A década de 80, sem dúvida, foi pródiga em craques espalhados por todo o futebol mundial. Cada time, fosse em nosso futebol amador regional, ou profissional de qualquer parte do mundo, cada equipe contava com pelo menos três ou quatro craques. Numa época que a palavra craque significava jogador fora de série, muito acima da média, capaz de fazer coisas fora do normal. Atualmente a palavra craque está banalizada. Qualquer jogador que faça meia dúzia de gols e dá alguns dribles é logo carimbado como craque. Foi no cenário recheado de jogadores fora de série que Éder surgiu.
Iniciou sua carreira no América-MG aos 14 anos de idade, destacando-se pelo seu forte chute do pé canhoto e pela habilidade de conseguir colocar a bola aonde quisesse. Estreou no profissional alviverde em 1976. Foi numa partida contra o Grêmio-RS, então comandado por Telê, que Éder começou a ser apontado como um dos mais certeiros batedores de falta do país. Telê não teve outra escolha a não ser pedir à diretoria do tricolor gaúcho que o levasse para o Sul o quanto antes. Em 1980 foi trocado pelo meia Paulo Isidoro que foi para o Grêmio e Éder chegou ao Atlético para se tornar ídolo. Em 1981, nos jogos preparatórios da Seleção, Éder foi um dos grandes destaques nas partidas contra a Inglaterra, a França e a Alemanha. Em 82, no Mundial na Espanha, a tristeza da derrota para a Itália foi compensada pelo ego vaidoso do ídolo mulherengo que recebeu 16 mil cartas femininas. Recebeu, em 1983, o prêmio Bola de Prata no campeonato brasileiro pela revista Placar.
Me lembro bem da estreia da seleção na Copa da Espanha diante da URSS (União Soviética) o jogo era muito difícil. A partida estava empatada, A dois minutos do apito final, enquanto o comentarista da TV Globo Márcio Guedes tentava justificar o empate, o Brasil atacava. Paulo Isidoro dominou na direita e tocou para o meio. O genial Falcão abriu as pernas, fazendo o corta-luz. Da meia-lua, Éder já dominou levantando a bola e, sem a deixar cair, emendou um petardo no contrapé do goleiro. Desaev teve a lucidez de notar que não havia nada a fazer.
Em 2015, Éder esteve em Caratinga para um jogo beneficente, antes da bola rolar, tive a oportunidade de uma entrevista bem legal para a TV Super Canal. Em campo, mesmo 20 anos depois de pendurar as chuteiras, o “Bomba” mostrou no estádio do Carmo a velha classe na batida da bola.
Mineiro: Agora é final
Domingo é dia de conhecer o campeão mineiro 2021. A lógica é apostar no título atleticano. Afinal, tem elenco melhor tecnicamente, mais opções de banco e jogadores decisivos. Porém, o América tem um time mais entrosado, seu treinador tem mais o time na mão. A vantagem alvinegra de poder empatar é considerável. Cabe ao Coelho aproveitar melhor as oportunidades e vencer o jogo para voltar a ser campeão depois de cinco anos.
Rogério Silva
@rogeriosilva89fm