Alcides Leite de Mattos, secretário municipal de Agricultura, comenta ações desenvolvidas no incentivo ao produtor rural
CARATINGA- Para falar sobre a importância do café para a economia de Caratinga e as atividades que estão sendo desenvolvidas pela Secretaria de Agricultura, Abastecimento e Agronegócios, a reportagem conversou com o secretário responsável pela pasta, Alcides Leite de Mattos.
Segundo dados das secretarias de Agricultura, Abastecimento e Agronegócios e de Desenvolvimento Econômico, o café gera uma receita entre 400 e 500 milhões de reais no município. O que estes números representam para Caratinga?
Representam a produção do município, mas a região de influência de Caratinga é o dobro ou mais deste valor, que carreia bens materiais e serviços para o agronegócio e comercio de Caratinga.
Como a Secretaria de Agricultura vem trabalhando no incentivo ao pequeno produtor?
A Secretaria Municipal de Agricultura, orientada pelo Dr. Welington, nosso prefeito, trabalha em duas vertentes distintas. A primeira, na segurança alimentar, na cadeia da produção e disponibilidade de alimentos com centrais de abastecimentos públicos e privados, principalmente, no público como exemplificar o CeasaMinas e o Mercado Municipal.
No CeasaMinas, articulando politicamente para que os diretores das instituições invistam no centro de abastecimento, como está acontecendo no momento. No mercado municipal, articulando a reforma junto ao prefeito Dr. Welington e a Codemge, como aconteceu na primeira gestão de Dr. Welington e ainda articulando com associação dos feirantes em capacitação em parceria com CDL e organização do espaço interno.
A segunda vertente é com o agronegócio. Caratinga é grande produtora de café, leite, carne e madeira. Para o desenvolvimento da cadeia produtiva há necessidade de melhorar a infraestrutura da zona rural. Assim a secretaria de Agricultura no governo Dr. Welington preocupa diretamente com a produção e na infraestrutura com reforma de quase 150 pontes, considerando as passagens danificadas com as chuvas, instalações de tubos ármicos, para dar vazão em estradas de maior pesagem de transporte. A Secretaria age, transversalmente, junto com outras áreas. Com a Secretaria de Obras, na manutenção de estradas, articulamos com deputados para reerguer o pátio de máquinas, motoniveladora, retroescavadeiras, caminhões e escavadeiras para propiciar atendimento melhor nas estradas municipais. Articulamos junto ao prefeito Dr. Welington para incrementar ainda mais tais serviços em virtude da grande extensão do município. Ainda damos suporte à Secretaria de Educação com atendimentos as rotas escolares e colocação de 60 abrigos escolares na zona rural do município. Com a Secretaria de Desenvolvimento Social, contribuímos com belíssimo trabalho no Banco de Alimentos, na aquisição de alimentos das associações de agricultura familiar do município, com projetos da Conab, e entregando esses alimentos até 99 entidades filantrópicas. Com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico estamos iniciando um trabalho de gestão do novo parque de exposição que está com sua primeira etapa de reforma finalizada e iniciando a segunda etapa. Com a procuradoria geral do município criamos leis para o setor, aprimoramos outras e revogamos outra em desuso. Todas essas ações de forma direta e indireta atinge o produtor rural, no direito de comercializar melhor o seu produto, direito de ir e vir, acesso ao crédito rural, acesso a assistência técnica, políticas públicas e outras atividades do setor.
As estradas também são muito importantes para o escoamento da produção? Como tem sido o trabalho da Secretaria nesta questão?
A manutenção das estradas é competência da Secretaria de Obras, que tem zelado muito bem, na medida que temos quase 2.500 km de estradas vicinais dentro do município. Agora, as passagens, as reformas de pontes foram realizadas pela Secretaria de agricultura e estamos chegando à marca de 150 pontes. Um resultado incrível da equipe, nunca visto no município. Creio que ainda é pouco se olharmos pela competitividade que precisamos ter no Agronegócio e na produção de alimentos pela agricultura familiar, pelo menos o que está sendo possível para o momento. Dr. Welington nos cobra muito eficiência. Para que nosso produto seja mais competitivo que o de outras regiões, temos que avançar ainda muito na infraestrutura rural e estamos trabalhamos para isso. O prefeito tem projeto de substituir 20 pontes de madeira em tubos ármicos em breve nas estradas principais de escoamento de produtos agrícolas para avançarmos neste quesito.
Caratinga hoje conta com duas principais exportadoras de café. A Secretaria tem trabalhado para que esse número aumente para fortalecer a distribuição do insumo?
Infelizmente, já atraímos exportadoras de café e perdemos outras. A proximidade com Manhuaçu dificulta muito neste assunto. Lá são mais de 13 e, tradicionalmente, no passado, nós caratinguenses cochilamos nesta área de comercialização de café, porém fomos mais ousados na articulação do comércio de hortifrutigranjeiros com a instalação do Ceasa na década de 70.
Muitos produtores rurais têm relatado a dificuldade de encontrar mão de obra na região para trabalhar na colheita de café. Como produtor e secretário, como o senhor avalia essa dificuldade que tem sido encontrada?
É verdade. Está difícil mesmo e por motivos diversos. O primeiro, acredito eu, foi a exportação de mão de obra boa, competente e qualificada para os Estados Unidos, muita gente foi para América, bons de serviço. Outra justificativa é que os preços do café vêm aumentando significativamente o plantio de café, investimento com a lavoura de café, com alimentação do gado, mais silagens, tornando escassa a mão de obra. Outra que acho é a urbanização da mão de obra rural, onde muitos filhos de produtores rurais deixam o campo para os atrativos da urbanização. Temos de criar e fortalecer mais a Educação e o fomento ao “amor à terra”, ao agronegócio, agricultura familiar, para que as famílias desenvolvam a cultura do campo com sabor. Isso está acontecendo e pode amenizar essa evasão do campo. Vejo casas mais aparelhadas e confortáveis nas regiões mais distantes da sede como prenúncio que isso está mudando no campo.
Se tratando dos cafés especiais, como Caratinga e seus distritos têm se posicionado?
Os cafés especiais melhoraram muito em Caratinga e vão melhorar muito mais. Vejo um exemplo importante o trabalho que o Geraldo da Emater de Caratinga faz na região de incentivo à produção de cafés especiais. Fantástico! Outro exemplo é o trabalho do Samuel do Senar. Caratinga é a primeira cidade no interior com cursos de capacitação do Senar e os cursos de produção e qualidade do café são os mais procurados, tanto pelo homem do campo como pela mulher rural. E exemplificando também não posso esquecer de falar da boa gestão do Centro de Excelência do Café, com Zé Major, Luciano e o Ademar, que é sem dúvida um centro de difusão tecnológica, que ao longo dos 11 anos incentivou os cafeicultores da região de Santa Luzia a transformar suas propriedades rurais em centro de industrialização de cafés especiais, colocando Caratinga numa das regiões cafeeiras mais importantes de mundo, reconhecida por empresas de certificação internacionais e nacionais de dezenas de propriedades rurais.
Para finalizar, sobre o futuro do café, quais seriam os caminhos para garantir a melhoria da produtividade, além de potenciar a variedade e a qualidade do produto?
Futuro é muito positivo na minha visão. Como secretário municipal de Caratinga, acho o começo é o reconhecimento de novas regiões produtoras de Café no município, como a região do Volta Grande na cabeceira do Patrocínio e na Região alta do Suíço. São centenas de milhares de covas de café sendo plantadas na região, onde produzirá o novo eldorado agrícola de Caratinga, como Santa Luzia foi nos anos 80 e 90 em Caratinga. Segundo é o retorno de estruturas de base na educação e de tecnologia, como cursos superior em nossa cidade de ciências agrárias pela Unec, como também o laboratório de solos da instituição. A qualidade e quantidade de café também tende a crescer com aumento do crédito rural, atraindo além da Credcooper e Banco do Brasil, outros bancos como Bradesco, Caixa econômica e mais recentemente a Cresol. E vejo que já estão não só em Caratinga, mas, na região polarizada por nossa cidade, pequenas e médias indústrias exploram e potencializam a produção de café em pó, estamos crescendo de todos os lados e setores do agronegócio e da agricultura de alimentos. Caratinga não é mais uma promessa no setor. Caratinga é reconhecida no interior mineiro como polo agrícola de importância e no leste Mineiro específico com o mais importante, no entanto, que nas duas últimas gestões do governo mineiro, sentaram na cadeira de secretário estadual de Agricultura dois caratinguenses, Pedro Leitão no governo de Fernando Pimentel e Thales Fernandes do governo de Romeu Zema, evidenciando a força da nossa cidade e região no setor.