Dentre os assistidos pela instituição, está um bebê que precisa de cuidados especiais
CARATINGA – Para onze crianças, inclusive para um bebê de um ano e um mês, a Amac (Amigos dos Meninos Assistidos de Caratinga) é um verdadeiro lar, que como todos os demais necessita suprir as necessidades diárias como alimentação, medicamentos e outras despesas.
A Amac cuida de crianças que foram afastadas pela justiça por negligência ou denúncia em relação aos pais ou responsáveis. Segundo o presidente do abrigo Igor Bernhard, atualmente a situação está dentro do limite, “pois os funcionários estão com o pagamento em dia e os alimentos básicos não estão faltando, mas existem diversas coisas que também são essenciais e dependem de doações”.
Segundo Igor, a Amac não tem o dinheiro para pagar o salário que vence no próximo dia 5, e o repasse do convênio feito pela prefeitura de Caratinga está novamente atrasado. “O poder público municipal tem por obrigação ajudar no custeio, mas o valor repassado não cobre nem a folha salarial e atrasam muitos meses. Recentemente atrasaram oitos meses, pagaram uma parte, mas ainda estão em atraso”, disse Igor.
Atualmente o lar conta com nove funcionários, sendo cinco educadores que fazem o turno 12 por 36 horas, um psicólogo, uma assistente social, um coordenador e uma secretária.
A Amac praticamente sobrevive de doações para dar um bom atendimento às crianças. Para não passar necessidades, conforme Igor, a instituição precisaria ter uma renda mensal de R$ 15 mil, assim toda folha salarial seria paga, assim como os encargos. “São nove funcionárias porque é um serviço de 24h de atendimentos, e a folha está defasada”.
Para conseguir alimentos e medicações é mais fácil, pois a instituição recebe muitas doações, porém a carne é algo que falta constantemente.
CAMPANHA DE APADRINHAMENTO
No momento a Amac possui uma campanha de apadrinhamento, que são doadores mensais que ajudam a manter a instituição. Se alguém quiser ser padrinho ou madrinha para doações mensais basta entrar em contato pelo telefone 98837-4460. “Precisamos também de portas, cimento, areia, tijolo, vasos sanitários, de piso, banheiros, parte elétrica, e no terraço queremos fazer salas de atendimento para crianças de comunidade. Faremos salas de odontologia, computação, um salão de jogos e um refeitório porque temos servido refeições para crianças da comunidade”, informou Igor.
Mais um necessidade de urgência do lar é a reforma da quadra, que segundo Igor está em péssimo estado, precisando de reforma e cobertura, para que as crianças tenham suas atividades mesmo em tempo de muito sol ou chuva.
A Amac tem escolinha de futebol e deve implantar em breve a capoeira, o vôlei e a batucada. Existe também uma brinquedoteca, onde as crianças são orientadas por psicólogos. “Amac é um lar provisório, são acolhidos com uma casa, tentamos fazer o mais parecido de uma família, tem os quartos deles, recebem alimentação, fazem atividades de lazer, também vão para escola e Funcime (Fundação Cidade dos Meninos) e gostam de ir à igreja”, afirmou o presidente.
MATHEUZINHO
Outra grande responsabilidade administrada pela Amac é o cuidado com o pequeno Matheus Lucas Martins Batista, o “Matheuzinho”, de um ano e um mês, portador da síndrome de Moebius, um distúrbio neurológico extremamente raro. Decorre do desenvolvimento anormal dos nervos cranianos, a morte de várias células do cérebro que são as dos músculos e do rosto e por isso possui como principal característica a perda total ou parcial dos movimentos dos músculos da face, responsáveis pelas expressões e motricidade ocular. Essa síndrome não possui cura, seu tratamento tem como objetivo proporcionar maior qualidade de vida ao portador, inclui cirurgias corretivas (ortopedia e estrabismo), fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional.
A reportagem do DIÁRIO DE CARATINGA esteve na instituição e conversou com a técnica em enfermagem Lurdiene Campos de Oliveira, que faz parte da equipe do SAD (Serviço de Assistência Domiciliar) e cuida de Matheuzinho com muito amor e zelo.
Matheuzinho está na Amac desde o último 28 de maio, quando recebeu alta do Casu e possui quatro cuidadoras que se revezam em escalas de 12 por 36 horas. O pequeno tem suas irmãs assistidas pelo Lar das Meninas e um irmão na Amac.
O menino precisa de vários cuidados especiais para ter melhor qualidade de vida, às vezes precisa respirar com ajuda de oxigênio e a alimentação é feita por uma sonda.
As maiores necessidades de Matheuzinho atualmente são as sondas, os leite Aptamil e Nutri 1, sabonetes, hidratantes e shampoo. Além disso, as roupas dele são lavadas separadamente com sabão em pó Coquel e amaciante Comfort, produtos que também estão acabando.
Como Matheuzinho tem uma rotina que precisa ser seguida, ele também tem que tomar banho de sol todos os dias, mas a área da Amac precisa de piso, pois tem muita poeira e ele tem dificuldades respiratórias.
A direção da Amac espera que a solidariedade da população, obviamente junto de ações do poder público, possa ajudar a dar melhores condições de vida não só para Matheuzinho, como para os demais assistidos.