O tema do desmatamento vem sendo discutido e com relevante destaque em toda imprensa nacional, sendo que após a publicação do Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica para o período 2013-2014 pela ONG SOS Mata Atlântica, em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), na última quarta-feira (27), nos faz refletir mais sobre a temática do desmatamento da Mata Atlântica no nosso estado.
Originalmente o ecossistema Mata Atlântica, que possui diversas formações florestais como as Florestas de Araucária no Sul e Restinga como, também, o Manguezal nas regiões litorâneas, estendia-se por 1,3 milhões de km² cobrindo de forma parcial ou total dos estados entre o Rio Grande do Norte e o Rio Grande do Sul.
Devido a sua localização geográfica, próximo a região litorânea do país, a Mata Atlântica possui um favorecimento dos fatores climáticos para o desenvolvimento de áreas contínuas de floresta densa. Entretanto, também foi nesta região que se deu o desenvolvimento do nosso país, onde podemos encontrar a maior densidade populacional e renda per capita. Sendo assim, para que todo desenvolvimento observado atualmente fosse possível estas áreas de floresta foram exaustivamente exploradas e atualmente contamos com menos de 7% da sua cobertura original.
Sendo assim, as publicações anuais do Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica nos informa qual o estado atual da luta contra o desmatamento neste ecossistema. No ultimo relatório foi observado que no período de 2013 a 2014 houve uma redução de 24% do desmatamento, pulando de 23948 hectares em 2013 para 18267 hectares em 2014. Sendo considerada a terceira menor taxa de desmatamento em 28 anos de observações.
No entanto, Minas Gerais segue tendo destaque negativo no que se diz respeito ao desmatamento da Mata Atlântica. No período de 2012 a 2013 Minas foi líder no ranking do desmatamento com 8437 hectares dos 23948 hectares observados, sendo que neste período o estado foi responsável por 35% do desmatamento deste ecossistema. Já no período de 2013 a 2014 o posto foi passado para o Piauí com 5626 hectares contra 5608 hectares e Minas Gerais, segundo colocado, representando aproximadamente 31% do desmatamento total.
Um dado importante foi que Minas teve a redução do desmatamento mais expressiva, por área. O estado teve uma redução de 2829 hectares entre os dois períodos analisados, esta redução representa quase 1,5 vezes a mais o desmatamento dos estados de Alagoas, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Pernambuco, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Sergipe e São Paulo juntos para o período 2013-2014.
Entretanto, mesmo com toda essa redução as taxas atuais de desmatamento são extremamente preocupantes. A cada dia uma área aproximadamente igual a vinte campos de futebol é desmatada, com isso não se vão somente árvores e animais que viviam nestas regiões, mas a garantia de que a chuva volte mais uma vez a cair, que a nascente continue oferecendo água de qualidade e abundância, que o ar não fique tão seco, evitando assim doenças respiratórias, e dentre outras.
Os estados do Sudeste vêm adotando desde o início do ano algumas medidas para evitar a crise hídrica, que pode ser tornar realidade nos próximos meses, muito tem feito para punir a população pelos erros dos seus respectivos representantes, mas nada de concreto ainda aconteceu. No Nordeste o drama da seca foi, e ainda é, tema fundamental para nos palanques dos comícios dos mais diversos candidatos, seja no âmbito local ou federal. Pelo que podemos ver, que esta estratégia vai fazer parte das próximas eleições no sudeste.
Em relação à política de combate ao desmatamento da Mata Atlântica, os estados do sudeste, exceto Minas Gerais, apresentam uma mínima taxa de desmatamento por área para o período de 2013 a 2014. Espírito Santo possui uma área remanescente de aproximadamente 500 mil hectares e o estado perdeu cerca de 0,0004 % da sua área de floresta. Rio de Janeiro possui atualmente uma área de 900 mil hectares e o estado perdeu apenas 0,00001% da sua área de floresta. São Paulo possui aproximadamente 2,5 milhões de hectares e perdeu aproximadamente 0,0002% da sua área de floresta. Já Minas Gerais que possui cerca de 3 milhões de hectares perdeu aproximadamente 0,0019% da sua área de floresta. Podemos perceber que Minas Gerais teve uma redução da área de floresta de aproximadamente 8 vezes maior que os outros estados que compõem a região sudeste.
Para Minas Gerais estes dados sobre o desmatamento vêm num importante momento para toda a população, através deles podemos perceber que há um esforço do poder publico na redução do desmatamento, devido a redução de 34% observada entre os períodos 2012-2013 e 2013-2014, mas que ainda há muito por fazer, frente aos demais valores observados para o sudeste. Temos que entender que não se trata somente da floresta, mas sim de tudo que ela pode nos oferecer, como manutenção dos nossos recursos hídricos.
Por fim, em momentos de crise cada esforço tem seu papel fundamental. Portanto, melhor preservar agora do que lamentar a falta destas áreas no futuro.