CARATINGA – Muitas são as dúvidas em torno do acidente aéreo que ceifou a vida de Marília Mendonça, de Abiceli Silveira Dias Filho, que era tio e assessor da artista; do produtor Henrique Bonfim Ribeiro, do piloto Geraldo Martins de Medeiros e do co-piloto Tarcísio Pessoa Viana. Todos vinham para Caratinga, onde a cantora faria um show na última sexta-feira (5).
Polícia Civil e Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) estão realizando as devidas investigações, e na tarde dessa terça-feira (9), os destroços da aeronave saíram do pátio da rebocadora com destino ao aeroporto Galeão, no Rio de Janeiro.
Para tentar entender um pouco a dinâmica do acidente, a reportagem conversou com um piloto de Caratinga, que preferiu não se identificar, mas tem dez anos de experiência e inclusive ouviu pela frequência aberta para comunicação entre as aeronaves, o piloto da aeronave em que Marília Mendonça estava coordenando que estava ingressando na perna do vento (sentido contrário ao de pouso). Ainda segundo o piloto, em sua opinião, a área do aeroporto de Caratinga não é perigosa.
Você avalia que área para chegar ao aeródromo de Caratinga é perigosa?
A área do aeroporto de Caratinga não é perigosa. Só podemos operar em condições visuais, com teto alto, de mínimo 1500 pés de altura e visibilidade boa, acima de 5000 metros. E temos uma orientação do ROTAER (tem por finalidade apresentar informações aeronáuticas que propiciem consultas cômodas e rápidas, tanto na fase de planejamento como na realização de um voo) para executarmos o circuito de tráfego que é o procedimento de pouso somente pelo setor oeste do aeródromo, devido às elevações dos outros setores.
Em sua opinião, as fiações da torre deveriam estar sinalizadas?
Acredito que as torres deveriam ser sinalizadas, apesar de estarem fora da zona de proteção do aeródromo.
E sobre a altura que a aeronave estava sobrevoando?
Acredito que estava voando baixo, já que acabou colidindo com o fio.
O que você chegou a conversar com o piloto?
Durante meu voo, eu estava a cinco minutos do pouso quando ocorreu o acidente. Como não temos órgão de controle de tráfego aéreo em Caratinga, usamos uma frequência aberta para comunicação entre as aeronaves. Nessa frequência, ouvi ele coordenando que estava ingressando na perna do vento (sentido contrário ao de pouso). Sua voz estava normal e como era um procedimento padrão, prossegui o meu voo.
No momento em que você viu o avião caído, já imaginava que todos estariam mortos?
Não percebi que o avião havia caído quando pousei. Só percebi isso quando desci do avião no hangar. Decolei novamente para sobrevoar o local e vimos o avião no local acidentado. Como estava inteiro, acreditei que todos teriam sobrevivido
Como sua experiência, o que acha que aconteceu? Seria falha humana ou mecânica?
É difícil precisar o que aconteceu. Somente a investigação do Cenipa para descobrir todos os fatores que contribuíram para esse acidente.
Quando aconteceu um acidente trágico como esse, vocês pilotos ficam com receio de voar?
Não ficamos com medo. Ficamos chateados com as vidas que se perderam e procuramos nos preocupar cada vez mais com a segurança de voo para evitar tragédias como essa.