COLUNA ABRINDO O JOGO

ASBJ: Amor e títulos

        Bom Jesus do Galho fica a cerca de 25 KM de Caratinga. A aprazível cidade vizinha tem aproximadamente de 15 mil habitantes, segundo estimativa do IBGE. Elevado a distrito de Caratinga em 1877, tornou-se município em 31 de dezembro de 1943. Porém, sua ligação histórica com Caratinga segue forte ainda hoje. Quando o assunto é futebol não é diferente. Respeito, admiração, rivalidade e muitos craques construíram essa história.

Sempre que tenho a oportunidade de ir a Bom Jesus, trabalhar na cobertura de nosso Campeonato Regional, me chama a atenção a alegria das pessoas em relação ao futebol. Em dia de jogos a cidade amanhece colorida em verde, vermelho e branco, as cores da Associação Sportiva de Bom Jesus do Galho. O Lobo como é conhecido o time da cidade, é a paixão e o orgulho da grande maioria dos bonjesuenses. Não é pra menos, o tricolor sempre encarou de igual pra igual os grandes times de Caratinga, em vários momentos bateu os gigantes regionais e se desatacou no cenário do futebol amador mineiro.

Fundada em 17 de julho de 1931, a Associação Sportiva de Bom Jesus do Galho conquistou por cinco vezes o título mais importante do nosso futebol. A história da ASBJ se confunde com a história da tradicionalíssima família Tristão. Mário Tristão que dá nome ao estádio, chegou a Bom Jesus em 1927, vindo de Juiz de Fora, a convite do Dr. Mauro Lobo Martins, pai do ex-deputado Mauro Lobo. Ex-goleiro do Canto do Rio e do Bangu, Mário Tristão faleceu jovem aos 41 anos em consequência de febre amarela. Entretanto, o nome Tristão está umbilicalmente ligado a história do tricolor através dos craques, dirigentes, técnicos. Tudo começou com Mário Tristão, passando por Joel Tristão, Harlém, Juninho, Nardiello, mais recentemente Fabrício Tristão.

1974: Inicialmente não reconhecido oficialmente pela Liga Caratinguense de Desportos, esse título foi o primeiro da gloriosa história da ASBJ. Por conta da grande enchente que assolou Caratinga em 1973 e se repetiu em menor intensidade em 1974, a LCD decidiu não realizar o certame. Além disso, a Federação Mineira não autorizou a competição por conta de uma briga judicial entre Caratinga x América que se arrastava desde 1973. Porém, Eurico Gade vice-presidente da Liga, autorizou o lendário Cel Chiquinho a dar todo apoio para a realização de um Regional. Decidiu-se então por organizar um campeonato com duas chaves. Uma da cidade e outra de equipes da região e disputaram um Regional muito equilibrado. A decisão aconteceu em Santa Rita que tinha um timaço com jogadores como: Caparaó, Luzardo, Bebeto, e tantos outros craques. O último jogo ficou no zero a zero. Nas cobranças de pênaltis, meu amigo Kdner Valadares, um dos craques do time ficou com a responsabilidade da última cobrança. Com enorme frieza e categoria, rolou num canto enquanto o goleiro caia para o outro. ASBJ campeã 1974. Campeões: Nina, Nanico, Kdner, Fernando, Batista, Luiz Preto, Pedrinho Lucas (presidente), agachados: Gerino, Luizinho, Candeia, Tutuca, Carlinhos e Maranhão. Técnico Joel Tristão.

1977: Para muitos o título mais emblemático e difícil do Lobo. Se em 74 não se tinha os grande de Caratinga na disputa, dessa vez todos os gigantes estavam na briga pelo título. Depois de uma competição acirrada, com recursos e julgamento pelo JJD. O desenrolar do certame aconteceu somente em 1978. Esplanada e América fizeram uma semifinal disputadíssima. O placar de 1 a 1 deu vaga o Verdão campeão do 1º turno contra a ASBJ campeã do 2º turno. No dia 05 de março de 1978, Esplanada e ASBJ começaram a decidir o campeonato de 1977. Com arbitragem de Sodé, auxiliado por Zé de Aquino e Dejair Marcelino, o Lobo venceu por 2 a 0 gols de Tutuca e Zé Lúcio.

No domingo seguinte dia 12 de março, o Tricolor foi ao estádio do Carmo, a famosa Grota, que estava completamente lotada. Para ficar com o título bastava o empate ao Lobo, para forçar a terceira partida o Esplanada precisava vencer por qualquer placar. O gol de Cleber Barriga deu esperança ao torcedor alviverde, mas, Gonzaga empatou para a Associação. O árbitro Dejair Marcelino deixava o tempo correr, porém o Lobo segurou o empate mesmo com 18 minutos de acréscimo. Ao final, em plena Grota, o Lobo soltou o grito de campeão: Fernando, Carlinhos, Chico Branco, Serginho, Luiz Preto, Nardiello, Nina, Lalado, Manoel Norberto (presidente), Gerino, Vera, Zé Lúcio, Harlém, Tutuca, Ureca Gonzaga, Valtinho e Richardson, preparador físico.

Obs.: Kdner fazia parte do elenco, mas um mês antes da final quebrou o pé.

2010: O terceiro título da ASBJ foi conquistado no certame de 2010. Depois de uma campanha espetacular e um time muito forte comandado por Fabrício Tristão, o Lobo bateu o Juca Antônio por 3 a 1 no primeiro jogo e empatar o segundo em 0 a 0.

2011: O campeonato de 2011 foi um dos mais disputados da história, o tricolor que havia conquistado 2010, entrava como um dos favoritos. Mais uma vez montou um timaço. Porém, o Limoeiro também havia montado um timaço e queria o título. Ambos chegaram à decisão. Como já esperado, dois jogos muito equilibrados. O Lobo venceu o primeiro por 2 a 0. Na segunda partida o Limão Doido deu o troco e venceu por 2 a 1. Na decisão por pênaltis a ASBJ venceu por 4 a 2 e conquistou o tetracampeonato. ASBJ – Ricardo Baiano, Valtinho, Gamarra, Luiz Fernando e Magú; Esterfeson (Eder), Michel, Neguinho (Ratinho) e Leozinho; Nandão(Luiz Augusto) e Juninho. Técnico Fabrício Tristão.

2013: Em 2012 não tivemos Campeonato Regional, porém, em 2013 o Lobo manteve a hegemonia e montou um supertime. Dessa vez a final seria disputada contra o surpreendente UAI de Inhapim. Uma equipe jovem comandada pelo grande técnico Carlos Roberto Viggiano. No Mário Tristão lotado, o tricolor venceu por 1 a 0. No jogo da volta em Inhapim, o placar de zero a zero deu o 5º título ao Lobo de Bom Jesus.

Nas duas últimas edições do certame a ASBJ não esteve presente. Entretanto, a casa está sendo preparada para que o tricolor volte forte como exige sua história.

 

Rogério Silva

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