Um apelo: entremos o quanto antes pelo caminho de transformação
Na crônica anterior toquei no assunto da liderança responsável, cujo exemplo pode e deve ser imitado. Nesses nossos dias não há mais dúvida: SE NÃO HOUVER MUDANÇAS (EM NOSSA FORMA DE PENSAR E TRABALHAR, DE EXECUTAR, E EM NOSSOS HÁBITOS), MUDANÇAS RADICAIS, O MUNDO ENTRARÁ CONTINUAMENTE E MAIS RÁPIDO QUE IMAGINAMOS EM FERVENTES “EBULIÇÕES” SOCIAIS. Peço desculpas pela minha intrepidez verbal, mas, francamente, somente alguém muito cego na alma e no espírito não concordaria com a colocação acima. Creio, portanto, que o que poderá fazer uma diferença de fato é uma liderança que busca os interesses dos outros, da coletividade – e não apenas os seus próprios, ou de sua própria empresa ou instituição. Claro, se não administrarmos bem – e de forma eficiente – onde nós somos os responsáveis maiores, onde temos acesso aos comandos, às diretrizes, NÃO SEREMOS CAPAZES DE OFERECER ajuda eficaz aos outros, ou à sociedade. Para que isso fique bem claro, os PILARES DA SOCIEDADE precisam estar claramente diante de nossos olhos. Quais são esses pilares – o que é básico para nossa vida comum, para nossas instituições centenárias? Julgar pelas aparências – que decepcionante! Mas também, provoca riso imaginar que pessoas que falam bem sejam automaticamente líderes bons, eficazes. Pois o fato é que nem sempre nosso falar condiz com o que realmente pensamos. Às vezes, o orador quer apenas agradar, conquistar uma plateia… Fico muito preocupado quando assisto entrevistas cuja finalidade maior é informar O QUE ALGUÉM PENSA. Já dizia o sábio das Escrituras de há mais de dois mil anos: “falar é prata, mas calar é ouro”, pois através de atos e ações falamos MAIS ALTO do que pelas nossas palavras. Então, o que ele pensa, e o que ele tem feito – isso é mais coerente. Investi nesses últimos dias mais do meu precioso tempo (que não volta jamais!) para ver programas de TV em que se discutia nosso país, nosso governo, e, sobretudo, O QUE É NECESSÁRIO FAZER. O que aprendi? Sim, temos muita gente boa, de bem, e bem-intencionada. A pergunta, porém, que precisamos fazer é, será que a vida pessoal e familiar – onde é bem mais difícil de manter subterfúgios e ilusões – comprova, atesta a veracidade profunda do que ele disse, quais são suas verdadeiras motivações? Volto à questão dos pilares – o que realmente é básico numa sociedade, em nossas vidas? E para nossas vidas comuns, do dia a dia – como se diz em inglês, “where the rubber touches the ground” – isto é, onde a borracha (dos pneus) toca no asfalto, lá onde acontecem os desgastes diários, e onde vivemos de verdade, – o que importa mesmo?
A fala de um líder (não importa seu campo de atuação) pode nos dar a impressão de que sua vida é muito correta, talvez até ‘perfeita’: somos induzidos a pensar que ele sim é um exemplo a seguir. Mas não podemos nos precipitar… Como disse Jesus, “pelos seus frutos os conhecereis”. Quais são os primeiros frutos de uma pessoa adulta que se propõe a assumir liderança na sociedade? Penso logo na sua família, seu cônjuge, seus filhos – é lá que aconteceu a sua primeira “plantação”: Como está sendo a colheita por lá?
Segundo o meu entendimento, é na família que descobrimos as bases, os pilares da vida de uma pessoa. Quando penso nos filhos, me pergunto: Que tipo de gente se tornaram? De forma muito simples, só há duas opções: Aprenderam a respeitar os mais fracos, os que sofrem o bullying, por exemplo (é para mim a coisa mais importante num líder). Ou aderiram ao partido oposto, cuja característica principal é não respeitar a sacralidade (o ser diferente, especial, único) da pessoa. Então, que tipo de líderes você está formando?
Às vezes dói essa verdade: tudo começa em casa!
Nossos pilares estão aí – cada um de nós volta para lá, e é lá que foram fincadas as primeiras estacas – mais firmes e resistentes que concreto armado!
A psicologia fala dos dois primeiros anos de vida como determinantemente importantes. Recebemos (ou não) o que nos torna humanos, sensíveis, criativos. Descobrimos (ou não) o valor inestimável do outro, mas também da ajuda, do compromisso, do amor, do perdão – e por aí vão muitas outras coisas de verdadeiro valor.
O líder que precisamos sabe da importância de uma influência saudável: ele busca pessoas de caráter, pessoas de palavra, que cumprem o que prometem, mas também, pessoas que sabem ouvir os outros (não porque falam bem, mas porque também são dignas de respeito, e de serem ouvidas).
Boas notas? Boas classificações na formação escolar? Bons empregos, empregos que dão destaque, que pagam bem? Foi esse o incentivo que você deu aos seus filhos? Mas, só isso? Se isso bastasse, muitas de nossas cidades seriam um paraíso. E nosso país, uma região da terra na qual só estariam acontecendo coisas boas e maravilhosas. Contudo, a árvore deu outros ‘frutos’ que a gente nem sabia que ela podia ‘produzir’. A pergunta que nos faz refletir é o que nossos filhos “captaram” à medida que iam crescendo. Será que é por isso que hoje eles são o que são? Assim, para arrematar, precisamos de líderes que dão exemplo, e o exemplo maior que cada líder deve aprender a dar é o de servir aos outros. E onde começa esse “serviço” ao próximo? É quando você está no topo, à frente de uma grande organização, ou de uma comunidade, de uma igreja, de um país? Não. É na nossa casa. Consequentemente, o pilar número UM de nossa formação é o nosso lar, nossa família. Onde precisa haver mudanças drásticas? É lá mesmo, porque foi lá que aprendemos a LIDERAR, e se minha liderança é falha, é por causa de MAUS exemplos que tive. Se eu quiser MUDANÇA, tenho de mudar. MUDAR É PRECISO, cantaria o poeta! Você já ouviu falar da liderança diferenciada, chamada de liderança através do serviço? Originalmente, servant leadership? A ênfase está no SERVIR – dentro da empresa, e na comunidade. Servir aos liderados, e a quem chegar em contato. Não é para vender um produto – servir é dar ao outro o que ele está procurando, precisando, carecendo: se é pão, será pão, se é emprego, é emprego; se é assistência médica, é isso que o líder que serve procura dar a ele. “O líder que serve”, ou o “líder servidor” – é sobre isso que estou pensando neste artigo. É isso que faz falta, pois o líder que serve faz uma diferença profunda. |
Quero concluir fazendo um apelo mais uma vez a todos: que entremos o quanto antes pelo caminho de transformação da sociedade. Como? Pela transformação de nossa mente, e das tradições nas quais há preconceitos. Tudo que eu penso ou faço precisa ser revisto, e confrontado com padrões duradouros.
A violência NÃO TEM FUTURO. Ela promete e promove ‘futuro’ para alguns poucos – mas por pouco tempo.
Prefiro a cartilha na qual se lê: UM FUTURO BOM POR UM LONGO TEMPO PARA TODOS. Uma transformação que só pode acontecer através da mudança, pela reeducação de nossa mente.
Foi assim que o Mestre e Salvador SERVIU seus conterrâneos, convocando-os para segui-Lo. O teólogo e pastor Dietrich Bonhoeffer O chamou de “der Mensch für andere”, o homem para os outros.
Obrigado por acompanhar meus pensamentos. Que você possa ter uma boa reflexão, e fico aguardando suas ideias. Seja feliz. Estamos juntos!
Rev. Rudi Augusto Kruger – Diretor, Faculdade Uriel de Almeida Leitão; Coordenador, Capelanias da Rede de Ensino Doctum – [email protected]