clima de insegurança
Quem mora em Santa Cruz, onde há territórios controlados por milicianos e traficantes, diz que trabalhar à noite hospital é sinônimo de conviver com o perigo.

— É muito complicado trabalhar aqui à noite. Não estava no plantão da madrugada, mas meus colegas disseram que muita gente correu quando os bandidos entraram — contou um funcionário.

uma clínica da família no Vidigal, Zona Sul do Rio, ainda em obras. Na ocasião, operários que trabalhavam na construção de uma nova unidade municipal de saúde, antiga demanda dos moradores, foram expulsos por traficantes, em meio a avisos de que “o prédio pertence ao tráfico”.

Histórico de invasões a unidades de saúde no Rio
A empreitada no Hospital Pedro II não é a primeira em que bandidos ingressam em unidades de saúde do Rio.

Em 2014, 15 homens armados invadiram o Hospital Azevedo Lima, em Niterói, e resgataram o traficante Johnny Luís da Silva, o Bebezão, que estava internado sob custódia policial. Um PM foi morto na ação.

Dois anos depois, foi Nicolas Labre Pereira de Jesus, o Fat Family, o criminoso resgatado de um hospital. Na ocasião, 25 bandidos jogaram granadas e trocaram tiros na porta do Hospital Souza Aguiar, no Centro do Rio. Um paciente morreu baleado no episódio.

Ainda em 2016, o Hospital Maternidade Herculano Pinheiro, em Madureira, foi invadido por traficantes do Morro São José Operário, na Praça Seca. Bandidos procuravam um médico para atender uma pessoa ferido por tiro na comunidade, segundo o Sindicato dos Médicos do Rio (SinMed/RJ) informou na ocasião.

Já em 2017, 50 homens armados invadiram a UPA da Maré para resgatar o traficante Renan Henrique Barbosa Campos, o RN. Um médico chegou a ser sequestrado e obrigado a acompanhar o ferido numa ambulância. Em 2018, outra UPA, a de Costa Barros, foi invadida por um traficante, que queria levar uma médica para atender um criminoso baleado.

Neste ano, a Clínica da Família Bibi Vogel, no Engenho da Rainha, foi invadida e destruída por traficantes. Na ocasião, funcionários afirmaram que os criminosos procuravam um médico, que havia apartado uma confusão no dia anterior, para matá-lo: por não encontrá-lo, a opção foi por depredar a unidade. Neste mês, uma clínica da família no Vidigal, Zona Sul do Rio, ainda em obras, foi o alvo: na ocasião, operários que trabalhavam na construção de uma nova unidade municipal de saúde, antiga demanda dos moradores, foram expulsos por traficantes, em meio a avisos de que “o prédio pertence ao tráfico”.

Fonte: EXTRA

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *