Margareth Maciel de Almeida Santos
Advogada e doutoranda em Ciências Sociais.
Pesquisadora CNPQ/IUPERJ
Jair Bolsonaro, após ser eleito democraticamente, presidente do Brasil em 2018, declarou: “Como defensor da liberdade vou guiar um governo que defenda e proteja os direitos do cidadão que cumpre seus deveres e respeita a lei. Elas são para todos porque assim será o nosso governo: constitucional e democrático”.
O discurso após eleito, foi diverso do que se viu em sua campanha quando usou técnicas de transgressão nos seus ataques verbais a feministas e gays. No entanto, nada disso importou, aos adeptos de Jair Bolsonaro quando a esquerda, o PT, o caracterizava por meio de seu discurso de racista, homofóbico, machista e até fascista. Bolsonaro se tornou um fenômeno, pois o que impressionou os seus eleitores foi esse personagem com experiência política, mas foi valorizado o fato de que ele nunca apareceu em escândalos de corrupção. Além do mais seus eleitores se identificaram com os slogans de segurança quando foram expressos na campanha do presidente eleito: “penas muito longas”, “morte aos bandidos”. A população brasileira não aguenta mais aos ataques de violência vivenciados a todo momento e assim disse BASTA!
Apesar de que a esquerda revelava e ainda revela que o candidato Bolsonaro por apresentar traços autoritários, representa riscos à democracia, podemos perceber por meio de seu discurso após eleito, que isso parece não conduzir a essa realidade apresentada pelo Partido dos Trabalhadores. Vimos que suas entrevistas no período da eleição não caberiam a um político comprometido com o regime democrático, mas essa retórica usada por Bolsonaro, apresentava, na realidade que qualquer tentativa de ruptura de um algum princípio democrático e constitucional vindo de onde venha seria rechaçado pelas instituições que são muito sólidas aqui em nosso país e que não tolerariam qualquer tipo de agressão à constitucionalidade.
Ouvi em um dos discursos do ex-presidente Lula a alegação de que não existe democracia no Brasil. Como assim? O problema é que ele não reconhece a justiça como também não reconheceu os julgamentos do judiciário. Tenho vários grupos no WhatsApp tanto da esquerda como da direita, e por meio de suas postagens percebo que a esquerda não aceitou a soberania popular e que Jair Bolsonaro foi eleito democraticamente. Será que eles desejam é uma contestação à ordem social e política estabelecida à moral e bons costumes além de dizerem que estamos vivendo uma “guerra cultural”?
Por um lado, eu penso que a esquerda exige que a direita que elegeu Bolsonaro deverá entender que o terreno em que se desenvolve a guerra cultural é, sobretudo, o de comportamentos, as percepções sobre a realidade e que a hegemonia não pode ser garantida por meio de instrumentos coercitivos, mas à hora é de avaliar os desafios que se dão na cultura política e nos hábitos sociais. Não se pode fazer guerra ao mesmo tempo em que se declara a paz. Para isso é necessário ganhar ideias que não são associadas a hostilidade, e fazer as coisas do bem em todos os setores do governo de Bolsonaro, para que se produzam resultados positivos que se manifestam na vida cotidiana de nosso povo sofrido marcado pelas profundas desigualdades econômicas e sociais.
Pode se questionar se a eleição de Jair Bolsonaro (PSL) para a Presidência da República marca a ruptura do governo petista e a ascensão do poder de uma direita conservadora nos costumes, num fenômeno que tem potencial para mudar profundamente o rumo político e social do Brasil?
No entanto diante da esperança de mudança dos eleitores de Bolsonaro é imprescindível que esteja à frente das decisões do presidente eleito uma consciência de que em nosso país existem profundos contrastes sociais e diversidade cultural, como também garantir as liberdades individuais e coletivas.
Paz e Bem!