Em uma bela manhã de setembro, início da primavera, um dos períodos mais bonitos do ano, um jovem rapaz morador de uma pacata cidade do interior de Minas Gerais se anima pelo fato de poder passear pela praça de sua cidade com seu cachorro de estimação e usufruir a bela manhã que o espera, florida, com clima ameno e pessoas desfilando bons modos e cordialidades.
E, assim, o jovem rapaz tomou seu café, cuidou de algumas necessidades básicas suas e, claro, providenciou as do Rex: coleira, pá e sacola…
Uma bela manhã de domingo, com muitas pessoas na praça… Gente de todas as idades: idosos, crianças, jovens, adolescentes… Podiam-se perceber, também, algumas famílias nucleares, com os pais e seus filhos, casais sem filhos e, até mesmo, casais homoafetivos, alguns desses casais com filhos… Todos prestigiando a bela manhã de domingo… A bela manhã de setembro… O maravilhoso início da primavera!
As ruas limpas, as lixeiras a postos, as flores verdes, um baixo fluxo de carros no trânsito, muitos cachorros com seus donos, pessoas de diferentes classes sociais, credos e etnias, interagindo e usufruindo do mesmo habitat… Esse era o cenário que Rex e seu dono aproveitavam naquela bela manhã.
E, a cada volta dada no quarteirão que cercava a praça central, o jovem rapaz se divertia e interagia com alguns conhecidos, vizinhos e pessoas que, assim como ele, ali estavam ora para passear com os cachorros, ora para namorar ou, simplesmente, para aproveitar a oportunidade de uma boa prosa.
Naquela manhã o jovem pôde perceber várias situações ao seu redor e, para sua grata surpresa, seu passeio foi marcado positivamente. Foi possível perceber novas maneiras e costumes das pessoas, muitos valores, mais conscientização, humanização e sustentabilidade ambiental.
Era impressionante como as pessoas daquela cidade se importavam com o meio ambiente, cientes de que o cuidado em manter as ruas limpas, evitar ao máximo levar sacolas plásticas dos supermercados, proteger e cuidar das flores e árvores, diminuir a dependência e o uso compulsivos dos automóveis, possibilitar rotação de placas para evitar o congestionamento e a poluição ambiental, era essencial para o futuro do planeta, para as gerações futuras e para a própria existência da raça humana.
Também era notável o modo como as pessoas se tratavam com respeito mútuo, como eram livres de preconceitos e discriminações… Bonito ver a atenção dada aos idosos, o respeito às preferências nas filas e aos assentos reservados nos ônibus… Bacana ver os casais namorando… As famílias, tanto as tradicionais quanto as modernas, compartilhando o mesmo espaço…
O jovem pôde perceber, também, um ambiente onde os direitos humanos eram efetivados, onde os direitos políticos, civis, culturais e sociais, ao lazer e ao desenvolvimento eram condutas normais entre as pessoas… Ali sim, era um lugar bom para se viver.
E aquela maravilhosa manhã de domingo, início da primavera, não custou absolutamente nada ao rapaz e ao seu fiel cachorro Rex… Isso sim é que era vida!
O mais impressionante, porém, estava por vir: no retorno para casa o rapaz sentiu a coleira do seu cachorro sendo puxada para cima…
Rex começou a alçar voo enquanto o rapaz ouvia vozes do além: “Acorda… Acorda… São sete e meia!”…
Alegria de pobre dura pouco mesmo. Bob foi acordado por sua mãe, atrasado que estava para a primeira aula, em plena segunda-feira do mês de junho…
* Caio César de Farias Gomes é Psicólogo com Especialização em Saúde Mental, Especialista em Psicologia do Trânsito, é Professor e coordenador do Curso de Segurança do Trânsito do Centro Universitário de Caratinga.