O café na história de Caratinga

O café é uma bebida que caiu no gosto de grande parte da população mundial. Particularmente, nós brasileiros, amamos um cafezinho, seja qual for a hora e o local.

O café que possui sua origem no continente africano, acredita-se que passou a ser consumido, primeiramente, na Etiópia, foi se espalhando para vários países e sendo apreciado progressivamente pelos povos. Já os árabes tiveram um importante papel na sua difusão pelo mundo. O próprio nome dado ao fruto: café; é de origem árabe.

No Brasil, com a Proclamação da República, ocorrida em 1889, inaugura-se um novo tempo político. Neste período da história brasileira houve um acordo entre os políticos paulistas e mineiros para se revezarem na presidência do país. Os paulistas eram grandes produtores de café e os mineiros de destacavam na produção leiteira. Situação que motivou a existência de uma pertinente expressão popular que sintetizava os aspectos político da época, conhecida como a “política do café com leite”.

 

O mencionado período da nossa história política, sinalizou uma guinada na economia do país, o que acabou proporcionando, de forma mais brusca, a mudança da paisagem das terras paulistas e mineiras e por consequência as terras Caratinguenses. Vastas áreas foram desmatadas e passaram a servir de pastagem para o gado e por consequência a produção leiteira e tantas outras para a introdução da cultura cafeeira.

Já em meados do século XX a atividade cafeeira começou a ser praticada em Caratinga e com ela surgiram novos vetores sociais e de desenvolvimento econômico. Seguindo os padrões econômicos do período, foram implantados vários ramos da malha ferroviária, cortando o território nacional e estabelecendo ao longo do percurso estações ferroviárias. Uma dessas estações foi construída em Caratinga, o que colaborou em significativas mudanças na paisagem do município: notamos as mudanças proporcionadas nos trechos da construção da linha férrea; ajudou a fomentar a implantação das lavouras de café; bem como estimulou a existência de novas atividades econômicas e seus desdobramentos nas mais diversas formas de construções e urbanismo.

Neste contexto, em concomitância com crescimento das atividades cafeeiras, o setor de transporte é incorporado ao município, através da construção da conexão da malha ferroviária que interligou Caratinga a importantes cidades e centros econômicos, como Muriaé, Leopoldina, Juiz de Fora, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, entre outras. Foi durante o governo do prefeito Dr. Agenor Ludgero Alves, que em 27 de janeiro de 1927, foi assinado o contrato de construção do trecho ferroviário, no qual Caratinga foi contemplada.

Outro fator que merece destaque e que foi de suma importância para a produção cafeeira em Caratinga, na década de 1950, foi a instalação na cidade de um escritório do Instituto Brasileiro do Café (IBC). Das décadas de 1950 à 1980 Caratinga torna-se um polo das atividades cafeeiras da região leste do Estado de Minas Gerais.

Com a implantação das atividades ligadas à produção de café, algumas áreas até então destinadas à criação de gado, passaram a ser ocupadas pelas lavouras de café, bem como remanescentes de matas passaram ser desmatadas para a implantação das lavouras. Assim, gradativamente a paisagem de algumas partes do território do município se alteram devido aos cafezais implantados.

Todavia, a atividade cafeeira, como propulsora da economia do município, além das suas implicações na geografia local, mostrou-se uma atividade econômica que manteve a segregação social do município. Mesmo sendo uma atividade, que forte apelo econômico, ela não se mostrou eficaz no desenvolvimento de uma sociedade economicamente e culturalmente mais equilibrada. O que perpetua uma sociedade moldada pelos diversos problemas sociais, com requinte de coronelismo.

 

Walber Gonçalves de Souza é professor e escritor.

Uma resposta

  1. Parabéns, Weber! Mais uma vez tenho a oportunidade de aprender com você novos aspectos e abordagens sobre a cafeicultura regional. Obrigado!