O DIÁRIO ouviu a opinião dos vereadores, população e internautas sobre a questão de veículos na Praça Cesário Alvim
CARATINGA- Estacionar ou não? Este tem sido o questionamento nas rodas de conversa de Caratinga, desde o dia 7 de março, quando o Conselho de Patrimônio Cultural de Caratinga (Compac) emitiu parecer contrário à prática de estacionamento de veículos em frente à Catedral, na Praça Cesário Alvim.
Após analisar proposta apresentada pela Catedral de Caratinga, que pretendia regulamentar o estacionamento para os fiéis que assistem as missas aos domingos, os conselheiros, por unanimidade, decidiram manter as diretrizes de uso e preservação do conjunto arquitetônico que existem desde o ano de seu tombamento, onde consta a proibição desta prática e atualizar determinados trechos abrindo algumas exceções. “A intenção foi atender ao interesse de coletividade e conservação do patrimônio, uma vez que laudos técnicos realizados anualmente apontam a danificação do piso da praça”, disseram.
Por sua vez, a Diocese argumentou por meio de monsenhor Raul, que disse que a “Praça da Catedral é da Igreja” e o pároco Moacir Ramos que destacou fatos históricos para dizer a importância da Catedral na história do município, afirmando que por volta de 1840, os fundadores de Caratinga fizeram a “doação grande de terras a São João Batista”. A Catedral ainda manifestou interesse em manter o diálogo para regularizar o estacionamento de veículos.
Já no dia 13 de março, a Justiça deferiu parcialmente tutela provisória de urgência antecipada/cautelar, decidindo como “terminantemente proibido”, sob pena de multa por estacionamento proibido a ser cumprida pela Polícia Militar de Minas Gerais, a utilização da área como estacionamento para missas, casamentos ou eventos da Igreja Católica, situada na Praça Cesário Alvim, bem como qualquer tipo de estacionamento, “exceto o trânsito até a porta da Igreja de um único veículo para a condução da noiva quando do referido casamento”. Uma audiência de conciliação foi marcada para o mês de abril.
Há também a proibição de barracas que “furem e retirem as pedras portuguesas”, devendo a Prefeitura Municipal ser devidamente comunicada, para mediante o Código de Posturas aplicar as sanções devidas, “podendo permanecer barraca que não fira o calçamento de pedra portuguesa no entorno da praça, no tocante a área utilizada pela Igreja Católica”.
Não é permitida a utilização de bicicleta por adultos em todo o entorno da praça, o que deve ser comunicado pela Prefeitura, “fazendo valer o Código de Postura vigente quanto a tal prática ora definida como abusiva e ilegal, podendo apenas circular bicicletas infanto juvenis com acompanhamento dos respectivos responsáveis”.
Ainda está prevista uma audiência de mediação para tratar do assunto. Enquanto isso, o debate segue nas ruas, na internet e também na Câmara Municipal. Na Casa Legislativa tramita o Pedido de Informação N ° 007/2018, que solicita ao Chefe do Executivo o envio da relação dos “investimentos realizados pelo Compac nos patrimônios tombados do município; encaminhar cópia da ata de eleição da diretoria em exercício, período de vigência do mandato, composição atual dos conselheiros, e caso tenha ocorrido alguma alteração dos membros da diretoria, disponibilizar cópia do documento que deu posse ao substituto imediato. Enviar, também, os valores recebidos pelo referido Conselho no período de 2009, bem como cópias das atas e dos empenhos de pagamentos às empresas que prestaram serviços ao conselho”.
Já a Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Caratinga não se pronunciou sobre o assunto.
NAS RUAS
A Reportagem esteve na Praça Cesário Alvim na tarde de ontem e questionou a algumas pessoas o que elas pensam sobre este assunto. Carlos Canuto Ferreira defendeu a permanência de veículos no local. “Com certeza. É patrimônio da igreja. Sempre estacionaram e o problema que tem a Prefeitura pode resolver, basta ter boa vontade. Não tem nada de arrancar as pedras, é só a Prefeitura vir e consertar”.
Já Vanessa Nascimento aprovou a retirada dos veículos e disse que o espaço está melhor depois da decisão judiciária. “É um lugar de lazer, colocando carro aqui, além de ficar feio ocupa o espaço. Por mais que seja difícil encontrar uma vaga, é melhor não colocar carro porque fica cheio, falta espaço para as crianças brincarem, igual agora está ali uma criança brincando. Ficou muito melhor”
Jean Carlos Araújo passeava com o filho, que estava brincando no local onde os carros costumavam ficar estacionados. Ele também gostou das mudanças. “Melhorou bem. Tem que ficar assim mesmo, quanto menos perturbar melhor é. Praça desocupada, espaço para as crianças brincarem”.
“Ficou melhor, 100%. Lugar de carro é na garagem. Ou pagar um estacionamento, quem tem carro tem que ter condições de pagar um estacionamento, porque ali empata muito quando os carros ficam. Ficou bom demais, deixar a praça para as pessoas”, declarou Clarisse de Freitas.
Antônio preferiu dar uma sugestão, que ele acredita que colocaria fim no impasse. “O prefeito devia de liberar a rua ali perto da Catedral, para o povo colocar o carro. Não colocar na praça porque está estragando as pedras todas, você que nossa praça está toda esburacada. Não podemos ir contra o padre de jeito nenhum, ele está certo, o povo tem que ir à missa, porque eu também sou católico, mas acho que devia de fechar a rua para os carros estacionarem tudo ali, fechar o cruzamento até dar a volta por trás da Catedral, cabe carro à vontade. Porque fazer estacionamento na Praça, vai acabar com o resto”.
Uma outra pessoa que não quis se identificar também deu sua opinião: “Ficou melhor. Lugar para as crianças brincarem e correrem”.
NAS REDES SOCIAIS
O DIÁRIO DE CARATINGA lançou ontem duas enquetes nas redes sociais, questionando se os internautas concordam ou não com o estacionamento de veículos na Praça. Pelo Instagram, a maior parte do tempo a enquete permaneceu empatada. Até as 17h de ontem, 155 pessoas já haviam votado e o resultado foi: Sim (52%) e Não (48%). Já pelo Facebook, no mesmo horário já haviam sido computados 573 votos, sendo 445 para ‘sim’ e 128 para o ‘não’.
Uma internauta se posicionou da seguinte maneira: “Horário de missa ou outra coisa na igreja sim. Missa e casamento não passam de 1:30. Então, o carro fica pouco tempo, não atrapalha o pedestre”. Já outro declarou: “Lugar de estacionar carro é em estacionamento e não em calçada ou praça. Da mesma forma que eu passo ali às vezes e posso ser esbarrado por algum carro às vezes, as crianças também podem ser atingidas e talvez ter algum dano, pois essa praça fica lotada de criança nos fins de semana”.
BOX:
OPINIÃO DOS VEREADORES
Estacionamento Catedral – vereadores – Contra ou a favor do estacionamento?
Carlindo Isidoro – PT do B – Não foi localizado para falar
Cleider Costa – PSDB – CONTRA – “De acordo com a lei é proibido”.
Cleon Coelho – PMDB – A FAVOR – “Faltam lugares para se estacionar na cidade”.
Denis Gutemberg – PPS – A FAVOR – “Não é pneu de borracha com 30 libras que vai estragar o piso, a praça está toda danificada. Precisamos pensar nos deficientes e idosos que assistem à missa. A Copasa rasgou a praça de fora a fora e o Conselho não fez nada”.
Diego de Oliveira -PSD – CONTRA – “Sou a favor do interesse coletivo sobre o individual. Sou a favor do que estabelece a lei, que foi confirmada não só pelo Conselho do Patrimônio Cultural, em relação às regras de tombamento, como também da decisão da justiça”.
Johny Claudy –PMDB – A FAVOR – “Se tirar o estacionamento a lei deve ser cumprida para todas as coisas, em outras partes da praça as pedras estão soltas. Existem praças tombadas em Belo Horizonte, que permitem o estacionamento, acho que é preciso ter uma conversa”.
José Cordeiro – PTB – A FAVOR – “Sou a favor que seja feita a regulamentação do espaço para estacionamento. A lei fala que não pode estacionar em praça. É preciso um diálogo entre a prefeitura e a população para mudança de praça para estacionamento regulamentado”.
Mauro César – PDT- A FAVOR – “Automóvel não danifica nada. Existem partes da praça que não tem estacionamento e estão danificadas”.
Neuza Maria – PRB – Não foi localizada para falar
Paulo Barbosa – PP – A FAVOR – “A cidade não tem locais para estacionar, se estragar, conserta, o povo está prejudicado com a falta de estacionamento”.
Ricardo Gusmão – PT do B – A FAVOR – “Acho que deveriam olhar outros problemas mais sérios na praça, como a prostituição, por exemplo”.
Rômulo Fabrício – PMDB – A FAVOR – Existem muitos problemas na cidade com maior relevância para serem discutidos, do que a questão de se estacionar na catedral nos horários das missas. Por ser há mais de 30 anos um costume, deveria ser respeitado. Penso que não tem nenhum prejuízo pra cidade o estacionamento nos horários da missa. Sobre atrapalhar o piso, andei o jardim todo e vários locais onde não existe estacionamento, estão super danificados”.
Ronaldo de Carvalho – PSB – A FAVOR – “Pelo tempo que já se estaciona lá, há mais de 30 anos, acho que devemos respeitar as pessoas e permitir no horário da missa”.
Sebastião Guerra – PROS – A FAVOR – “O estacionamento ali não incomoda ninguém no dia das missas”
Valdeci Dionísio (Dete) PPS – Não foi localizado para falar
Valter Cardoso – DEM – A FAVOR
Welington Batista (Helinho) PSC – A FAVOR – “Em particular defendo a classe dos portadores de necessidades especiais e idosos”.