Padre Moacir fala sobre instalação de dois elevadores, o que possibilitará reabertura de 10 leitos de UTI e faz um balanço da situação financeira do hospital
CARATINGA- Na manhã de ontem, o provedor do Hospital Nossa Senhora Auxiliadora (HNSA), padre Moacir Ramos Nogueira convocou coletiva de imprensa para um pronunciamento. O objetivo foi fazer um balanço da situação financeira do hospital, expectativas e anunciar uma obra da maternidade.
Segundo padre Moacir, a intenção da Diretoria Administrativa, composta ainda por Rodolfo Brandão, vice-provedor e Péricles Mariz é prezar pela transparência do hospital, mostrando à população a realidade do HNSA. “Chegamos aqui há duas semanas, eu juntamente com a equipe que está me auxiliando, o Rodolfo, Péricles e Renato, todos empenhados. Procuramos conhecer a estrutura, visitamos todos os setores, acompanhados pela equipe de administração atual, que nos apresentou todos os detalhes, tanto da parte mais antiga do hospital, quanto da maternidade. Não temos dois hospitais, temos um hospital com duas unidades. Fizemos esse conhecimento em todos os setores, reunimos com todos os coordenadores de setor do hospital, foi uma conversa muito transparente, aberta, apresentamos nossas expectativas e ouvimos também as expectativas dos coordenadores e funcionários dessa casa. E nessa segunda-feira está marcada uma reunião com todos os médicos do hospital, vamos conversar, falar das nossas expectativas, ouvir também cada um deles.”
RECEITA X DESPESA
Conforme padre Moacir, após avaliação da equipe foi possível perceber a dimensão financeira do hospital. “Quero dizer um pouco sobre a situação que encontramos o Hospital Nossa Senhora Auxiliadora, tendo em vista que acumula uma dívida muito grande, que nós precisamos olhar por ela. Hoje recebemos aqui no hospital um repasse de recurso federal de R$ 680.870,97 para o custo do SUS, manutenção desta casa, lembrando que 98% do atendimento no Hospital Nossa Senhora Auxiliadora é SUS, apenas 2% é particular. Desse valor é descontado diretamente na fonte R$ 194.028,18 para quitar um empréstimo que nós temos na Caixa Econômica Federal, empréstimo esse feito na administração anterior”.
De acordo com provedor, ainda há para custeio e incentivo, repasse do estado de R$ 500.000 e outro valor a partir de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC). “O contrato que foi feito com o Estado, vence agora em dezembro, para ajudar no custeio da casa e nas atividades. Lembrando que esse valor sempre chega atrasado, nesse exato momento estamos com três meses de atraso. Temos ainda outra fonte para o hospital que é o TAC com os municípios que formam a microrregião aqui de Caratinga, somando 12 municípios que assinaram esse acordo, com o valor de R$ 178.625, com exceção de alguns municípios que estão um pouco atrasados, quase todos estão em dia em relação a esse repasse. Lembramos que somando todos os municípios, há uma dívida para com o Hospital Nossa Senhora Auxiliadora de mais de R$ 5 milhões das administrações anteriores que não foi acertada com hospital. Isso é anterior ao TAC”.
Padre Moacir enfatiza que é preciso fazer uma reflexão em relação ao que o hospital recebe e as despesas que precisam ser quitadas. “Diante dessa receita que nós temos, parece que estamos diante de muito dinheiro, mas gostaria que a população também tivesse conhecimento das responsabilidades que nós temos dentro do hospital. São receitas fixas que temos todos os meses que arcar com essa responsabilidade. Hoje nossa escala médica custa R$ 597.750 mensais e os médicos estão recebendo em dia. Porém nós temos uma dívida anterior com os médicos, como vamos fazer para solucionar esta questão? A folha de pagamento hoje com 305 funcionários do hospital era de R$ 612.189,09; os medicamentos, higienização e limpeza R$ 283.449,69; a cozinha R$ 35.000. Depois temos um outo item que são exames, diagnósticos, que custam em torno de R$ 86.000 por mês ao hospital; Cemig e Copasa R$ 38.000 e oxigênio R$ 20.000”.
Mas, uma campanha de arrecadação de alimentos contribuiu para a redução das despesas com a cozinha, conforme cita padre Moacir. “Hoje, graças a uma campanha que foi feita na cidade envolvendo funcionários do hospital, esse custo está um pouco reduzido, porque foi muita generosidade e bondade na doação de alimentos. Hoje a cozinha do hospital, graças a Deus, está farta, graças a essa doação da nossa população”.
Apesar da realidade financeira enfrentada pelo HNSA, o provedor tem uma visão otimista de novos tempos para o hospital. “Então, vocês percebem que são muitos gastos, compromissos que nós temos dentro do hospital e temos que arcar com isso todo mês. Se o repasse que chega para o hospital não é suficiente para cobrir isso ou atrasa, como que nós vamos manter em dia essa folha de pagamento e o custeio do hospital? É um desafio muito grande, a administração, a equipe que está à frente do hospital, passa noites sem dormir, preocupados se vamos conseguir ou não cumprir com nossas obrigações. Lembrando que citei a dívida dos médicos, tem a questão trabalhista, que graças a um acordo iniciado com o Renato, nós já estamos encaminhando para o final dessa decisão. Temos uma dívida com a União, fornecedores, enfim, são muitas responsabilidades e compromissos que nós temos hoje dentro do Hospital Nossa Senhora Auxiliadora. Mas, temos alguns sinais de esperança, de alegria, que dá de certa forma um conforto a nós que estamos aqui à frente do hospital”.
NOVIDADES
Dentro desta visão otimista, padre Moacir também apresentou novos projetos do Hospital Nossa Senhora Auxiliadora. Estão previstos novos equipamentos e reabertura de leitos de UTI da maternidade. “Já conseguimos fazer alguns encaminhamentos para beneficiar o nosso hospital, para que continue prezando pela qualidade do atendimento, boa acolhida e presença na vida da nossa população. Temos um recurso de Pro-Hosp que é um recurso do estado para investimento para o hospital. Nós estamos finalizando essa semana uma compra de equipamentos para o hospital no valor de R$ 367.000. Também com esse recurso nós adquirimos dois elevadores e vamos assinar no dia de hoje (ontem) o contrato para execução da obra da maternidade. Precisamos desses elevadores funcionando para reabrirmos os 10 leitos de UTI até o final do ano, se Deus quiser. Hoje temos cinco leitos de UTI funcionando aqui na parte de baixo do hospital, mas lá na maternidade com a com concretização e construção dos elevadores, até o final do ano teremos disponíveis 10 leitos de UTI. É bom lembrarmos que esta verba do Pro-Hosp é uma verba que nós chamamos verba carimbada, vem para esse objetivo, essa função e temos que investir na aquisição de equipamentos. Ela não serve para o custeio ou para outros tipos de despesa. Reabrir as UTIs é um sonho nosso e um desejo da comunidade”.
O HNSA também está investindo em um novo site, moderno e com diversas informações do hospital (www.hospitalcaratinga.com.br). “Lá tem um link que vamos usar para transparência. Onde a população pode acompanhar o dia a dia, o movimento dentro do hospital, a prestação de contas, para manter a população bem informada e atualizada do que nós estamos realizando”.
E já está disponível arrecadação de doações em favor do hospital, por meio da conta de energia elétrica. “Disse na primeira entrevista que precisaríamos fazer uma grande força tarefa em prol do hospital, contando com os prefeitos, os deputados e de modo especial contando com a população da microrregião. Para isso fizemos um acordo com a Cemig, que vai permitir a doação direta na conta de luz. Estamos pedindo por gentileza a participação da sociedade, já temos aqui o material próprio para isso, basta a pessoa que queira doar, participar deste projeto, autorizar o valor mínimo que é de R$ 10 e a partir daí nós fazemos o cadastramento da Cemig e passamos a receber esse recurso”.
O provedor finaliza dizendo que esta é uma forma que a população tem para abraçar o hospital. “Abrace o hospital, salve vidas, vamos lutar por essa casa centenária que fez um bem enorme ao longo desses 100 anos e quer continuar prestando esse serviço para nossa população. Estamos aqui como voluntários, doando nosso tempo, nossa vida e preocupação para que possamos manter nesta casa um atendimento de qualidade”.