IPANEMA – O poder judiciário da comarca de Ipanema designou para o mês de junho, a audiência de instrução e julgamento do caso que apura o assassinato de um casal de trabalhadores rurais na zona rural de Taparuba. O crime, ocorrido em 2 de agosto de 2017, foi cometido de forma covarde e premeditada, quando as vítimas transitavam de motocicleta pelo Córrego Santo Antônio.
A ação foi testemunhada por um dos filhos do casal, menor de idade, que seguia de bicicleta logo atrás e conseguiu escapar ao se esconder em um canavial.
As investigações conduzidas pela Delegacia de Polícia Civil de Ipanema revelaram que o crime decorreu de intensas desavenças entre vizinhos, envolvendo disputas fundiárias, ameaças e registros anteriores de violência.
Apenas 15 dias antes do duplo homicídio, uma tentativa de assassinato já havia sido registrada contra uma das vítimas, atribuída ao mesmo principal suspeito que viria a ser posteriormente investigado como mandante da emboscada.
Esse suspeito, homem de histórico violento e conhecido pela comercialização clandestina de armas, veio a falecer por infarto durante a fase final da investigação, poucos dias após uma operação policial em sua propriedade que resultou na apreensão de diversas armas de fogo. Algumas dessas armas tinham características compatíveis com os projéteis e estojos encontrados na cena do crime, levantando suspeitas de que foram empregadas na execução das vítimas.
Diante da robustez do conjunto probatório reunido, a Polícia Civil representou, em 2020, pela prisão preventiva dos dois principais suspeitos identificados como executores. Contudo, à época, o Ministério Público emitiu parecer contrário à medida, e o Poder Judiciário indeferiu o pedido.
Após essa decisão, um dos investigados foi preso anos depois, em razão de seu envolvimento em novo homicídio ocorrido no município de Mutum, o que acentuou o sentimento de impunidade e aumentou a pressão social por justiça no caso original.
O processo agora segue para seu desfecho. As audiências de instrução contarão com a oitiva de testemunhas da acusação e da defesa. O julgamento é esperado com grande expectativa por familiares das vítimas e pela comunidade local, que conviveu por anos com o temor, o silêncio e a memória de uma tragédia que abalou toda a região.