Belos tempos aqueles. Quando estudávamos as declinações da Língua Latina. Tínhamos aulas de Educação Moral e Cívica e cantávamos, sem aplausos, a obra prima do professor, crítico literário e ensaísta – Joaquim Osório Duque Estrada – o Hino Nacional Brasileiro. Tínhamos, na escola: Economia Doméstica, Educação Religiosa, Corte e Costura. E quanto sabor nas noções de culinária!
A televisão era uma janela, que era fechada quando levantávamos do sofá. Levantávamos? É …
O controle remoto não existia. E nós não perdíamos o controle.
As casas com eira e beira. E eu sem eira nem beira sobrevivi como muitos outros eus. Meu vizinho, meu parente mais próximo trazia até minha casa, às vezes, deliciosas guloseimas envolvidas em panos de prato, totalmente, artesanais.
As estações do ano traziam suas belas molduras para o nosso dia a dia. Setembro, mês das flores.
Acordei …
Não era um sonho, foi uma realidade de grandes escritores apossados de uma poderosa gramática interna. Moral, cívica, educação? Por que não aplaudir o Hino Nacional?
A palavra que motiva é: compre. Economia? Doméstica? Compre. Ligar-se novamente a Deus? Tempo curto demais! Cortar, costurar só no WhatsApp. Sentir o gosto do gosto é poesia distante. Conheci e conhecemos grandes armas, mas nenhuma com um potencial tão assassino como o controle remoto. Perdeu-se o controle. Continua-se sem eira e nem beira e não se sobrevive, apenas, não se vive!
Setembro, mês das flores, árvores e folhas queimadas.
Não são belos tempos, são bélicos tempos de constantes cinzas espalhadas entre nós.
Mirela Mendes
Professora de Língua Portuguesa da Escola “Professor Jairo Grossi”
Fundação Educacional de Caratinga