Inicialmente, o Hospital Nossa Senhora Auxiliadora chamava-se Nossa Senhora das Dores. A obra ‘Na História da Diocese de Caratinga’, volume I, traz no prelo do padre Othon Fernandes Loures, uma carta do, à época vigário de Caratinga, padre Modesto Augusto Vieira ao arcebispo de Mariana, dom Silvério Gomes Pimenta, com data de 12 de fevereiro de 1910, com os seguintes dizeres: “Comunico a V. Excelência que estamos fundando um hospital com o nome de Nossa Senhora das Dores, sendo como principal agente, o nosso amigo João Cupertino, de Ponte Nova, viajante. O prédio já está comprado e estamos promovendo o melhoramento do mesmo. Pedimos bênção de V. Ex.cia para que, com auxílio de Deus, possamos alcançar este benefício de grande necessidade para a nossa mata”.
No centenário do hospital, ocorrido em 2017, o DIÁRIO entrevistou Monsenhor Raul, que lembrou um pouco dessa história. Ele destacou que esta carta se tratava das primeiras movimentações pela fundação. Antes da construção do prédio, o hospital funcionava em uma casa adaptada, na Rua do Comércio (Princesa Isabel). “Era lá na Rua Princesa Isabel. Ali que era o centro de Caratinga (risos). Fim da Rua João Pinheiro, onde está a capelinha, a Igrejinha São João Batista. Ali era a praça central”, disse.
O estatuto trata da fundação do hospital aos 24 de maio de 1917, com as seguintes finalidades: assistência médico-hospitalar gratuita aos doentes pobres do município ou das circunvizinhanças distantes de outros estabelecimentos hospitalares e assistência espiritual aos doentes que não recusarem recebê-la. A mudança do nome para Nossa Senhora Auxiliadora é atribuída a Isabel Vieira, irmã de dom Modesto e ex-aluna salesiana, como explicou monsenhor Raul. “24 de maio é considerado o principal da festa dos salesianos, por ser o dia de Nossa Senhora Auxiliadora”, explica monsenhor Raul. Estavam à frente dos trabalhos do hospital, também Arminda Moreira e os médicos Julio Guilhon, Joaquim Meira, Raymundo Luiz e Arthur Albino, que faziam o atendimento aos pobres gratuitamente.
Já em agosto de 1919, o jornal ‘O Missionário’, editado por monsenhor Rocha, convocava todo o povo de Caratinga para reiniciar as obras do hospital. Foi destacado como uma “grande festa” em prol do hospital de Caratinga. Na edição de setembro daquele ano, o jornal trazia a reportagem ‘Os pomposos festejos de domingo’, descrevendo que com os acordes das duas bandas de música locais, na Praça Cesário Alvim, celebrou-se a missa das 10h. A renda líquida da festa para a construção foi de dois contos, setecentos e oitenta e três mil e setecentos e cinquenta réis (2:783$750).
AS IRMÃS E O HOSPITAL
Dando um salto no tempo, no ano de 1945, o prefeito de Caratinga, José Augusto Ferreira Filho foi empossado como provedor do hospital. O bispo diocesano da época, João Batista Cavati conseguiu o aval da Superiora das Vicentinas no Brasil, Irmã Maria Blanchot. Ela veio a Caratinga em 17 de março daquele ano trazendo orientações sobre adaptações no prédio, para clausura das irmãs e a capela. Ao todo 67 Irmãs trabalharam em Caratinga. Irmã Josefa foi a que permaneceu mais tempo (26 anos).
Já na edição de fevereiro de 2005 da Revista Diretrizes, reportagem elaborada pelo monsenhor Raul trouxe a reportagem ‘O hospital e as irmãs vicentinas’, em “reconhecimento e gratidão” aos 60 anos de serviços de caridade.
Naquele ano, a Irmã Superiora da Província de Belo Horizonte esteve em Caratinga para comunicar a dom Hélio Gonçalves Heleno, que o HNSA estava perdendo a presença das Irmãs Vicentinas ou Irmãs de Caridade, por “falta de pessoal qualificado, idade avançada e doenças”.
No final de 2004, as últimas três Irmãs que trabalhavam no hospital (Erothides, Leny e Ivanildes) já haviam partido para sua residência à Rua Alberto Vieira Campos.
ABRACE O HOSPITAL
A movimentação de 1919 em prol do hospital é semelhante ao que está sendo preparado em 2018. Aos 101 anos, o HNSA deu início à campanha ‘Salve Vidas, abrace o hospital’, com a finalidade de arrecadar fundos para quitar a sua dívida tributária.