* Eliza Cristiane de Rezende Marques
O livro, o texto, o autor, as obras… O impossível, o “pirlimpimpim”, a possibilidade. Não é enriquecer tal ato ou reduzir o seu mérito. “Ler” vai além dos livros. Quando se domina a leitura, somos capazes de desenvolver novas vivências, de purificar a nossa essência, de nos sentirmos pertencentes ao seu meio e responsáveis por ele. “Ler” para sobreviver, resistir, inventar, fluir, resignificar… Sonhar e transformar.
A leitura é o alimento dos insaciados, é o líquido vital, e é, ao mesmo tempo, uma incógnita, uma das necessidades educativas fundamentais para o desenvolvimento do ser. Conhecendo sua relevância, não há como negar a sua importância, mas… O que é ler?
Ler é produzir sentido(s), é relação dinâmica entre o texto, o autor, a obra e o contexto de produção bem como sua significação histórica e literária. Assim, a leitura é a busca de apreensão da expressão e do pensamento em múltiplos lugares a partir de diferentes horizontes.
Ler é uma atividade complexa, que envolve processos cognitivos, sociais, de significação, em qualquer tempo ou espaço. Todo texto se torna um novo texto nas mãos de seu interlocutor.
Incrível!! Quando penso em leitura, uma mutação invade meus pensamentos, sempre rica em cores, formas, palavras, em histórias lidas, inventadas e recriadas. Completude avassaladora que, a cada dia, floresce.
Desde pequenina, quando ainda não conhecia os processos sistêmicos de processamento e construção da leitura, já me aventurava por este mundo inexplorável, ansiava por este sabor. E, assim, se consubstanciou a minha formação leitora, chegando de mansinho, conquistando espaço, meu tempo, o meu ser.
Mas como uma etiqueta que incomodava, surgira, nesta trajetória, algumas questões: Como devo ler? O que é a leitura? E, principalmente, como formar leitores?
Efetivamente, a leitura apresenta-se como um paradoxo, é, ao mesmo tempo, simples e complexa, é lazer, é prazer, é festa, é luto, é dor. Fernando Pessoa acreditava que a leitura e a literatura eram a maneira mais agradável de ignorar a vida.
Acredito que ler um livro é viajar pelo imaginário desconhecido, tendo como guia o próprio autor, que, a partir das palavras impressas e, de nossas vivências, vamos reconstruindo sua história. Com mocinhas e vilões, ogros e donzelas, reis e rainhas, bruxas e vampiros, garotos e garotas, sejam reais ou fictícios.
Ler um livro é abrir um baú de feiticeiro e descobrir, em cada página, uma nova informação, nova aventura, que transborda e invade com adrenalina. É se arriscar pela floresta encantada e desfrutar de tudo que ela possa nos permitir, sem limites. É viajar pelos planetas do Sistema Solar, é descobrir outras galáxias. É ir ao centro da Terra, é mergulhar ao fundo do mar, conversar com os peixinhos, descobrir tesouros, e quem sabe até Piratas? É desvendar pistas, é ser detetive. É visitar grandes bibliotecas que, de tão belas, parecem irreais.
Mas, muita atenção! Se em uma dessas viagens encontrar com o Juca, mais precisamente, o Monteiro Lobato, não hesitem em aprofundar em suas histórias. Imaginem… Que honra!
Ler, também é um ato solitário, isso é inquestionável quando se analisa o físico, o momento. Preferimos, muitas das vezes, estarmos a sós para apreciarmos cada detalhe de uma obra, mas engana-se quem a teme, Essa solidão não é um desconsolo, é um diálogo incessante: o livro fala, a alma responde.
Nesse processo de leitura, assinamos nossa carta de alforria, abrimos nossas gaiolas, encontramos o equilíbrio, lemos o nosso mundo e tudo que nele está inserido. Temos a certeza de que tudo passa, tudo se transforma, tudo se faz.
Por isso, … Um conselho: “Ler liberta”. Tornemos a leitura uma lei, seja em nosso lar, nas nossas escolas, praças, filas, nos hospitais, nas igrejas, em todo e qualquer lugar, mas uma lei prazerosa cheia de significados.
Parafraseando Drummond, a leitura é uma fonte inesgotável de prazer, mas, por incrível que pareça, a quase totalidade, não sente essa sede. Ansiamos por essa aridez, precisamos furar nossos poços, preservar essa fonte… Como?
Não há uma receita, porém, tenho algumas dicas:
- Faça uma pesquisa interior: Com qual estilo você identifica? Romances, fantasias, biografias, dramas, aventuras, autoajuda, religiosidade entre outras infinidades.
- Escolha um tipo de texto. Existe uma diversidade de gêneros textuais disponíveis.
- Visite uma biblioteca ou livraria: a sensação é maravilhosa e as descobertas não terão fim.
- Crie um espaço e um momento de leitura: escolha um local iluminado, arejado, confortável e que você não precise se preocupar com o relógio.
- Converse sobre os livros: peça sugestões a amigos, familiares, vizinhos e aos professores. Trocar experiências leitoras é muito importante.
- Leia os clássicos. Eles são únicos e atemporais.
Enfim, como diria Rubem Alves, nosso poeta filósofo, o livro é como um brinquedo, composto por letras e que precisa de alguém para brincar.
Brinque!
Ah!!! Nem sei o que dizer ….
Leitura, letras, palavras e ideias…
A leitura é um alimento para a alma.
Ler é simplesmente ler.
Fica aí o convite.
LEIA.
* Eliza Cristiane de Rezende Marques é professora de Redação e Literatura da Escola “Prof. Jairo Grossi”, docente do Centro Universitário de Caratinga- UNEC, Pedagoga, graduada em Letras pela UNEC-MG. Especialista em Leitura e Produção de Textos pela PUC MG, Pós-graduada em Docência do Ensino Superior e Psicopedagogia UNEC-MG. Mestre em História Social pela USS-RJ, doutoranda em Tratamento Espacial da Informação pela PUC-MG.
Mais informações sobre a autora:
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4166386D4