A BR-116 e sua relação com Caratinga

Transportar objetos e pessoas sempre foi um dos fatores que impulsionou o desenvolvimento das sociedades. Mas para que isso acontecesse, desde a era mais primitiva das comunidades, criar caminhos para interligarem os povos foi uma meta constante.

O desenvolvimento de tipos diversos de meios de transportes, bem como, seu constante processo de evolução e aperfeiçoamento, provocou a necessidade da criação de rotas de tráfego. Assim, nasceram as trilhas, as estradas de terra, as ferrovias, as hidrovias e rodovias.

Com o advento da industrialização, por muito tempo, as ferrovias se destacaram nesse quesito. No Brasil, principalmente por ser um transporte terrestre, interligou diversas cidades das regiões do país. Entretanto, por questões de políticas públicas que derivaram de novas ordens e demandas econômicas, cerca de 2.000 km de linhas férreas foram desativadas. E entre elas estava a estrada de Ferro Caratinga-Leopoldina.

Com a desativação das linhas férreas, um novo modal passa a ser implementando e fomentado no país. O transporte rodoviário ganha fôlego e avança. E com ele o surgimento de centenas de rodovias que passaram a cortar o território brasileiro. Dessas, duas se destacam, as rodovias: a BR-101 e a BR-116.

Considerada a maior rodovia do país, a BR-116, que possibilitou o transporte de cargas e passageiros do sul ao norte do país, passando por vários estados, corta o perímetro urbano de Caratinga. Um dos bairros da cidade, denominado Bairro dos Rodoviários, ganhou este nome justamente por concentrar um canteiro de obras para construção do trecho da rodovia na região de Caratinga, que teve seu início em 1941 e durou até 1944. Nos últimos anos, o bairro vem passando por uma profunda mudança em sua paisagem histórica, principalmente por abrigar repartições públicas das esferas estaduais e federais.

Em 1942, para atender as demandas da construção da rodovia, foi instalado na cidade um escritório do Departamento Nacional de Estradas e Rodovias (DNER). A rodovia é de responsabilidade do Governo Federal, na época da construção do trecho de Caratinga, o presidente era Getúlio Vargas.

Em 1941, ano do início das obras da rodovia, Caratinga passou por uma situação inusitada na política, aconteceram três trocas de prefeitos, Omar Coutinho, foi destituído do cargo e o médico Dr. José Celso Valadares Pinto, tomou posse, meses depois ele exonerou e foi substituído pelo Dr. José Augusto Ferreira Filho. Que em seu governo foi instalado o DNER.

A construção da BR-116, na cidade, fomentou o desenvolvimento socioeconômico do município. Definido como um dos atributos morfológicos-funcionais que colaboraram para que Caratinga, ao longo da sua histórica se tornasse uma cidade classificada como de porte médio e de influência microrregional. O que se verifica até os dias atuais, devido sua pujança econômica, social e política.

Um exemplo desse desenvolvimento econômico pode ser percebido pelo surgimento da Companhia São Geraldo de Viação. Uma empresa de ônibus, conhecida nacionalmente como São Geraldo, que foi fundada em Caratinga no ano de 1957. Na década de 1980, a sede da empresa transferiu-se para Belo Horizonte e parte dela, mas antes fruto de uma divisão, parte dela tornou-se a Viação Rio Doce, fundada no dia 1º de junho de 1978, por Dário da Anunciação Grossi, que anos mais tarde se tornaria prefeito de Caratinga.

Com o crescimento do tráfego do transporte público na região, a antiga rodoviária, localizada no centro da cidade, não suportava a demanda, assim, entre outras obras, é construída, no governo do prefeito Moacyr de Mattos, o Terminal Rodoviário Carlos Alberto de Mattos, a popular “rodoviária nova”. A obra foi inaugurada em junho de 1976.

Enfim, a BR-116 possibilitou que Caratinga entrasse em um outro patamar de desenvolvimento, e logicamente, trazendo consigo seus benefícios e malefícios, marcando, portanto, de forma significativa a história de Caratinga.

 

Walber Gonçalves de Souza é professor e escritor.