O primeiro presidente civil do Brasil
Nesta altura em que o cidadão brasileiro tem suas atenções voltadas para o segundo turno das eleições presidenciais, continuarei a relação dos presidentes. Um pouco como no futebol, todos os brasileiros têm a sua opinião, demonstrando que a democracia veio para ficar.
Prudente José de Moraes e Barros
Terceiro presidente da República Brasileira e também o primeiro presidente civil. Prudente de Moraes nasceu na cidade de Itu em 4 de outubro de 1841. Prudente descendia de uma das famílias colonizadoras da região de São Paulo. Seus pais José Marcelino de Barros e Catarina Maria de Moraes eram fazendeiros. Em 1844, com menos de três anos de idade, Prudente perdeu o pai, assassinado por um escravo quando estava viajando como tropeiro nas proximidades da cidade de São Paulo. Esta morte violenta de seu pai fez com que sua mãe se case com o viúvo Caetano José Gomes Carneiro. Prudente graduou-se em direito na Universidade de São Paulo com 22 anos e no mesmo ano, transferiu-se para Piracicaba, onde exerceu advocacia durante dois anos.
Prudente casou-se com Adelaide Benvinda. Após o casamento, regressa a Piracicaba. Prudente teve nove filhos com Adelaide. Além desses nove filhos, Prudente teve um filho fora do casamento na época em que era estudante de direito, ele se chamava José.
A sua vida política começou no Partido Liberal (PL), que era monarquista. Elegeu-se vereador em 1864, sendo o mais votado com 420 votos. Presidiu a Câmara Municipal de Piracicaba. Em 1877, no exercício de vereador, Prudente pede para ser votada na Câmara dos vereadores a mudança do nome da cidade, que na época chamava-se Vila Nova da Constituição, e passou a denominar-se Piracicaba.
Em 1873, transferiu-se para o Partido Republicano Paulista (PRP). Foi deputado provincial em São Paulo e deputado na Assembleia Geral do Império, defendendo a política republicana, o abolicionismo e o federalismo. Como deputado provincial trabalhou na complexa questão das divisas de São Paulo com Minas Gerais, tema no qual era especialista.
Quando a República foi proclamada, Prudente foi nomeado pelo Marechal Deodoro chefe da junta governativa de São Paulo e exerceu este cargo entre novembro e dezembro de 1889. Na sequência foi nomeado governador do estado de São Paulo, permanecendo na função durante um ano. Em seguida renuncia ao cargo para se tornar senador. Chegou a ser vice-presidente do Senado e presidindo a Assembleia Constituinte de 1890-1891. Elaborada a Constituição, disputou com Deodoro da Fonseca a presidência da República, sendo derrotado. Após esta derrota foi presidir o Senado.
Primeiro presidente do Brasil eleito pelo voto direto e o primeiro presidente civil do Brasil, Prudente teve 276.583 votos contra 38.291 de Afono Pena, seu principal competidor. Seu vice-presidente foi o médico Manuel Vitorino Pereira. Prudente de Morais representava a ascensão da oligarquia cafeicultora e dos políticos civis ao poder nacional, após um período de domínio do poder executivo por parte dos militares, no qual essa oligarquia mantinha-se dominando apenas o poder legislativo. Curioso foi o número de candidatos a esta eleição num total de 31.
Chegando a presidência da República consegue pacificar a Revolução Federalista no Rio Grande do Sul, assinando a paz com os rebeldes, que receberam anistia, demonstrando assim o seu poder diplomático interno.
Em 1896, enfrentou a questão diplomática envolvendo os ingleses, que acharam por bem tomar posse da Ilha da Trindade em 1895, e a revolta da Escola Militar. Fez então valer sua autoridade: fechou a escola e o clube militar. Em relação à tomada de posse da ilha de Trindade pelos ingleses, Prudente leva a melhor e ganha o embate diplomático.
Prudente será o primeiro presidente que terá uma linha de condução diplomática restabelecendo as relações com Portugal e assinando um Tratado de Amizade com o Japão que incitará a vinda da grande colônia japonesa para o Brasil.
Outra das suas vitórias diplomáticas para o Brasil foi a questão de limites com a Argentina, arbitrada pelo presidente norte-americano Grover Cleveland e na qual se destacou o representante brasileiro, o Barão do Rio Branco.
Mas pouco tempo depois enfrentaria um movimento rebelde ainda maior: a Guerra de Canudos no sertão baiano.
Uma cirurgia fará com que se afaste do poder entre 10 de novembro de 1896 e 4 de março de 1897, passando o cargo ao vice-presidente, o médico Manuel Vitorino Pereira. Nesta interinidade, Manuel Vitorino transferiu a sede do governo do Palácio Itamaraty para o Palácio do Catete.
Com a vitória dos amotinados de Antônio Conselheiro sobre várias expedições militares, a situação voltou a deteriorar-se. Prudente interrompeu então a convalescença e nomeou ministro da Guerra o general Carlos Machado Bittencourt, que liderou nova expedição e derrotou os rebeldes.
As divergências internas no PR Federal e a Guerra de Canudos desgastam o governo. Mesmo com a vitória das tropas do governo na guerra, os ânimos não se acalmam. Em 5 de novembro de 1897, durante uma cerimônia militar, sofreu um atentado contra a sua vida praticado por Marcellino Bispo de Mello; escapou ileso, mas o seu ministro da Guerra, Marechal Bittencourt, faleceu defendendo a vida de Prudente. O presidente decretou, então, estado de sítio para o Distrito Federal (Rio de Janeiro e Niterói) conseguindo assim livrar-se dos oposicionistas mais incômodos.
As dificuldades econômico-financeiras, herdadas da crise do encilhamento, acentuaram-se em sua administração, sobretudo devido aos gastos militares, aumentando as dívidas com os credores estrangeiros.
Com a assessoria de seus ministros da Fazenda, Rodrigues Alves e Bernardino de Campos, negociou com os banqueiros ingleses a consolidação da dívida externa, operação financeira que ficou conhecida como funding loan, base da política executada por Joaquim Murtinho nos quatro anos seguintes.
Prudente de Morais desfrutava de grande popularidade ao fim do mandato, em 15 de novembro de 1898, quando passou o cargo de presidente da República a Campos Sales e retirou-se para Piracicaba, onde exerceria a advocacia por alguns anos. Faleceu devido a uma tuberculose em 3 de dezembro de 1902.
Prudente de Morais foi enterrado no “Cemitério da Saudade”, localizado na cidade de Piracicaba.
João Abreu é natural de Angola, mas tem nacionalidade portuguesa. Ele reside em Caratinga e é empresário com formação em Marketing.
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