Costumamos dizer que as mães são anjos de Deus, na Terra! Faz sentido pensarmos assim, já que são elas que nos geram; que cuidam de nossas dores e de nossas feridas; que nos alimentam, nos ensinam a falar, a cantar e a rezar; que nos protegem e nos amam incondicionalmente.
Infelizmente, nem sempre as mães são respeitadas, são amadas. São comuns os casos de desrespeito às mães, aliás, costumam ser corriqueiros mesmo. Elas são desrespeitadas quando não são submetidas ao pré-natal adequado; quando lhes são negadas vagas nas maternidades; quando ganham seus filhos em casa, em carros ou em corredores de hospitais; quando não conseguem o necessário para tratar de suas crias; quando não lhes são oferecidas vagas em creches; quando têm de passar noites inteiras em filas, buscando vagas nas escolas ou atendimento médico para os filhos. Mães, às vezes, recebem o descaso e o desrespeito de seus próprios filhos…
Porém, mesmo com tantos dissabores, mães também recebem muitas alegrias e muitos louvores. São louvadas e andam nas nuvens quando seus filhos lhes pedem a bênção e quando estão felizes. Realizam-se através deles e adoram ouvir um “Eu te amo” sem qualquer outra intenção que não seja a de lhes demonstrar que são queridas, amadas.
Professores, também são anjos de Deus na Terra! Para cá foram enviados para ensinar, orientar, compartilhar conhecimentos, apoiar o aluno, do maternal ao doutorado, em sua caminhada pessoal e profissional.
Também, infelizmente, nem sempre os professores são respeitados. Aliás, cotidianamente são desrespeitados. Embora responsáveis pela formação inicial de todos os profissionais, os mestres que atuam no ensino básico recebem salários menores que os demais. E pior, costumam ser agredidos por alunos, por pais de alunos e, corriqueiramente, por políticos, numa demonstração de flagrante desrespeito a essa importantíssima e insubstituível atividade.
Todo mundo conhece os famosos episódios ocorridos em Minas Gerais e em São Paulo há alguns anos, quando as professoras foram ofendidas por seus respectivos governadores de estado com a famosa frase “vocês não ganham pouco, vocês são é mal casadas”. Recentemente, o governador do Paraná protagonizou um triste acontecimento, suficiente para macular, de vez, o seu currículo: determinou a repressão à manifestação dos professores, com truculência, deixando mais de duzentos profissionais da educação feridos. O governador não apenas implantou o terror em praça pública, mas expôs o PSDB ao ridículo, além de desenterrar Lula e o PT em defesa desses trabalhadores, escondidos que estavam por conta dos inúmeros escândalos dos últimos anos.
Nada justifica a repressão violenta a manifestantes. Nada justifica a repressão violenta a uma manifestação de professores, assim como nada justifica uma agressão a figura materna, devido ao respeito incondicional que essas pessoas merecem. Respeito conquistado pela dedicação, pelo esforço e pela dor por que passam, na difícil tarefa que desempenham.
Das múltiplas e diversas crises por que passa nossa sociedade, a mais grave, talvez, seja a crise derivada da falta de respeito, da falta do genuíno reconhecimento da importância da figura materna e da figura dos professores. À primeira, às vezes não lhe propiciamos condições de exercê-la de forma responsável e consciente, apta à transmissão dos mais elementares valores humanos; à segunda, rotineiramente não lhe propiciamos condições dignas de exercer seu mister, impedindo-a de transmitir os mais elementares valores sociais. Quando assim procedemos, condenamos ambas ao anonimato, à indiferença e ao esquecimento…
Mães são agentes do afeto, do carinho, do amor. Professores são agentes do saber, da transformação, do poder. Quem recebe as dádivas de uma mãe e os ensinamentos de um professor há de saber entender a importância destes dois seres. Os dois acolhem, recolhem, professam, se entregam…
Os dois merecem respeito. Tolo aquele que corre o risco de levantar a voz ou a mão para um desses anjos. Tolo e imprudente! Que de nós recebam, apenas, reconhecimento, gratidão, respeito, amor e louvores!
* Eugênio Maria Gomes é escritor e professor.