(Noé Neto)
Ninguém duvida que a escola é emaranhado de possibilidades quando a enxergamos pelos campos da vivência e da convivência, pois nesse mesmo espaço encontramos pessoas com idades, credos, raças, gêneros e opiniões diferentes e precisamos aprender a conviver com tais diferenças.
As vivências são individuais, ainda que diante da mesma situação, pois pessoas diferentes terão visões diferentes e maneiras diferentes de entender e aprender com fatos. Já a convivência é coletiva, por isso, geralmente é a parte mais complexa de ser trabalhada em ambientes diversos, entre eles, a escola.
Convivência requer respeito, voz, vez, diretos e deveres. O respeito as diferenças é o que permite as pessoas conviverem em sociedade, permitindo que o outro fale e ouvindo-o. Muitas vezes queremos o direito de falar, manifestar nossa opinião, mas não estamos dispostos a ouvir as vivências que são diferentes das nossas. Quase sempre exigimos nossa vez de agir, mas não paramos para aprender com a vez do próximo. Todos querem direitos, mas nem sempre deveres.
Conviver é fácil? Claro que não! Não é fácil em nossos lares, com as pessoas que amamos, quem dirá em ambientes onde temos pessoas desconhecidas, pelas quais as vezes não temos nenhum laço afetivo, ou pior, onde as vezes os laços são de desafetos, como ocorre no ambiente escolar nas relações: aluno x aluno, aluno x professor, professor x professor, diretor x aluno, diretor x professor, etc.
Não é fácil, mas é essencial. Essencial para o crescimento emocional e intelectual, para a formação cidadã, para o acumulo de vivências significativas. Eficaz para o combate a violência e a indisciplina. Imprescindível para a mudança que tanto desejamos em nosso país.
É quase unânime a opinião de que só a educação pode ser a salvadora desse náufrago país. Mas, qual educação? A de comandantes e comandados, control C control V cerebral, formadora de mão obra barata, que vem sendo feita a décadas ou uma educação democrática que consegue enxergar diretores, professores e alunos como sujeitos de direitos, que possuem suas vivências e necessitam de respeito na convivência?
A primeira forma já se mostrou falível, não deu certo. É uma forma de educar estática, inercial. O livro tem que ser vencido a qualquer custo, os resultados nas avaliações externas devem aumentar a qualquer custo e o custo é muito alto. Perdemos o respeito à convivência e passamos o tempo sem adquirir grandes vivências.
É hora de colocar a segunda forma em prática. A convivência democrática é dinâmica, requer força e movimento no sentido da mudança. Precisamos perder o medo de mudar, afinal se o conhecimento é dinâmico não justifica a educação ser estática.
Acredito e sempre acreditarei no poder transformador da educação, mas como bem destaca Miguel Arroyo, “o trabalho é transformador e deformador”. O trabalho da educação será transformador quando ela for vivenciada com respeito as diferenças e com convivência democrática, enquanto assim não for, estaremos mais deformando que transformando.
É hora de pensarmos em nossas ações como causadoras das reações!
Prof. Msc Noé Comemorável.
Escola “Prof. Jairo Grossi”
Centro Universitário de Caratinga – UNEC
Escola Estadual Princesa Isabel