*Mariana Souza Silva Bomfim
O câncer do colo do útero é uma doença de evolução lenta que acomete, sobretudo, mulheres acima dos 25 anos. O principal agente da enfermidade é papilomavírus humano (HPV), que pode infectar também os homens e estar associado ao surgimento do câncer de pênis. A prevenção e o diagnóstico precoce deste câncer foi um dos maiores sucessos da Oncologia do século 20.
A coleta periódica de material do colo para análise das células, exame conhecido como Papanicolaou, tornou a doença acontecimento raro entre as mulheres com acesso ao exame. No Brasil e em outros países com deficiências graves no sistema de saúde, a mortalidade por esse tipo de câncer associado à infecção pelo papilomavírus, chamado como (HPV) ainda é elevada.
Antes de tornar-se maligno, o que leva alguns anos, o tumor passa por uma fase de pré-malignidade, denominada NIC, que significa (neoplasia intraepitelial cervical), que pode ser classificada em graus I, II, III e IV de acordo com a gravidade do caso. Embora sua incidência esteja diminuindo, o câncer do colo do útero ainda está entre as enfermidades que mais atingem as mulheres e levam a óbito no Brasil.
Os dois tipos mais frequentes de tumor maligno de colo de útero estão associados à infecção pelo HPV. A infecção pelo HPV, responsável pelo aparecimento das verrugas genitais, representa o fator de maior risco para o surgimento do câncer de colo de útero. Apesar de existir mais de 100 subtipos diferentes desse vírus, somente alguns estão associados ao câncer de colo uterino.
Podem ser citados, ainda, como fatores de risco: o início precoce da atividade sexual; múltiplos parceiros sexuais ou parceiros com vida sexual promíscua (sem o uso da camisinha); a baixa da imunidade; o cigarro e as más condições de higiene.
Nas fases iniciais, o câncer de colo de útero é assintomático. Quando os sintomas aparecem, os mais importantes são: 1) sangramento vaginal especialmente depois das relações sexuais, no intervalo entre as menstruações ou após a menopausa; 2) corrimento vaginal de cor escura e com mau cheiro.
Nos estágios mais avançados da doença, outros sinais podem aparecer. Entre eles, vale destacar: 1) massa palpável no colo de útero; 2) hemorragias; 3) obstrução das vias urinárias e intestinos; 4) dores lombares e abdominais; 5) perda de apetite e de peso.
A avaliação ginecológica e o exame Papanicolaou realizados regularmente são recursos essenciais para o diagnóstico do câncer do colo deo útero. Na fase assintomática da enfermidade, o rastreamento realizado por meio do Papanicolaou permite detectar a existência de alterações celulares características da infecção pelo HPV ou a existência de lesões pré-malignas.
O diagnóstico definitivo, porém, depende do resultado da biópsia. Nos casos em que há sinais de malignidade, além de identificar o subtipo do vírus infectante, é preciso definir o tamanho do tumor, se está situado somente no colo uterino ou já invadiu outros órgãos e tecidos (presença de metástases).
Já existem duas marcas de vacinas aprovadas para prevenir a infecção por determinados subtipos do HPV, alguns deles responsáveis pela maioria dos casos de câncer de colo uterino. A vacinação é recomendada para meninas ainda na infância, em três doses, antes do início da atividade sexual. Como ainda não há vacinas contra todos os subtipos do vírus, que são muitos, mulheres já vacinadas devem continuar fazendo o exame preventivo de rastreamento, o Papanicolau, que é oferecido também pelo SUS nas Estratégias de Saúde da Família.
Parte das mulheres sexualmente ativas, que entra em contato com o HPV, pode debelar a infecção espontaneamente ou com tratamento médico pertinente. Caso isso não ocorra, o tratamento tem por objetivo a retirada ou destruição das lesões precursoras pré-malignas.
No entanto, uma vez confirmada à presença de tumores malignos, o procedimento deve levar em conta o estágio da doença, assim como as condições físicas da paciente, sua idade e o desejo de ter, ou não, filhos no futuro.
A cirurgia só deve ser indicada, quando o tumor está confinado no colo do útero. De acordo com a extensão e profundidade das lesões, ela pode ser mais conservadora ou promover a retirada total do útero (histerectomia).
Toda mulher precisa estar consciente de que o exame de Papanicolau realizado periodicamente representa uma estratégia de rastreamento do câncer de colo uterino e que pode salvar vidas. O uso da camisinha em todas as relações sexuais é um cuidado indispensável contra a infecção não só pelo HPV, mas também por outros agentes de doenças sexualmente transmissíveis.
Procure um posto de saúde mais próximo de sua casa e agende o seu exame preventivo. É muito importante cuidar da saúde.
*Mariana Souza Silva Bomfim é enfermeira, professora dos Cursos da Área de Saúde – Centro Universitário de Caratinga e Escola Técnica Professor Jairo Grossi.
-Mais informações sobre autor: http://lattes.cnpq.br/1212305552288792.