Presidente da Abrasel destaca como comer fora é experiência emocional e parte essencial da vida social dos caratinguenses
CARATINGA- Em Caratinga, bares e restaurantes não são apenas lugares onde se come: são pontos de encontro, convivência e construção de identidade. É onde histórias começam, amizades se fortalecem e a cidade pulsa em seus sons, sabores e encontros.
Em uma edição dedicada ao bem-estar, conversar com Heryson Silva, presidente da regional Vale do Aço da Abrasel, é entender como a gastronomia influencia sentimentos, pertencimento e o humor coletivo. Ele explica por que comer fora é experiência emocional, como o setor movimenta a economia e de que forma fortalecer os negócios locais significa fortalecer toda a cidade.
Como bares e restaurantes contribuem para o bem-estar social e cultural da cidade?
Nossos estabelecimentos vão muito além de empresas. Eles são espaços de convivência, de troca e de construção de comunidade aqui na cidade. É onde as pessoas celebram conquistas, conversam sobre problemas, criam memórias e realizam negócios. Cada estabelecimento carrega um pedaço da identidade e das culturas de Caratinga. Além disso, todo o setor de alimentação movimenta a economia, gera empregos e, ao mesmo tempo, cumpre um papel social de estar presente no dia a dia das pessoas.
Comer fora é só consumo ou também experiência emocional?
Comer fora é, antes de tudo, uma experiência emocional. As pessoas não vão a um restaurante apenas para se alimentar; elas vão para se sentir bem. É conforto, afeto e descanso. Muitas vezes a comida servida é o de menos, o que mais marca é o cuidado, o ambiente, a sensação de acolhimento. Entregamos algo que vai muito além do que está no cardápio.
Em uma cidade do interior, o bar é quase uma “praça pública”?
Sem dúvida. No interior, o bar é o ponto de encontro das pessoas. Ali se conversa sobre política, futebol, negócios, família e onde se constroem relações. Em nossa cidade e em Minas Gerais, de forma cultural, o bar substitui a praça como espaço de convivência. É o lugar onde todo mundo se encontra e se diverte
Como a gastronomia promove pertencimento e identidade local?
A gastronomia tem um poder gigantesco de criar identidade. A comida de Caratinga fala sobre quem somos, nossas raízes, nossos hábitos e nosso jeito de viver. Quando alguém visita a cidade e prova nossos pratos, ali está um pedaço de nossa cultura. E quando os moradores valorizam esses sabores, reforçam o orgulho de pertencer ao lugar.
Quais desafios do setor interferem na qualidade de vida de quem trabalha nele?
O setor tem desafios importantes: carga horária intensa, trabalho aos finais de semana, pressão operacional, mão de obra difícil de qualificar e custos altos que nem sempre permitem equipes grandes. Isso tudo exige que os empresários invistam em gestão, processos e clima organizacional para garantir que os colaboradores tenham qualidade de vida. É um setor promissor, mas que demanda muito cuidado e atenção com as pessoas que o fazem acontecer.
A pandemia mudou nossa relação com sair para comer e se encontrar?
Mudou completamente. As pessoas passaram a valorizar muito mais o momento de estar fora de casa, compartilhar uma refeição e ter contato humano. Restaurantes deixaram de ser “uma opção” e passaram a ser vistos como lugares de refúgio social. E, ao mesmo tempo, o delivery cresceu e se profissionalizou, criando hábitos de consumo que permanecem até hoje. O setor se reinventou, e o público aprendeu a enxergá-lo com muito mais valor.
Como fortalecer a gastronomia local fortalece a cidade e o humor da população?
Quando a gastronomia local é forte, a cidade fica mais viva. Gera emprego, atrai visitantes, aumenta o fluxo nas ruas, traz sensação de segurança e cria orgulho. As pessoas gostam de viver em uma cidade que tem movimento, boas opções de lazer e gastronomia. Uma cidade com o nosso setor ativo é uma cidade com energia, com mais vida social. Isso melhora o humor das pessoas.
Eventos gastronômicos, festivais e refeições compartilhadas criam saúde social?
Com certeza. Eventos gastronômicos aproximam as pessoas, fortalecem laços, movimentam a economia e criam um clima de comunidade que faz bem para todo mundo. Comer junto é um dos atos sociais mais antigos da humanidade. Festivais e iniciativas coletivas reforçam a identidade da cidade, estimulam o encontro e reduzem o isolamento social tão falado atualmente com as redes sociais. Gastronomia é saúde emocional.
O que pode ajudar caratinga a ter mais movimento e convivência como outros polos gastronômicos?
Precisamos de três pilares: Incentivo ao empreendedor local, fortalecimento e união do setor e capacitações para empresários e colaboradores. Mobilização coletiva para promover eventos e criar um calendário e uma rota gastronômica da cidade. E uma política pública que entenda que nosso setor em todos os seus braços, são aliados do desenvolvimento econômico.
Caratinga tem potencial enorme para ser referência gastronômica em toda Minas Gerais, e estamos trabalhando para unir o setor, mostrar nossa força e transformar nossa gastronomia em um cartão-postal da cidade.
Qual recado você deixa sobre a importância de apoiar negócios locais para o bem-estar coletivo?
Quando você consome no comércio local, você fortalece empregos, famílias, histórias e sonhos da sua própria cidade. Apoiar nosso setor de alimentação em Caratinga é fortalecer a nossa economia, nossa cultura e nossa convivência. É investir no lugar onde vivemos. E, principalmente, é entender que cada negócio local é uma peça fundamental do bem-estar coletivo.









