COLUNA ABRINDO O JOGO

Espertos Futebol Clube

A ideia de que “o mundo é dos espertos” faz parte da formação cultural da nossa sociedade. Quando o assunto é futebol, tal afirmação é reforçada por muita gente que vê no mundo da bola, uma espécie de lugar onde “vale tudo pra vencer”. Infelizmente é um pensamento validado por muitas pessoas que no dia a dia, cobram postura ética e honestidade dos outros. Quando tal comportamento acontece num ambiente predominantemente adulto, confesso que fico incomodado, mas, como se trata de pessoas maduras, responsáveis pelos próprios atos, não consigo enxergar uma mudança. Só resta lamentar.

Porém, quando estamos num ambiente onde protagonistas são crianças de 11 e 13 anos, seres humanos em formação, cidadãos que teoricamente estão sendo educados para nos substituir nas diversas funções da sociedade como: Empresários, médicos, professores, policiais, jornalistas, mecânicos, vendedores e tantas outras, esperamos que o tal “O mundo é dos espertos” não faça parte da educação deles. Mas, infelizmente, não é o que temos visto. Recentemente, uma equipe inteira de Sub 13, foi “orientada a promover um cai-cai, simulando contusão para que o jogo fosse encerrado e o time se classificasse. Caso não fizessem isso, poderiam sofrer mais gols e perder a vaga na final. Os meninos foram ensinados a serem “espertos, malandros”.

 

 

Certo ou errado?

Como disse antes, num ambiente adulto, só com marmanjos que sabem o que estão fazendo, embora seja também um comportamento reprovável, consigo ficar menos incomodado. Afinal, não existe virgem na suruba né. Mas, quando se trata de crianças, precisamos fazer uma reflexão: Que tipo de educação, e exemplo estamos oferecendo aos adultos de amanhã?

Não tenho a menor pretensão de posar de paladino da moralidade, tampouco ensinar ninguém a educar seus próprios filhos. Até porque também sou um ser humano com muitos defeitos, falhas e nem sempre tenho atitudes que depois posso me orgulhar. Entretanto, sempre me preocupei em ensinar minhas filhas que o mundo não é dos espertos. Não dá para querer levar vantagem em tudo. Às vezes a gente ganha, outras a gente perde.

 

Nem todo mundo vai virar jogador

 

O que deve ser prioridade na base: revelar novos talentos ou ganhar títulos?

Essa pergunta poderia ser facilmente respondida, mas a verdade é que nem sempre uma equipe que conquiste tudo na base gerará grandes estrelas.  Nenhum curso acadêmico, em nenhuma faculdade no mundo, é tão concorrido quanto se tornar jogador profissional de grandes clubes. Por isso, mesmo que se tenha como objetivo conquistar títulos, o que é legítimo, não se pode abrir mão da formação do ser humano. A grande maioria desses meninos serão profissionais em outras áreas.

 

Rogério Silva

@rogeriosilva89fm

abrindoojogocaratinga@gmail.com