A CHEFINHA DO TATAME

De projeto social à conquista de cinturões: atleta de Caratinga se destaca no Jiu-Jitsu

CARATINGA– A leveza no sorriso contrasta com a firmeza dos golpes. Aos 13 anos, Juliane Alves de Oliveira é chamada por todos de ‘Chefinha’ — apelido que ganhou ainda nos primeiros treinos e que hoje se tornou símbolo de liderança, garra e talento dentro e fora dos tatames. Moradora de Caratinga, a jovem é uma das revelações do jiu-jitsu na cidade, colecionando medalhas, cinturões e o reconhecimento de professores e colegas, graças a uma história marcada por dedicação e superação.

A caminhada de Juliane no esporte começou em setembro de 2023, no projeto social Cristo em Ação, voltado ao acolhimento de crianças e adolescentes por meio da prática esportiva. Foi ali que, sob os olhos atentos do professor Gabriel Pereira, ela passou a se destacar. “Meu professor me apelidou de Chefinha, porque antes, quando eu puxava o aquecimento no projeto, ele falava que eu carregava o treino. Aí veio o Chefinha”, relembra, com um brilho nos olhos.

A atleta e o professor Juliano Costa

Início com dúvidas, mas sem desistir

Como muitos atletas iniciantes, Juliane teve suas inseguranças no começo. Quando surgiu a oportunidade de competir pela primeira vez, no 4º Aberto de Jiu-Jitsu Cidade de Caratinga, hesitou. “Eu não queria ir, falei que não estava pronta. Aí o professor falou: vai sim, você tá pronta, dá pra você ir, você vai conseguir. É o que você faz mesmo no treino, você vai fazer lá”, conta.

Ela foi. E trouxe a medalha de segundo lugar, feito que considera o ponto de partida para uma jornada maior. “Foi bem importante pra mim, que é onde começou tudo que eu vou passar até chegar à faixa preta, que é o meu objetivo”,

Após o bom desempenho no campeonato, Juliane foi convidada a intensificar seus treinos na academia Black Norte, com o professor Tererê. Depois, passou a treinar também com o professor Juliano Costa, que a acompanha de perto até hoje. “Comecei a treinar no treino dos adultos e também no kids 3 com o Juliano. Fui participando de mais campeonatos, participei do Open Vale do Aço, consegui trazer o cinturão e a medalha de segundo lugar. Fiquei muito feliz”, conta, com humildade.

Treinar com os adultos, segundo ela, tem sido um desafio e um aprendizado constante. “Ah, é top, apanhar é bom também, aprender. Eles são muito legais, ensinam muita coisa. É legal”.

A atleta ainda destaca sua participação no Campeonato Brasileiro, uma experiência marcante. “Foi muito importante pra mim também, porque eu me diverti muito. Foi a primeira vez que eu fui a um lugar distante de Caratinga. Nunca pensei que isso fosse acontecer”.

Juliane não esconde o amor que sente pelo esporte e por tudo o que ele representa em sua vida. “É muito bom. Quando eu não venho no treino, fico até um pouquinho triste. No início, eu comecei só por passar o tempo, porque gostava de luta, mas nem pensaria que isso ia trazer tanto benefício pra mim”.

Ela faz questão de agradecer a todos que a apoiam. “Quero agradecer aos meus professores, o Juliano, o Tererê, o tio Gabriel, que me ajuda até hoje. Quero agradecer a equipe, que é muito legal, e a todos que compraram rifa para me ajudar a disputar o cinturão. Pretendo ficar no jiu-jitsu até morrer”.

Exemplo para outros jovens

O professor Juliano Costa, um dos principais incentivadores da atleta, ressalta o quanto Juliane é admirada por sua dedicação e persistência. “Falar da Juju é muito fácil. Ela é uma aluna muito dedicada, ciente do que quer alcançar. É um espelho para todos nós, tanto no adulto quanto no infantil. Treina até hoje no projeto Cristo em Ação, na unidade da Portelinha, e também aqui na academia. Está sempre nos treinos, é a primeira a chegar e a última a ir embora”.

Juliano destaca ainda que Juliane representa um exemplo real de como o esporte transforma vidas. “Ela tem um futuro imenso no jiu-jitsu e, com certeza, vai alcançar o objetivo dela, que é a tão sonhada faixa preta. E não está sozinha: muitos outros jovens como ela estão sendo lapidados no projeto e têm conquistado resultados incríveis”.

Mais do que medalhas: um caminho de transformação. Com apoio da comunidade, da família e dos professores, a Chefinha do jiu-jitsu segue firme na caminhada — com os pés no chão e os olhos na faixa preta.

Mais do que medalhas: um caminho de transformação

 

 

 

 

 

 

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Destaques da atleta Juliane “Chefinha”:

– Iniciou no jiu-jitsu em setembro de 2023

– Medalha de prata no 4º Aberto de Jiu-Jitsu Cidade de Caratinga

– Cinturão e prata no Open Vale do Aço

– Participação no Campeonato Brasileiro de Jiu-Jitsu

– Treina no projeto social Cristo em Ação e na academia Black Norte

– Treina com adultos e participa de turmas femininas

– Sonha em chegar à faixa preta e seguir no jiu-jitsu por toda a vida