Professor Walber relembra o dia em que ouviu o alerta do corpo — e decidiu se reinventar correndo
CARATINGA – Entre uma gargalhada espontânea e outra reflexão séria sobre cuidado, saúde e propósito, o professor Walber Gonçalves esteve no DIÁRIO, para um bate-papo com a jornalista Nohemy Peixoto, que foi muito além da corrida.
Na conversa, descontraída e sincera, ele revisita a própria transformação — de um professor sedentário, sobrecarregado e quase à beira do esgotamento, para um corredor amador apaixonado pela liberdade de colocar o corpo em movimento.
Caratinga conhece o professor Walber mas, desta vez, ele veio falar de outra parte de si, o “atleta curioso”, como brincou logo no início da entrevista.
Do susto aos primeiros passos
A mudança não começou por acaso. Segundo Walber, foi o corpo que pediu. “O tempo vai passando e a gente vai sentindo que o corpo vai fazendo alguns pedidos”, admite. Dois sustos — exames desregulados e uma sensação crescente de angústia — fizeram o alerta soar. O médico, então, deu uma solução simples e quase poética: tomar água e fazer exercício físico.
“Olha que bênção de solução!”, brinca Walber.
Apesar da rotina de professor — que, segundo ele, “é muito mais sedentária do que parece” — e de uma vida emocionalmente pesada, a proposta fez sentido.
Foi assim que, no final de 2022, ele decidiu dar um voto de confiança ao próprio corpo. Começou caminhando todos os dias na Praça do Menino Maluquinho. Dezembro e janeiro foram meses de passos lentos e disciplinados. “Eu caminhava 5 km, 6 km, meia hora, quarenta minutos. Depois comecei a trotar”.
Da caminhada veio o trote. Do trote, a coragem de se inscrever em corridas. E, quando percebeu, estava gostando. E já chegava à Avenida Dário Grossi, conhecido ponto de encontro dos apaixonados por corrida.
Hoje, Walber corre com consistência. Já chegou a 12, 15 km, mas encontrou um ponto de equilíbrio: “Corro entre 5 e 10 km, duas vezes por semana. É respeitar o corpo. Eu não vivo como atleta profissional; sou cidadão comum”.
Essa consciência é parte fundamental do processo: correr para viver melhor, e não para se machucar.
Correr é para o corpo — mas muito mais para a alma
Se existe uma descoberta que virou chave para o professor, foi essa: a corrida faz mais pela cabeça do que pelo corpo. “Eu achava que correr era bom só para o físico. Ledo engano. Depois que eu passei a correr, o tanto que eu melhorei no humor, na disposição, na vontade de fazer as coisas… muito mais do que para o físico, ajuda a cabeça, a alma da gente”, disse
A corrida reorganizou emoções, abriu espaço interno, clareou a mente. Foi, de certa forma, um resgate. O esporte democrático que só exige uma coisa: vontade Walber explica que a corrida é simples — quase minimalista. “O seu horário é você que faz, o lugar é você que faz. Tênis, existem tênis que dá para começar aí, vamos colocar aí de R$ 300 a R$ 400 reais, e se quiser correr até descalço, dependendo do lugar, pode também, né? Roupa não precisa falar nada, uma camisa e um short. Então você praticamente não tem gasto nenhum. E lógico, depois se for pegando o gosto, né? Aí vai melhorando os equipamentos aí”.
O professor acrescenta que é a modalidade onde a liberdade lidera. “De manhã, de tarde, de noite, a hora que der. E mais, não precisa de ninguém, é só você. Você não precisa de ter um amigo, de ter um colega, nada. É um esporte que você, na hora que você quiser, você realiza. Eu acho isso bacana pra caramba”.
Um recado para quem está no sofá
Ao final, a jornalista Nohemy provoca: vamos deixar uma mensagem para quem está deitado esperando a vida passar?
Walber não pensa duas vezes. “Ou a gente gasta com saúde, ou gasta com doença. Se não preparar para uma velhice saudável, depois vai gastar com remédio. Então não perca tempo: cuide da saúde agora, porque é melhor do que cuidar da doença depois”.
A história de Walber é sobre corrida — mas também sobre coragem. Coragem de olhar para si, de admitir cansaços, de mudar hábitos, de recomeçar. Porque, no fim das contas, o professor que se tornou corredor prova o que muitos atletas amadores repetem por aí: A corrida não resolve tudo. Mas abre caminhos para que você resolva. E, às vezes, é só isso que se precisa para seguir em frente.










