* Ricardo Luis Aguiar Assis
Na adolescência mudanças relacionadas ao ambiente social, aos emocionais, e cognitivos sofrem alterações correlacionadas com a maturação do sistema nervoso central. Estes processos ocorrem com maior grau e amplitude nesta etapa da vida. A modulação das informações sociais que envolvem áreas emotivas e abstratas é amplamente alterada.
A adolescência é a fase do desenvolvimento humano definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) compreendendo dos 10 aos 19 anos. Embora os aspectos biológicos da adolescência, relacionados à puberdade sejam universais para nossa espécie, variações culturais, históricas, implicam em diferenças maturativas em relação à duração desta fase do desenvolvimento. É um período frequentemente associado ao aumento na incidência de comportamento de risco, definido como ações ou atitudes que aumentam a exposição do indivíduo a consequências negativas em curto, médio, ou em longo prazo e podem prejudicar diferentes aspectos do funcionamento psicossocial tanto na adolescência como em etapas futuras da vida.
Estudos recentes sobre o neurodesenvolvimento humano da adolescência apontam a idade mais vulnerável para comportamento de risco, como gravidez não planejada, engajamento com álcool e drogas, o período final da adolescência para a idade adulta, entre 17 aos 25 anos.
A idade maturativa do controle sobre comportamentos de risco relacionados aos adolescentes brasileiros que seria pela OMS aos 19 anos não corresponde a realidade de desenvolvimento humano do sistema nervoso correlacionado ao direcionamento de comportamentos conscientes que levem a maiores risco de perdas psicossociais aos adolescentes, mas sim corresponde ao período de maior vulnerabilidade para problemas com agressividade, violência, acidentes com automóveis.
Desta forma os cuidados psicossociais com o desenvolvimento da adolescência não é diretamente relacionado a idade, mas sim ao sistema maturativo do individuo que precisa ser estimulado adequadamente desde o âmbito familiar, educacional e social, para que os adolescentes brasileiros durante o período de maior vulnerabilidade social não sofram perdas que os prejudiquem no presente na vida adulta futura.
*Ricardo Luis Aguiar Assis, Professor do Curso de Psicologia do Centro Universitário de Caratinga.
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